Com o intuito de contribuir para a resolução deste e de outros entraves enfrentados por estas mulheres, a aceleradora de negócios de tecnologia liderados por mães B2Mamy deu início à expansão nacional e internacional de seus hubs físicos e passa a financiar as startups que desenvolve através de uma parceria com a o hub de investimento Wishe Women Capital, planos anunciados com exclusividade para esta coluna.
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“Com a digitalização de nossos produtos presenciais, começamos a conhecer as necessidades de mulheres do mundo inteiro e perceber que elas precisavam de um espaço físico para empreender. Isso nos fez perceber que precisávamos ter mais casas e pensar em como fazer isso na contramão das tendências, com empresas fechando os escritórios e receosas com a interação física por conta do coronavírus”, conta a empreendedora. “Precisávamos olhar de forma mais corajosa para este lugar.”
Como parte do processo de validação, a B2Mamy fez um chamado online, para identificar líderes que estivessem interessadas em franquear o modelo da casa, e recebeu o interesse de mais de 100 mulheres em menos de 24 horas. Destas, 20 passaram para um estágio posterior de negociação, que culminou na escolha das cinco localidades para a fase inicial de expansão: Salvador, Recife, Porto Alegre, Campinas e Portugal. O objetivo é ter uma rede de 12 casas até o final de 2022, com 1 milhão de mulheres impactadas mensalmente.
A forma como a B2Mamy entrará nas cidades varia. Em localidades como Porto Alegre, onde a casa será liderada pela empreendedora Mari Hagel, a B2Mamy terá um espaço próprio e trabalhará em proximidade com players relevantes do ecossistema local de inovação, como a Casa das Caldeiras. Em outros locais, a expansão segue o modelo denominado “orange flag”, em que a B2Mamy estabelece sua presença em um espaço já existente – a capital soteropolitana é um exemplo, na parceria com o Hub Salvador. Em Recife, negociações estão em curso com o Porto Digital, parque de novação tecnológica da cidade.
No que diz respeito à expansão internacional, a B2Mamy notou que há uma grande demanda reprimida por modelos que organizem a capacitação e a rede de empreendedorismo materno fora do Brasil. “A gente percebe que [mães empreendem] começando mais pela economia tradicional do que pela economia digital. Em nossas tratativas com pessoas de Portugal, percebemos uma urgência maior por modelos como a B2Mamy do que por aqui”, ressalta Dani, que também deve investigar possibilidades na África, em parceria com a empreendedora Sauanne Bispo, em países de língua portuguesa como Angola e Moçambique.
Para liderar a expansão via franquias, a B2Mamy contratou a ITM Consultoria. O custo inicial para replicar uma Casa B2Mamy é de R$ 300 mil, que compreende aluguel de um ano (período em que se espera que a casa atinja o break-even, ou seja, não dá lucro nem prejuízo), desenho básico de mobiliário e a infraestrutura e suporte da “nave-mãe”, incluindo os programas de capacitação e conexão da B2Mamy, que acontecerão de forma híbrida. A empreendedora entra com um time mínimo de quatro pessoas. O investimento de capital é feito através de campanhas de equity crowdfunding, rodadas de investimento coletivo conduzidas pelo fundo Wishe.
“O dinheiro não vai vir da mulher que vai liderar [a franquia]: quem vai pagar esse movimento, tanto em relação ao royalty da marca para nós quanto botar a casa de pé fisicamente, é a própria comunidade, assim como fizemos com a B2Mamy. A ideia não é fazer com que uma pessoa só se arrisque e nós não. Vamos levantar [estes financiamentos] juntas”, explica a empreendedora.
“De um lado, a gente quer pessoas físicas investindo mais em startups, mostrando esse caminho através da plataforma da Wishe, e de outro temos a capacitação de startups fundadas por mulheres que impactam a sociedade de forma muito poderosa”, diz ela, referindo-se a fintechs focadas no público feminino como a Her Money e a Feel, empresa de sexual wellness, ambas aceleradas pela B2Mamy e parte de um grupo de seis empresas para as quais a aceleradora vai levantar uma rodada de R$ 2,5 milhões, aberta para investimentos pelos próximos 90 dias.
Além de pessoas físicas, a B2Mamy quer atrair investidores como grandes empresas, fundos de venture capital e family offices na modalidade de match crowdfunding, na qual o parceiro dobra a captação cada vez que o objetivo de arrecadação for atingido.
“Cada um vai ter sua motivação: [grandes empresas] falam de inovação aberta e fundos querem diversificar o dealflow, e todos estes atores têm olhado mais para a diversidade de gênero. É uma forma de acelerar o avanço nessa pauta para todos os envolvidos”, aponta Dani, que vê no modelo uma alavanca importante para chegar a um portfólio de 50 startups lideradas por mães até o ano que vem.
Pensando no crescimento da B2Mamy – que em 2020 chegou a R$ 2,5 milhões em receita, valor que deve dobrar em 20201 com a expansão – e nos planos, a CEO diz que é movida por propósito, mesmo enfrentando uma série de desafios diários em relação ao cuidado do filho e o trabalho, especialmente durante a pandemia. “Sou igual a todas as mulheres que largam as mãos dos filhos, ainda muito pequenos, para movimentar a economia do país. Mas vale a pena: como líder, eu me sinto infinita.”
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação e comentarista com duas décadas de atuação em redações nacionais e internacionais. Colabora para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros. Escreve para a Forbes Tech às quintas-feiras
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