Da saúde aos games: sete setores que serão revolucionados pelo 5G

5 de novembro de 2021

Na indústria da saúde, a baixa latência permitirá precisão e segurança em cirurgias remotas (Crédito: Getty Images)

Um impacto de US$ 86 bilhões no PIB global de serviços financeiros até 2030, de acordo com a consultoria PwC. Ou um impacto no PIB brasileiro na casa de US$ 1,2 trilhão, segundo uma estimativa recente do CEO da Nokia. As cifras sobre o que o 5G pode trazer de receitas em vários mercados são diversas . De fato, a partir de agora, e após o leilão ocorrido nesta quinta-feira, 4, que teve Claro, TIM e Vivo como protagonistas, várias indústrias iniciam, de fato, uma verdadeira revolução. A Forbes Brasil consultou especialistas em sete segmentos para mapear o que pode ocorrer em um contexto de consolidação do 5G.

Educação: edtechs como ferramenta de transformação
Mais de US$ 350 bilhões até 2025, essa é uma, de várias cifras que ilustram o tamanho do ecossistema de edtechs, startups voltadas à educação, pelo mundo. Neste segmento, como explica Daniel Pedrino, presidente da Faculdade Descomplica, o poder de transformação social será potencializado por uma realidade digital ainda mais consistente. “A educação digital tende a ser a maior ferramenta de rápida transformação do Brasil e, de longe, a maior barreira é a acessibilidade digital. Conseguir expandir o acesso à internet (rápida) é um dos maiores impulsos que a educação digital precisa para penetrar em todos os cantos do Brasil. Estamos diante de um dos maiores marcos de expansão e rápida transformação do setor, com a ampliação do 5G”, explica.

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Saúde: precisão e intolerância ao erro
No setor da saúde, o erro não é tolerável porque pode significar uma vida. A diferença entre milésimos de segundos pode determinar o futuro de uma pessoa. Neste contexto, como explica Lucas Arthur de Souza, cofundador da healthtec Telavita, a entrega de saúde no ambiente digital tem pouca margem para erros. “O aumento da largura da banda e baixa latência da conexão 5G irão permitir maiores resoluções de imagem e vídeo ampliando a qualidade e o valor entregue em interações virtuais na área da saúde. Estes e outros atributos do 5G permitirão conexões estáveis e precisas com wearables, monitoramento contínuo, transferência de arquivos médicos e até intervenções cirúrgicas a distância. Isso não só reduz a necessidade de estar presente em um centro médico, quando desnecessário ou não seguro, mas também beneficiará aqueles que não possuem fácil acesso ao local de atendimento”, analisa Lucas.

Marketing: análise de dados e maior proximidade com o consumidor
A revolução vivida pelo marketing passa, sobretudo, pela proximidade cada vez maior das marcas com os consumidores por meio de dados. E é aqui que está o ponto de virada de uma nova revolução. A capacidade de processar e analisar um número cada vez maior de informações fará com que customização em escala faça cada vez mais sentido. De acordo com Hugo Tadeu, professor de inovação da FDC, no marketing, a chegada do 5G sugere um amplo impacto nas análises de dados de clientes, perfil de consumo e adoção de técnicas como análises de dados. “Será possível acessar uma maior base de dados, obviamente, respeitando questões legais e de propriedade intelectual, gerando insights importantes sobre demandas de mercado e até mesmo antecipando tendências de negócio”, explica Hugo.

Games: jogos cada vez mais imersivos
Dos US$ 200 bilhões que a indústria de games deve movimentar globalmente até 2030, grande parte já é fruto das tecnologias imersivas, equipamentos de VR, por exemplo, que, apesar de ainda não serem utilizados em escala, tornam-se elementos cada vez mais importante para a nova forma de se entreter que vem se desenhando. Rodrigo Terra, presidente da Abragames, explica que a baixa latência, ou seja, a quase inexistência de atraso entre um comando dentro de um jogo, por exemplo, implica principalmente para jogos online. Aqueles em que jogadores de várias partes do mundo competem entre si. “Sempre tivemos a dependência de servidores locais e, com uma tecnologia mais uniforme de banda o cenário competitivo começa a ser equalizado. Isso também impacta nas experiências de streamers que passa a ser mais fluida e representa aumento relevante de performance”, diz Terra.

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Negócios: conexões em escala
O mundo dos negócios vive de relacionamento e conexões. E agora, com um contexto híbrido, a tecnologia potencializa o alcance das relações. “Se hoje nós temos o mundo das pessoas, a quinta geração de dados, devido a sua característica de maior capacidade e velocidade de informação e menor latência, possibilitará um fluxo muito maior entre esses mundos, gerando uma conexão mais profunda e interligando tudo. No mundo dos negócios trará um crescimento exponencial, pois abrirá um enorme leque de incremento de produtos e serviços que antes eram impensáveis, principalmente no que diz respeito à realidade virtual e realidade aumentada. Será uma nova experiência e afetará todos os ramos da economia”, afirma Giulio Salomone, head de telecom da Capgemini.

Finanças: um boost nos pagamentos digitais
Somente a indústria financeira deve movimentar mais de US$ 80 bilhões em função do 5G e isso tem uma relação direta com a experiência dos clientes. Como explica Gaspar Lins, CTO da fintech Digio. “O advento do 5G poderá acelerar muitos processos de onboarding de clientes bem como as demais experiência de transações financeiras nos aplicativos. Ao mesmo tempo irá dar um boost nos pagamentos digitais, também seremos capazes de melhorar índices de fraude, consultando múltiplas bases em tempo real em uma velocidade extraordinária. A opção mais rápida também possibilita que as operadoras ofereçam mais produtos, inclusive conectividades 4G e 3G com preços mais acessíveis para uma base maior de brasileiros. Dessa forma, o acesso mobile ganha ainda mais força no nosso país”, explica Lins.

Indústria: automação sem cabos e fios
De acordo com Ronald Delfino, gerente executivo de operações e transformação digital na Nestlé Brasil, o 5G vai ter uma contribuição muito grande para a indústria. “Principalmente no sentido de redução de custo e aceleração de instalação de aplicações para a indústria 4.0. Ao invés de ter necessidade de montar uma infraestrutura de cabos para fazer chegar redes nas diversas linhas que cobrem uma fábrica inteira, eu posso criar uma infraestrutura baseada em antenas, com uma velocidade que supre o que hoje só os cabos fazem no Brasil, por exemplo. Então, a gente consegue trazer agilidade de conexão e criar uma infraestrutura que é instalada muito mais rapidamente e com uma cobertura muito mais eficaz de todas as áreas da planta onde queremos trazer a conexão”, explica.