A Cresol, cooperativa de crédito com sede em Francisco Beltrão, o mais importante município do sudoeste do Paraná e polo agrícola do estado, operou um volume de cerca de R$ 4,3 bilhões em crédito rural para custeio e investimento agrícolas na safra 2020/21, período que termina no final deste mês de junho. Foi o melhor ano de sua história, mas para a safra 2021/22, que começa no próximo mês, a cooperativa planeja um volume dobrado de crédito de cerca de R$ 7,8 bilhões, crescimento de 80% em relação à atual safra. A história da instituição mostra resultados que justificam a pretensão. A cooperativa nasceu há 26 anos com bens avaliados em R$ 720. Nesta safra, seus ativos estão avaliados em R$ 14 bilhões.
A estruturação de crédito ao agronegócio, que deve fechar este ano com um VBP (Valor Bruto da Produção) em R$ 1,1 trilhão, recorde na história no país, é um dos setores que mais tem se organizado, passando também por bancos oficiais e comerciais, fintechs e financeiras. As cooperativas de crédito, um setor tradicional de oferta de recursos, estão nessa corrida.
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“A meta é desafiadora, porque é um crescimento razoável. Vamos precisar de boas parcerias com a instituição financeira tradicional”, pontua Adriano Michelon, diretor superintendente da Cresol. A cooperativa espera fechar o ano com novas parcerias, entre elas bancos como Bradesco, Itaú e Safra. “Também temos uma forte parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que será um dos grandes provedores nessa etapa.” A ousadia na previsão faz sentido. O histórico de crescimento da Cresol nas duas últimas safras mostra que a cooperativa tem o potencial para atingir a ousada meta. Na safra anterior, o ciclo 2019/20, a cooperativa colocou no mercado R$ 3 bilhões em crédito rural, valor que aumentou em 43% na safra seguinte.
A cooperativa paranaense disputa mercado com gigantes do segmento, como Sicredi e Sicoob, de acordo com o sistema Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). Atualmente ela tem quase 10% do mercado local e um trunfo nas mãos: é a cooperativa com menor inadimplência, segundo a Ocepar, o que significa saúde financeira dos tomadores de empréstimos. A instituição atende 435 mil famílias do agro em todo o país, grupo que equivale a 68% do público atendido pela Cresol, que também oferta crédito a clientes urbanos de municípios do interior.
Atingir um público mais amplo é um desafio para as cooperativas. Uma pesquisa realizada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) com 4.336 produtores rurais de 14 estados, mostrou que 38% dos entrevistados nunca acessaram o crédito rural. Por isso, na conta do crescimento está justamente aumentar o raio de ação. Hoje, além do Paraná, a cooperativa possui 637 agências nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas. O plano é abrir 50 novas agências, além de apostar na digitalização de processos,como por exemplo em assistentes virtuais. “É um momento de realização. A Cresol nasceu para ajudar a comunidade”, afirma Michelon. “O nosso planejamento para o futuro está muito nítido. Os passos para onde queremos chegar até 2025 estão muito bem estruturados.”
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