Rachel Maia: no mercado de trabalho do novo normal, há presença negra e LGBTQI+

23 de setembro de 2020
MoMo Productions/Getty Images

Cada vez mais, o consumidor enxerga o valor de negócios focados na diversidade

Você já ouviu falar da Nina Silva? Ela é uma mulher brilhante que, apesar dos 17 anos de experiência na área de tecnologia, muitas vezes, quando se apresentava para um cliente, sentia que sua capacidade intelectual era menosprezada. Sabe por quê? Por causa da cor de sua pele. Nina é negra.

Nina resolveu que essa história tinha que mudar e criou o Movimento Black Money, um hub de inovação para inserir a comunidade na era digital e fomentar o ecossistema empreendedor negro, criando soluções e serviços para o consumidor negro. Ela acabou sendo escolhida uma das Mulheres Mais Poderosas da Forbes do ano passado, além de ter sido apontada como um dos 100 afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo pela ONU.

Cada vez mais, o consumidor enxerga o valor de negócios como os que Nina ajuda a fomentar, focados na diversidade. Tenho a sorte de ter sido mentora de Nina e acho que aprendo com ela quase tanto quanto ensino.

“O consumidor quer verdade, propósito. Busca produtos e serviços que tenham valores sociais.”

Olhar para o mercado negro é, além de tudo, uma atitude inteligente. A maioria da população brasileira é negra: segundo o IBGE, 56,7% do país. O Instituto Locomotiva calcula que esse público movimente nada menos que R$ 1,7 trilhão por ano – é o “black money”.

(Quero fazer um parêntese aqui para mencionar outra iniciativa brilhante nesse mercado de outra mentorada minha – já disse que tenho sorte? –, Patrícia Santos. Ela é a criadora do Empregue Afro, uma consultoria em recursos humanos e diversidade étnico-racial. Ele não é um empreendimento que olha para o consumidor negro, e sim para o colaborador negro, porque pretende ajudar empresas a valorizar a diversidade em seus quadros, incluir, reter e desenvolver o profissional negro. Mas isso é assunto para outra coluna.)

Além do black money, há o “pink money”, que também já começa a ser explorado. É uma outra fatia até há pouco desprezada, mas que não deveria: também de acordo com o IBGE, a renda média de homossexuais que moram com o(a) parceiro(a) no país é 65% maior do que a de chefes de família heterossexuais.

As startups, que não são bobas e têm a agilidade a seu favor, entenderam que apostar na população negra, na feminina, na LGBTQI+ e na 60+, entre outras, é um bom caminho. Grandes empresas, que têm desafios maiores para se transformarem, também começaram a perceber e atentar para isso.

O consumidor está atrás do novo, do sustentável, mesmo que muitas vezes ele não saiba o que procura. Ele quer verdade, propósito. Busca produtos e serviços que tenham valores sociais. Eu já acreditava nisso muito antes da pandemia do coronavírus que vivemos hoje, mas agora tudo se intensificou. Que venha o novo normal.

P.S: Ainda dá tempo de mais uma informação. O Google for Startups acaba de anunciar o lançamento de um fundo para investir em startups fundadas e lideradas por empreendedores negros e negras no Brasil. Mais uma excelente iniciativa para estimular o desenvolvimento de negócios e fazer o black money circular.

Rachel Maia é presidente do Conselho Consultivo do UNICEF e fundadora do Projeto Capacita-me.

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