Aplicativos que ensinam a meditar viram segmento bilionário

11 de julho de 2020
Ilustração Indio San

A meditação é cada vez mais indicada para aumentar o bem-estar e a performance dos praticantes

Antes vista pelo público ocidental como uma experiência restrita e, em certa medida, exótica, a meditação virou um estilo de vida, sendo cada vez mais indicada para aumentar o bem-estar e a performance dos praticantes, além de tratar problemas graves como depressão e ansiedade. O interesse nessa modalidade de autocuidado fica evidente ao se observar o crescimento das ofertas e das projeções para o setor.

Nos Estados Unidos, maior mercado global para o segmento de meditação em geral – que inclui palestras, retiros, livros e conteúdo online –, o crescimento deve chegar aos 11,4% até 2022, o equivalente a US$ 2,08 bilhões em geração de receita.

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Um business notável dentro desse mercado é o dos aplicativos: o gasto mundial nessas ferramentas, que já são líderes do segmento de autocuidado digital, chegou a US$ 195 milhões em 2019, segundo a empresa de pesquisa especializada em aplicativos Sensor Tower.

Os principais provedores de apps de meditação incluem a Calm, criada pelo empreendedor britânico Michael Acton Smith, que se tornou unicórnio no ano passado. Outro destaque é o Headspace, fundado pelo ex-monge Andy Puddicombe, que captou US$ 93 milhões em uma rodada série C em fevereiro. Ambas as plataformas têm investido em conteúdo – como programas para ajudar usuários a lidarem com a tensão do coronavírus e até histórias de ninar narradas por celebridades.

“Se empresas querem alta performance, precisam que seus líderes sejam tradutores rápidos de pessoas e de situações, e a meditação ajuda a perceber com mais clareza onde atuar,” diz Ken O’Donnell, coordenador para a América Latina da Brahma Kumaris

Principal expoente brasileiro do setor, o Zen registra 3,5 milhões de downloads de seu aplicativo e 250 mil usuários ativos em 150 países, servidos com conteúdo em três idiomas. Segundo a cofundadora da startup de Santos (SP), Juliana Góes, a empresa caminha para se tornar uma “plataforma de transformação de vida”: novos produtos sob o guarda-chuva do Zen, como o Sonno, app focado em insônia, foram lançados este ano – e uma oferta de educação online também está nos planos. “Conseguimos nos encaixar na rotina dos nossos assinantes o dia todo, de forma versátil e em diversos formatos”, aponta.

Andrea Iorio, ex-country manager do Tinder e um dos investidores-anjo do Zen, notou a oportunidade quando analisava o mercado de aplicativos e decidiu apoiar o início do negócio. Segundo ele, o Headspace e o Calm não ameaçam a empresa brasileira: “Usuários latinos tendem a começar com eles e depois buscam experiências locais”, afirma. “[Os aplicativos estrangeiros] são produtos que educaram o mercado, que era resistente à meditação digital, mas não souberam servir usuários com criação de conteúdo local – e é aí que o Zen se diferencia.”

O interesse em práticas de meditação também tem crescido dentro das empresas, segundo Ken O’Donnell, coordenador para a América Latina da organização global de transformação pessoal Brahma Kumaris, com sete livros publicados sobre o tema de inteligência espiritual no mundo corporativo. “Se empresas querem alta performance, precisam que seus líderes sejam tradutores rápidos de pessoas e de situações, e a meditação ajuda a perceber com mais clareza onde atuar”, argumenta. Em seus workshops para empresas (“gigantes de bens de consumo e bancos”), O’Donnell introduz a auto-observação como forma de aumentar a capacidade perceptiva dos gestores e de suas equipes: “Executivos têm que gerar um senso de pertencimento e, para isso, precisam perceber que o outro é um ser como eles. A pausa refletiva ajuda nesse processo de identificação.”

Reportagem publicada na edição 76, lançada em abril de 2020

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