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Forbes: Como surgiu a ideia da exposição “Gems”?
F: Por que você decidiu mostrar a ligação entre ciência e criação artística nesta exposição, e enfatizar as fortes conexões entre mineralogia, gemologia e joalheria?
LM: O MNHN possui uma das melhores coleções de mineralogia do mundo e é um privilégio poder exibir as melhores peças de joalheria da nossa Maison juntamente com esse acervo. Foi um desejo natural da Van Cleef compartilhar com os visitantes essas extraordinárias criações da terra e da humanidade. O público verá em exposição duas perspectivas diferentes, mas complementares: uma baseada em pedras, outra baseada em criações de joias. As interconexões de artes e ciências fornecem um terreno fértil para o entendimento comum, que ambas as instituições consideraram importante exibir.
F: Descreva as três diferentes partes da exposição: “História da Terra”, “Dos Minerais às Joias” e “Paris, Centro do Conhecimento”.
F: Na seção “Perspectivas Compartilhadas sobre Joias”, quais são alguns dos temas apresentados que definem uma era ou estilo?
LM: As temáticas expostas são reflexos do universo da maison. Os visitantes poderão ver como em nossas criações, desde o início dos anos 1920 até mais recentemente, a natureza tem sido retratada viva, como os designs da alta-costura são capturados em movimento e como a marca inventou todo um vocabulário em torno de mundos imaginários.
F: Como é o “Rock of Marvels”, o objeto de joalheria exclusivo que a Van Cleef & Arpels criou especificamente para a exposição?
F: Como uma joia da Van Cleef & Arpels passa de mineral bruto a uma joia fina, da natureza a uma obra de arte?
LM: São várias etapas para a criação de uma peça de alta joalheria, cada uma delas seguindo regras de excelência e respeitando os mais elevados padrões de qualidade. Tudo começa com a seleção das melhores pedras, de acordo com os critérios da Van Cleef & Arpels, que não abre mão da qualidade. Então, a criatividade do estúdio da maison se expressa por meio de desenhos e guaches. Depois de finalizados, vem uma etapa específica seguida apenas por algumas poucas marcas de joalheria: o mock-up (um modelo em tamanho real que oferece uma visão 2D e 3D da criação). Os “mains d’or” (mestres artesãos) podem então iniciar o trabalho de joalheria, fixação de gemas, lapidação, polimento e gravação, se necessário. O acervo patrimonial da exposição apresenta uma ampla gama de técnicas de diferentes épocas. A primeira parte representa três estágios em torno do rubi: o mineral bruto, a gema facetada e a criação da joia de luxo (a Fuchsia Clip, 1968, Van Cleef & Arpels Collection). A segunda seção da exposição está centrada no ciclo dos minerais, apresentando o mesmo sistema de apresentação tripartida.
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LM: A coleção patrimonial da Van Cleef & Arpels foi originalmente criada por Jacques Arpels na década de 1970. Desde então, tem sido constantemente enriquecida ao longo dos anos. Hoje, a coleção é composta por mais de 1.600 peças, que vão desde alta joalheria até relógios e objetos preciosos. É nosso dever garantir que este acervo seja estudado, apresentado e bem conservado para as gerações futuras. As peças expostas no MNHN foram cuidadosamente selecionadas em constante diálogo com os curadores para refletir as histórias que são contadas. O que é mais surpreendente quando o público visita a mostra é que as criações da natureza e do homem são igualmente marcantes em sua beleza e perfeição. Elas expressam um mundo de poesia.
F: Como o conhecimento científico e a pesquisa sobre minerais levam a inovações e explorações tecnológicas?
LM: A técnica única da série Mystery Set foi associada à Van Cleef & Arpels desde que a maison a patenteou em 1933. Consiste em cravar pedras de forma que nenhum dente seja visível. O nível de especialização necessário torna a técnica exclusiva de um número muito pequeno de mestres joalheiros. Ela é tão complicada que produzir um único broche leva não menos que 300 horas de trabalho. Cada pedra facetada é delicadamente inserida em uma fina rede de ouro com menos de dois décimos de milímetro de espessura. Depois de concluídas, as gemas parecem ser totalmente independentes. Devido à complexidade do processo, as peças são extremamente raras. No início, a técnica era reservada para peças planas, como a preciosa caixa Minaudière. Mas à medida que ela se desenvolveu, a Van Cleef & Arpels começou a usá-la em formas mais complexas e com vários graus de espessura. Mais recentemente, a maison começou a combinar a Mystery Set com joias lapidadas para algumas peças espetaculares. Esta última inovação leva a técnica a um novo nível: as bordas polidas das pedras criam a impressão de uma renderização cintilante e aveludada destacando o volume da peça. O rubi, graças à sua excepcional dureza e clareza, é a pedra perfeita para a técnica. Safiras também são usadas, ao contrário da esmeralda, uma pedra preciosa frágil. À mostra na exposição, os visitantes poderão ver vários destaques da Mystery Set, como o Peony Clip de 1937, da antiga coleção da princesa Faiza do Egito.
LM: A cenografia de “Gems”, projetada pela agência Jouin Manku, usa cores e materiais mutáveis para mergulhar os visitantes em um universo em movimento. Abraçando as sensações e o fascínio das pedras preciosas, o designer Patrick Jouin e o arquiteto Sanjit Manku projetaram um itinerário estruturado de três fases, um caminho tortuoso que acompanha e ilustra os diferentes estágios da formação mineral e sua subsequente transformação por mãos humanas. Mergulhando nas entranhas da terra e, em seguida, retornando à superfície, esta exploração é baseada no romance pouco conhecido de George Sand, “Laura: a Journey into the Crystal”, que inspirou Júlio Verne na obra “Viagem ao Centro da Terra”. A narrativa que se desdobra ao longo da exposição combina duas visões do tempo – a cadência vertiginosa do cosmos e do tempo experienciado pelos seres humanos – e dois registros de tamanho: o infinitamente grande e o infinitamente pequeno. Para orientar os visitantes por meio dessas concepções de espaço e tempo, a agência projetou padrões de luz, cor e materiais que aumentam a fluidez e enfatizam a interação entre contraste e transparência. Neste cenário, os tons escuros representam as profundezas da terra. As convulsões da crosta terrestre são representadas por cores quentes, transformando-se em tons mais frios perto da superfície. Uma sucessão de espaços circulares representa essa dinâmica, descrita principalmente na segunda parte da exposição.
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F: Quais foram os principais desafios em montar essa exposição?
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