À frente do retorno e do esforço de comunicação externa está o empresário do ramo imobiliário Alexandre Leonor, 51, que assumiu como presidente do clube em janeiro de 2020. “Muita gente de São Paulo não conhece o clube”, diz. “Ele sempre foi um pouco fechado, nunca foi amplamente divulgado. E hoje a minha gestão está dando importância a isso, com campanha de marketing, assessoria de imprensa.”
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No início da pandemia, os estábulos abrigavam cerca de 450 cavalos, mantidos por 120 funcionários da vila hípica (há outros 110 funcionários em outras áreas). A readequação para o momento de crise sanitária envolveu testagem da equipe e rodízio de tratadores, veterinários, entregadores de ração e farmácias. Também foram estabelecidos horários para os sócios entrarem para montar. “Os animais são atletas”, diz Alexandre. “Têm hora para comer, para sair, para treinar. Não podem sair da rotina ou sofrem de problemas como cólica e estresse.”
Muitos sócios chegaram a levar seus cavalos para temporadas fora da cidade, em haras ou fazendas. Aos poucos, eles retornaram, lotando as instalações — há fila de espera para as cocheiras e para vagas na escola de equitação. Voltaram as competições. Em setembro de 2020, no aniversário de 85 anos da instituição, houve um torneio nacional com as modalidades de salto, adestramento e concurso completo de equitação (uma espécie de triatlo equestre que voltou a ser praticado no clube depois de mais de 20 anos e inclui provas de adestramento, salto e trilha com obstáculos).
Em 2021, houve recorde de inscrições para a Copa Santo Amaro (1.115 na primeira etapa, 1.272 na segunda e 1.442 na terceira). Na primeira etapa, em 1 e 2 maio, o cavaleiro olímpico Marcio Appel subiu no primeiro lugar do pódio por sua atuação com a égua Nektar.
Hoje cada cavalo custa entre R$ 100 mil e R$ 2 milhões, dependendo da altura dos obstáculos que é capaz de saltar (em geral de 1 metro e 1,6 metro). A manutenção mensal fica em torno de R$ 8 mil, incluindo mensalidade do clube mais manejo de um animal — há cuidados 24 horas, com um tratador para no máximo cinco cavalos. O nível dos concursos nacionais evoluiu desde os primórdios do clube, assim como a participação nos torneios internacionais. “O coronel Renyldo Ferreira, que foi um cavaleiro muito importante aqui do clube, demorava quatro meses com o cavalo em um navio para chegar a Aachen [polo de hipismo na Alemanha, onde a equipe brasileira levou medalha de ouro no Concurso de Saltos da Copa das Nações de 1956]. Hoje você embarca num avião e em 12 horas está num concurso. Tudo se modernizou.”
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Nos anos 1950 e 1960, o desenvolvimento do hipismo no clube contou com a participação de oficiais da Força Pública Paulista e do Exército — alguns tinham passado pela escola de equitação de Saumur, na França, e trouxeram de lá os conhecimentos sobre salto e adestramento. Nos anos 1970 e 1980, competições patrocinadas por instituições privadas, como os torneios do Banco Safra, a Copa Marlboro e a America’s Cup, trouxeram mais contato com cavaleiros internacionais.
Famílias com tradição no hipismo se mantêm associadas de geração em geração. Segundo o presidente do clube, a maior parte dos sócios está lá mesmo pelos cavalos. E vai com frequência, não só aos sábados e domingos. Alexandre é um deles. Começou no hipismo há 12 anos, impulsionado pela filha, que entrou na escolinha de hipismo. Hoje, ela não pratica mais, mas o pai transformou em ocupação o que antes era só um gosto por passear a cavalo com a família aos fins de semana. Dedica as terças-feiras aos assuntos administrativos do clube, mas está lá todo dia para treinar com as éguas Land Yula e Coreana. Compete na modalidade de salto. “Às 7h da manhã estou montado, treino até 8h, 8h30, tomo um banho e vou para o meu escritório, que saiu de Moema e veio para a Chucri Zaidan por causa do clube. E saí do Morumbi e vim morar aqui perto. Não sou só eu: muita gente faz isso.” E o que o atrai no esporte a ponto de fazê-lo mudar de casa e de vida? “A adrenalina, o desafio. E é um conjunto: em um campeonato, para sair com um resultado perfeito, você tem que estar bem e o animal também.”
Reportagem publicada na edição 88, lançada em junho de 2021.
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