Seu pai, dono de um curtume nos arredores de Toulouse, na França, concordou. Esse primeiro Omega de 400 francos (cerca de US$ 1.400 hoje) deu início a uma coleção que agora tem cerca de 600 relógios e é avaliada pela Christie’s em mais de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão). Alguns anos depois, Getreide deixou a escola porque seu pai estava muito doente para administrar seus negócios. “Eu era jovem e cometi erros”, admite – por mais que tenha feito dar certo e mais tarde conseguiu vender a empresa.
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Por volta dos 21 anos, Getreide ganhou 39.000 francos (cerca de US$ 6.400 atuais) em uma corrida de cavalos e comprou seu primeiro relógio “bom”. “Era um Cartier Tank, que eu ainda tenho. Cartier era o paraíso: as pessoas mais chiques do mundo tinham um”, diz o empresário francês direto de seu museu privado de relógios em Genebra. É lá que ele mantém a maioria de sua coleção, incluindo sete relógios de bolso que pertenceram ao renomado colecionador do século 20, Henry Graves.
Mas os negócios não são como as pessoas mais conhecem Getreide – é por sua coleção de relógios raros. Em 2022, o mundo dos relógios teve a oportunidade de ver de perto parte da coleção OAK (um acrônimo para “one of a kind”, ou “únicos”) quando Getreide organizou uma turnê mundial de 168 peças, começando com uma exposição no Design Museum em Londres.
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Agora, após cinco décadas adquirindo relógios de pulso vintage, relógios de bolso antigos e raros, o francês de 69 anos está pronto para se desfazer de algumas de suas preciosidades, começando com cerca de 140 peças da coleção OAK que vão a leilão na Christie’s em Hong Kong neste domingo (26). “Estou ciente de que muitas pessoas adorariam ter a minha coleção”, diz ele.
COLEÇÃO À VENDA
Quando se está colecionando, diz ele, “a parte mais difícil é comprar. Quando você possui a peça, é fantástico, mas isso não é mais minha preocupação principal”. Ele emprega um relojoeiro para manter sua coleção funcionando e devidamente cuidada. “Eles não são estáticos”, diz ele. “São peças vivas, e se não funcionarem, qual é o uso?”
E o mundo dos relógios está pronto. “A agitação em torno da coleção é grande porque é definitivamente uma das maiores coleções que qualquer casa de leilões já teve de lidar”, diz Alexandre Bigler, chefe de relógios da Christie’s para a Ásia-Pacífico. Os relógios que vão a leilão representam algo para todos, acrescenta ele. “Qualquer um pode adquirir uma peça da OAK, não são apenas relógios superexclusivos.”
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Entre os lotes à venda está um relógio de bolso Breguet do início do século 19 que pertenceu a Pauline Bonaparte, irmã de Napoleão, com venda estimada entre US$ 200.000 e US$ 400.000. Getreide está até se desfazendo de alguns de seus amados relógios Patek Philippe – ele possui cerca de 200 da grife -, incluindo um cronógrafo de aço inoxidável de 1938 (foto abaixo). “Eu estava em uma feira há cerca de 20 anos”, lembra ele com um sorriso, “e vi este relógio. O preço era ridículo, baixo, algo como US$ 1.000 ou US$ 2.000. Mas eu tive que negociar com eles de qualquer maneira”. A peça deve ser vendida entre US$ 200.000 e US$ 400.000 em leilão.
Também estão à venda vários relógios de pulso importantes da Breguet, incluindo um que pertenceu ao falecido ator francês Jean-Paul Belmondo e outro que pertenceu a Sir Jack Brabham, o campeão da Fórmula 1 em 1959. Cada um deve ser vendido entre US$ 150.000 e US$ 300.000.