Ao longo dos anos, as antigas caves foram substituídas por armazéns climatizados em outros locais. Com isso, muitas ficaram abandonadas. Um cenário que não agradou a Adrian Bridge, CEO do grupo Fladgate, que tem em seu portfólio as vinícolas Taylor’s, Fonseca, Croft e Krohn, assim como hotéis de luxo, incluindo o The Yeatman (leia no final da matéria). Conversei com Adrian no wine bar Angel’s Share do WOW, enquanto bebíamos Pink Tonic, feito com vinho do Porto rosé Croft. Primeiro, mostrou todo seu orgulho ao falar do Yeatman, o hotel inaugurado em 2010 “que logo se tornou consagrado não só em Portugal, mas também na Europa, com nosso restaurante duas estrelas Michelin”. Em 2013, ele começou a fermentar o plano de transformar em museus os armazéns logo abaixo do hotel.
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“Vimos que era necessário incluir restaurantes, lojas, galerias e escola de vinho, necessários para determinar o WOW como um destino em si” e relembrou, rindo, que, ao apresentar o projeto na Câmara Municipal, alguém disse: “Não queremos uma Disneyland do vinho aqui”. Ao custo de 110 milhões de euros, o projeto foi inaugurado em 2020 e turbinou o turismo local, deixando o Porto ainda mais irresistível. Adrian, que também é mentor do Protocolo do Porto (iniciativa da indústria vinícola para diminuir os efeitos da mudança climática), resume: “Estamos aqui há muito tempo (a Taylor’s foi fundada em 1692), este é um negócio de gerações. Ao investir na cultura, estamos lançando luz sobre a região que nos abriga e deixando um legado para as gerações futuras.”
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A jornada ao passado continuou na visita seguinte, desta vez rumo a uma fascinante viagem por copos, taças e recipientes destinados a servir o vinho, com algumas peças datando de 7.000 a.C.. Elas estão na The Bridge Collection e foram pacientemente garimpadas por Adrian Bridge. As cerca de 2.000 peças revelam o inacreditável esforço criativo de artesãos para embelezar o ritual da bebida de reis, nobres, milionários, papas e gente comum.
Próxima parada: Planet Cork. Hora de desvendar um mundo praticamente desconhecido da cortiça (a casca da árvore de sobreiro), que se revela muito mais amplo do que as rolhas para garrafas de vinhos. Super interativo, com salas e temas surpreendendo adultos quanto crianças, o museu destaca a sustentabilidade da cortiça e seu uso versátil – até em foguetes.
Na mesma vibe, a The Wine Experience é o maior museu do WOW, com uma infinidade de informações sobre o vinho, suas origens, características únicas do cultivo, produção e, naturalmente, degustações. As várias salas elevam o conceito de interatividade a outro nível, com exibições sobre o cultivo, colheita e produção, percepção de aromas e sabor enquanto se percorre ruas cenográficas das 14 regiões vinícolas do país. O lado lúdico da abordagem ao vinho fica no Pink Palace: museu onde adultos se tornam crianças ao interagir com cenários em torno das regiões do rosé, enquanto bebem cinco doses de diferentes produtores e até se jogam na piscina de bolinhas cor de rosa.
No dia seguinte, outra imersão: Chocolate Story, Museu do Chocolate. Percorremos 5.500 anos do consumo de chocolate — desde os rituais do xocolatl dos olmecas, maias e astecas até chegar às cortes da Europa e depois se espalhar pelo mundo. Com direito a workshop de degustação de vários tipos de chocolate (por teor de doçura ou região de origem) e uma visita à fábrica da Vinte/Vinte (marca própria do WOW), o passeio contempla uma parada na loja.
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Cardápios variados – e deliciosos
Meio fora do tema vinho, mas muito interessante, é o Museu da Moda e do Têxtil. Susana Correia, Relações Públicas Culturais do WOW, explica que o norte de Portugal é conhecido secularmente pela indústria têxtil, fazendo par com o vinho do Porto como motores da economia da região. Salas e mais salas se sucedem mostrando objetos, teares antigos, muitos looks, peças de diferentes épocas e calçados, além de joias típicas em filigrana.
Por onde se anda há boutiques de artigos portugueses, com cerâmicas, livros, gravuras, objetos de decoração, perfumes, sabonetes, joias feitas com pedaços de azulejos encontrados em escavações e vinhos, of course. Ao final da visita ao WOW e impressionada com tantas informações e belezas em um só local, atravesso a ponte Ponte D. Luís I, construída em 1886 por um discípulo de Gustave Eiffel, lembrando a estrutura da famosa torre de Paris. E volto para o Porto, passando primeiro pelo Cais da Ribeira, patrimônio da Unesco, com bares e restaurantes animados pela música ao vivo, depois subindo a ladeira ao lado de palácios neoclássicos e cafés art nouveau, à espera de um mundo de atrações históricas e contemporâneas, como a espetacular Fundação Serralves e seus abrangentes espaços e exposições. Mas aí já é conversa para uma outra hora.
The Yeatman Hotel: hotel referência de vinho
Ancorado no alto da colina, o elegante Relais & Châteaux é um dos principais hotéis de vinho da Europa, com uma adega premiada de 1.300 rótulos e espaçosas suítes com terraço e vista panorâmica dos jardins, do rio Douro e do Porto. O café da manhã é servido no L´Orangerie, que também é um convite a longos almoços com pratos portugueses e serviço primoroso. O Dicks Bar tem piano ao cair da noite para drinques e comidinhas. Já o The Restaurant, com duas estrelas Michelin, é onde o chef Ricardo Costa revela seu talento ao revisitar a cozinha portuguesa no amplo salão com terraço. Tem duas piscinas (uma delas aquecida), sala de ginástica, biblioteca, boutique e o mega spa Caudalie, mostrando que wellness e vinhos combinam sim, muito bem. Tudo com o conhecimento e a gentileza de um serviço impecável.