Férias dos sonhos à beira-mar. Assim descrevo minha experiência em Bodrum, um dos segredos mais bem guardados da costa sudoeste da Turquia. Banhada pelo cristalino Mar Egeu, a região é conhecida por suas praias deslumbrantes e por uma rica herança histórica que remonta à Antiguidade.
Outrora conhecido como Halicarnasso, o local foi o berço do famoso historiador grego Heródoto e é onde o lendário Mausoléu de Mausolo, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, foi erguida. Embora as ruínas sejam tudo o que restou desse tesouro histórico, a cidade em si é um testemunho vivo da herança grega e romana.
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O balneário turco também é sinônimo de vida noturna animada. Há uma infinidade de bares, clubes e baladas que atraem uma mistura eclética de turistas e locais. Existem ainda as famosas festas realizadas em barcos ancorados na baía – dizem que são bem animadas.
Outra característica positiva de Bodrum é o clima agradável o ano inteiro. Por estar muito próximo do Mediterrâneo, seus verões são quentes e os invernos, suaves. Isso significa que o destino é atraente em qualquer estação.
Hotel Macakizi: uma joia turca em Bodrum
No coração de Bodrum, encontra-se o icônico Hotel Macakizi, onde fiquei hospedada. O Macakizi é a definição do lifestyle local, tanto que Kate Moss e outras personalidades escolhem o local para se hospedar quando visitam o balneário turco.
Durante minha estada, no fim de agosto, ou seja, finalzinho do verão europeu, a família Agnelli – dona da Fiat e uma das mais tradicionais da Itália – estava por lá celebrando o aniversário de um de seus herdeiros.
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Ao chegar ao Macakizi, a vista é de tirar o fôlego. O hotel é rodeado pelo Mar Egeu e seus hóspedes podem nadar na piscina natural que se forma na frente do deck da propriedade – um deleite! A arquitetura é uma fusão do design contemporâneo com elementos tradicionais turcos, criando um ambiente acolhedor e sofisticado, sem perder o charme local.
“Nascemos como um bed & breakfast na década de 1980 e fomos crescendo, mas sempre preocupados em manter nossas características locais”, contou Sahir Erozan, filho da fundadora e atual dono, durante um agradável almoço mediterrâneo com vista para o mar.
A culinária, aliás, é um show à parte. Os restaurantes do hotel oferecem uma rica seleção de pratos turcos e mediterrâneos preparados com ingredientes frescos colhidos na horta da propriedade. Eu me deliciei com o famoso buffet servido na hora do almoço, com pratos à base de peixe fresco, azeite de oliva, queijo feta e ervas locais. Dá água na boca só de lembrar.
Além de relaxar à beira-mar, outra atividade imperdível é realizar o Haman – o famoso banho turco – no spa do hotel. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Saí limpa e plena (risos). Para quem quiser conhecer mais da região, o hotel oferece passeios em um de seus iates privados, que estão disponíveis para aluguel.
À noite, o Macakizi se transforma em um local de entretenimento, com coquetéis artesanais e música ao vivo. No dia em que curti o sunset, o DJ que estava comandando as pick-ups tocou uma das melhores playlists que já ouvi, cheia de músicas brasileiras remixadas. A atmosfera é vibrante.
Hoje os turcos, principalmente a alta classe de Istambul, ainda são a grande maioria dos hóspedes, chegando a 75% da ocupação. Os americanos e europeus somam os outros 25%.
Em resumo, o Hotel Macakizi é a personificação do luxo e da hospitalidade turca.
Istambul: dois continentes, bazar e gatos
Imagine-se em uma cidade onde o passado e o presente se misturam por todos os lados. À medida que eu caminhava pelas vielas estreitas, podia sentir os sussurros dos impérios antigos que por lá governaram, enquanto a modernidade pulsava ao meu redor.
A cidade é um mercado vivo e colorido. Andando pelos corredores do Grand Bazar, descobria cada vez mais tesouros escondidos, desde tapetes tecidos à mão até especiarias que despertam os sentidos. As negociações são uma arte turca, uma dança amigável entre comprador e vendedor.
O cenário é espetacular, com o Bósforo dividindo a cidade, conectando dois continentes. Fiz um passeio de barco na hora do pôr-do-sol que nunca vai se apagar da memória. O brilho do Sol sobre a água cria uma pintura em constante mudança. Em um instante, você está na Europa; no próximo, na Ásia. É um lembrete de como essa cidade transcende fronteiras, culturas e séculos.
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Os gatos de rua são uma parte peculiar e amada da paisagem urbana. Eles perambulam livremente, ocupando praças e calçadas como guardiões do local. Carinhosos e independentes, eles se tornam parte integrante do tecido de Istambul, adicionando um toque especial à experiência da cidade.
Vakko: tradição e sofisticação
Aberto no início deste ano, o novo Vakko Hotel & Residence – onde fiquei hospedada em Istambul – é o braço de hospitalidade do grupo Vakko, fundado por uma tradicional família turca há mais de um século.
O negócio nasceu como uma marca de chapéus e lenços, e, ao longo dos anos, foi se desdobrando em diversos segmentos do mercado de luxo. Entre eles: marca própria de roupas, multimarcas, ateliê de noivas, homewear, decoração, Vakkorama (multimarcas focada em um público mais jovem), hotel, restaurantes, pâtisseries e até uma marca de chocolates.
Não achei a moda turca muito sofisticada, mas a marca própria da Vakko é ultrassofisticada. Fiquei impressionada também com a multimarcas deles, que fica vizinha ao hotel, na popular Abdi Ipekçi Street, no bairro fashion da cidade. Lá encontrei uma boa seleção de marcas, como Alaia, Ganni e Victoria Beckham.
Tudo que o grupo faz é extremamente luxuoso (e com o novo hotel não poderia ser diferente). A propriedade oferece 31 suítes para longas ou curtas estadias, decoradas com design contemporâneo e muita tecnologia.
Os amenities, muito bem selecionados, chamaram a minha atenção. Havia creme dental Marvis e outros mimos. Fui recebida com uma infinidade de macarrons e chocolates da pâtisserie do hotel e muita música brasileira na playlist. Me senti em casa!
O serviço de concierge e o staff foram excelentes. Providenciaram tudo de que eu precisava para ter a melhor experiência na cidade, que requer uma logística, já que, assim como em quase todas as metrópoles do mundo, tem um tráfego considerável. É na base da caminhada, no entanto, que se visitam as principais atrações da metrópole – a começar pela Praça Sultanahmet. Em pontas opostas, aqui estão dois dos principais cartões- postais do país: Santa Sofia e a Mesquita Azul.
Uma das obras-primas da arte bizantina, Santa Sofia, construída pelo imperador Justiniano entre 532 e 537, funcionou como uma catedral ortodoxa até 1453, ano em que Constantinopla foi conquistada pelo Império Otamano e o lugar virou uma mesquita com quatro novos minaretes. Mais alguns séculos e, em 1935, Mustafa Kemel Atatürk, o primeiro presidente turco, transformou o templo em museu – o edifício milenar voltou a ser mesquita há poucos anos, em julho de 2020, por determinação do atual presidente, Recep Tayyip Erdogan.
Já a Mesquita Azul é a mais importante da cidade, e está entre as cinco do país com seis minaretes. No idioma local, ela atende por Sultanahmed Camii, erguida pelo sultão Ahmed I entre 1609 e 1616. Tem uma cúpula central com 23 metros de diâmetros e 43 metros de altura. Os milhares de azulejos azuis da cúpula (vindos da cidade de Iznik), somados às centenas de vitrais, são os responsáveis pela cor que batiza o templo islâmico. Por esses passeios, e pela atenção que recebi de todos durante a viagem, posso avaliar minha estada na Turquia como cinco estrelas, com certeza.
ISTAMBUL’74: plataforma de artes
Minha viagem à Turquia foi mediada pela plataforma ISTANBUL’74. Fundada por Demet Müftüoğlu-Eşeli e pelo cineasta Alphan Eşeli em 2009, ela tem o objetivo de estabelecer relações artísticas entre a capital turca e a cena cultural global, sendo uma iniciativa pioneira no universo das artes e da cultura na Turquia.
Em colaboração com instituições artísticas de ponta, a ISTANBUL’74 organiza e faz a curadoria de exposições e instalações públicas em todo o mundo visando construir novos caminhos entre as cidades com artistas contemporâneos consagrados.
Em 2010, a dupla criativa iniciou o Istambul International Arts & Culture Festival com o objetivo de reunir artistas, designers e mentes criativas que partilham a empatia e a paixão pelas artes em torno de uma abordagem multidisciplinar.
Reportagem publicada na edição 112 da revista, disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site da Forbes.