O Aston Martin DBX 707 é um dos carros mais ferozes na selva dos supercarros e, neste momento, é o mais selvagem e raro de todos os SUVs superlativos. Para cria-lo, a marca inglesa ampliou a arquitetura do chassi e da carroceria extraída de seus excelentes carros esportivos de dois lugares. A robusta estrutura de alumínio é exclusiva do DBX e empacota perfeitamente o sistema de tração nas quatro rodas sob demanda.
Leia mais: 20 carros que resumem os 20 anos da Rolls-Royce sob comando da BMW
Leia mais: Como é o Land Rover de quase R$ 1 milhão que já chegou esgotado
Graças ao DNA da Aston Martin, o conhecimento institucional da física do movimento e da arquitetura dos carros esportivos transparece na excelente visão do para-brisa, na excepcional conexão homem-máquina, na sensação da suspensão de alumínio como extensões dos membros do motorista e naquela sensação milagrosa de que o DBX 707 encolhe, ficando menor e mais organizado com cada quilômetro percorrido atrás do volante, ajustando-se ao corpo do motorista como um belo terno. De todas as formas, o DBX707 incorpora o espírito do Cool Britannia.
No entanto, o DBX 707 é o produto de uma colaboração que se estende à equipe da Aston Martin na Fórmula 1 e se apoia na noção de décadas de que as montadoras especializadas em nichos precisam de outro fabricante como “irmão mais velho”. Em outras palavras, a empresa negociou um acordo tão bom que lhe manteve a independência, mas com parceria técnica com a Mercedes-AMG para a engenharia de carros de rua.
É um clássico ganha-ganha, com a AMG entregando motores e transmissão montados à mão e configuração eletrônica de acordo com as especificações da Aston Martin. A empresa alemã ganha receita e maior rendimento de produção para seu processo de montagem manual do motor, enquanto a inglesa continua sendo um cliente independente. Nesse relacionamento, a AMG deve atender às demandas da Aston em cada modelo, enquanto esta devolve em troca informação e experiência.
Para satisfazer as ambições da Aston, a AMG adotou turbocompressores maiores com turbinas que giram sobre rolamentos de esferas, trazendo durabilidade e aumento de rotação sem esforço. Você não experimentará nenhum atraso aqui. O V8 de 4 litros produz 707 cv (daí o sobrenome do DBX) e 92 kgfm de torque – que entre 2.600 e 4.500 está 100% disponível. A transmissão automática de nove marchas joga toda a força para as rodas traseiras; as dianteiras recebem torque e potência conforme as condições exigem.
Para aqueles que estranham e não entendem a natureza íntima das joint ventures do século 21, lembre-se de que o proprietário da Aston Martin pós-Segunda Guerra Mundial, David Brown, comprou a Lagonda no final da década de 1940 para garantir os direitos do pequeno seis-cilindros em linha de 2,6 litros daquela empresa – motor que, aliás, foi projetado sob a direção de nada menos que W.O. Bentley. Exatamente, não há razão para não fazer parceria com a AMG.
Junte tudo e você terá o melhor SUV do momento. O Lamborghini Urus Performante está a caminho, enquanto o Porsche Cayenne Turbo GT Coupé iguala o DBX707 na maioria das medidas de desempenho.
A aceleração resultante nunca deixará de impressionar: 0 a 100 km/h em 3,1 segundos e apenas 7,4 segundos até os 160 km/h. No modo Sport +, você afunda o pé no acelerador e os olhos são empurrados para trás em suas órbitas. E como os pneus Pirelli transferem tanta força de um carro de 2.270 kg para o asfalto é digno de respeito. Há apenas alguns anos, uma arrancada de 3,1 segundos só era possível com supercarros de dois lugares.
Mais impressionante do que os números é sentir o DBX irromper quando aberta uma brecha no tráfego intenso de Los Angeles, passando dos 50 ou 60 km/h para velocidades totalmente ilegais. A troca da primeira para segunda marcha é sentida no fundo do intestino, um soco satisfatório; para as trocas manuais, há duas “pás” atrás do volante.
Mesmo os SUVs de alto desempenho têm natureza prática, destinados a servir todos os dias ou pelo menos na maioria dos dias. Graças a uma ampla gama de ajustes no amortecimento da suspensão, o DBX 707 lidou com o pavimento áspero e totalmente horrível de Los Angeles tão bem quanto com o asfalto perfeito das montanhas próximas. Mesmo com o peso considerável das rodas de 23 polegadas e dos pneus exclusivos, o DBX 707 engoliu o pior de L.A.
Bons ângulos de ataque e saída significam que as entradas íngremes de garagem não representam nenhum problema. Este não é como os supercarros de motor central que exigem um elevador frontal para entrar até mesmo em entradas de garagem modestas.
Algum aspecto negativo? Depende de como você vê o mundo. O DBX 707 tem uma tela plana menor em seu painel central do que a moda atual, e não é sensível ao toque. Os menus são navegados por meio de um touchpad no console central. O sistema é típico da Mercedes e de outros veículos alemães sofisticados dos últimos seis ou sete anos, antes da chegada da revolução das enormes telas panorâmicas. O sistema fará tudo o que for necessário e o fará bem. A ênfase da Aston está no mecanismo de comutação lógico e sensato, na direção e não no infoentretenimento. E o banco traseiro não é tão espaçoso quanto o do Urus, mas é comparável ao do Cayenne.
Os SUVs superlativos são a interpretação da nossa década do clássico gran tour dos anos 1960: grande, confortável e potente, com dinâmica para quase igualar à de modelos mais compactos e amados por puristas. No momento, o Aston Martin DBX 707 é o melhor da raça.