A verdade é que está cada vez mais difícil nos livrarmos desses ruídos. Quem mora em grandes centros urbanos sabe bem disso. Em São Paulo, cidade em que a expansão imobiliária avança rapidamente, é complicado encontrar um bairro em que há quietude. Além dos sons típicos da construção civil, há os aviões, os helicópteros, a cacofonia dos carros.
A gente se acostuma com esses ruídos de fundo, ao ponto de quase eles não nos incomodarem mais. É justamente quando viajamos para um lugar afastado e cercado de natureza que notamos a diferença. E ela é brutal. Pois não é que o silêncio – quando muito só o bater das folhas, o vento, o cantar dos pássaros, o correr da água – virou um bem de luxo e agora vale ouro? No mundo todo, cresce a procura por um tipo de turismo que privilegia lugares calmos, quase silenciosos.
Em um mundo hiper conectado, as pessoas parecem estar se dando conta de que o silêncio importa, e muito. Até para a saúde física. A OMS já atestou que a poluição sonora é capaz de aumentar o risco de doenças do coração e até de reduzir a expectativa de vida.
O silêncio também é essencial para o nosso bem-estar espiritual. Os monges budistas sabem disso há milhares de anos. Aqui no Brasil, no Espírito Santo, um mosteiro budista recebe pessoas para fazerem retiros espirituais, em que a regra é ficar o máximo sem fazer ruídos. Sei de pessoas que passaram por essa experiência e voltaram renovadas.
O silêncio permite nos reconectarmos a nós mesmos. Sem nenhum barulho para nos distrair, só nos resta prestar atenção a nós mesmos, a nossas emoções, pensamentos. Não é à toa que diferentes práticas religiosas e espirituais tenham em comum a quietude.
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