Chorar é um ato essencialmente humano. Só nós, dentre todos os animais, somos capazes de verter lágrimas quando tristes, quando rimos muito, quando queremos dissimular algo ou chamar a atenção para algo ou para nós mesmos (as famosas lágrimas de crocodilo).
Incrivelmente, um ato tão natural – e que é parte integrante da nossa humanidade – ainda é visto por muita gente como sinal de fraqueza do homem. Como se costuma dizer, o macho alfa não chora. Claro que já há mudanças significativas em relação a isso, mas elas são mais lentas do que talvez gostaríamos. Só para se ter uma ideia, até bem recentemente, coisa de uns cinco anos atrás, 1 em cada 6 homens americanos ainda achava inadmissível um outro homem chorar em público.
O pranto também leva o corpo a liberar substâncias que ajudam a aliviar a dor física e emocional.
Além disso, o choro encoraja a proximidade e a empatia. Mais do que as lágrimas que derramamos quando estamos sensibilizados por algo, é essa resposta de apoio que vem de quem está ao nosso redor que faz com que nos sintamos melhor.
É importante nos permitirmos chorar quando tivermos vontade e perto de quem confiamos, por mais desafiador que isso possa parecer para muitas pessoas. Mesmo que a única pessoa na frente de quem você se considera capaz de chorar seja o seu médico ou terapeuta.
A propósito, eu choro até com propagandas de TV.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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