Estar permanente atualizado com tantas inovações e com tanto conteúdo gerado na nossa área de conhecimento tornou-se um grande desafio para quem já está no mercado há muitos anos, como eu, mas também para os jovens que vão ingressar agora.
Transformar-se em um médico 5G, como temos brincado, não significa, entretanto, afastar-se daquilo que é mais importante na nossa área: a empatia, o cuidado, o olhar humanizado para o paciente. Pelo contrário, essas competências deverão tornar-se ainda mais importantes à medida em que as populações estão envelhecendo e, consequentemente, teremos de lidar com mais doenças associadas ao envelhecimento.
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Mas, como médicos, temos de pensar não apenas na aplicação desses recursos às terapias, mas também em como podemos prevenir doenças que hoje parecem ter um crescimento exponencial entre a nossa população e que estão ligadas a um estilo de vida ruim. Recentemente, uma reportagem deu conta de que, só no Brasil, 57 mil brasileiros morrem por ano porque se alimentam de comida ultraprocessada. O sedentarismo, por outro lado, é responsável por milhares de novos casos de diabetes.
Em vez de você procurar o seu médico em busca de remédios, que tal buscá-lo porque quer orientação sobre como mudar a sua vida? Que tal, com a ajuda dele, começar a olhar para as coisas simples da vida? Que tal trocar a comida congelada pela comida feita em casa, movimentar o corpo diariamente (repito sempre: pode ser de ioga à caminhada), que tal rir mais, fortalecer os laços de amizade, dormir bem, transar?
Mudar não é fácil. Exige de nós comprometimento emocional, mental e físico. É uma jornada que lembra uma dança: dois passos para frente, um para o lado, um para trás, mas, novamente, dois à frente. Leva tempo. Por isso, parece tão desafiador e difícil.
Eu sempre dou a meus pacientes a seguinte dica: trace metas pequenas e factíveis. Ninguém consegue mudar o seu estilo de vida de uma hora para outra. Exigir isso de você pode ser muito frustrante. Se você é sedentário, por exemplo, que tal se colocar o objetivo de dar uma volta no quarteirão 3 vezes por semana? Logo, o seu corpo se habituará com esse hábito e você poderá traçar uma nova meta, como dar uma volta no quarteirão 5 vezes na semana e assim sucessivamente.
Baby steps, como dizem os americanos. Um passinho de cada vez. Que neste ano, caros leitores, vocês se sintam estimulados a mudar o seu estilo de vida.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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