O esforço de instituições financeiras, empresas de comércio eletrônico e produtoras de tecnologia para ofertar mais serviços a empresas médias e pequenas as levará, cada vez mais, a invadirem os segmentos um do outro, disse o presidente-executivo da Totvs, Dennis Herszkowicz.
“Bancos e [empresas de] ecommerce estão cada vez mais perto de se tornarem concorrentes nossos”, disse hoje (20) o executivo à Reuters, em entrevista na sede da companhia da tecnologia de sistemas de gestão.
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Segundo ele, este cenário já vem ocorrendo no país, à medida que braços dos grandes bancos, como as adquirentes de cartões, têm oferecido uma gama crescente de serviços de gestão para lojistas e uma variedade de negócios, nicho de mercado que era atendido principalmente por empresas de TI como a Totvs e a fornecedora de software para o varejo Linx.
Por outro lado, estas vêm avançando, sozinhas ou por meio de parcerias, na seara dos bancos, oferecendo cada vez mais serviços financeiros, incluindo os próprios pagamentos e antecipação de recebíveis.
As declarações de Herszkowicz, ex-executivo da Linx, mostram como a Totvs, que se apresenta como líder no país em software de gestão, com cerca de 50% do mercado e 40 mil clientes, está redesenhando sua estratégia para seguir expandindo receitas em um mercado em que identificar rivais tem sido cada mais complexo.
Para o executivo, a arena concorrencial ficará ainda mais aberta a partir de 2020, com os agentes começando a explorar uma nova oportunidade: medição de performance dos negócios e sistemas preditivos que podem ajudar as pequenos e médias empresas a se anteciparem a situações como as de maior necessidade de capital, por exemplo.
Assim, com o uso de tecnologias como inteligência artificial, as provedoras de soluções poderiam vender a empreendedores produtos como seguros ou deixar disponíveis linhas de crédito pré-aprovadas.
“As barreiras setoriais estão caindo – e os bancos perceberam isso e nós também”, disse o presidente da Totvs.
Segundo o executivo, essa percepção faz parte do plano de expansão tanto orgânica quanto de eventuais fusões e aquisições da companhia para os próximos anos. A empresa considera, inclusive, a possibilidade de pedir ao Banco Central uma licença de instituição de pagamentos.
Criada em 1983 como Microsiga, a Totvs rapidamente se expandiu apoiada numa agressiva campanha de aquisições. Foram mais de 30 na última década. Uma das últimas, em outubro, foi a compra de 89% da Supplier, dona de administradora de cartões, por R$ 455,2 milhões. A operação consumiu parte dos pouco mais de R$ 1 bilhão da oferta de ações de maio passado.
Herszkowicz, que assumiu o comando Totvs há pouco mais de um ano, substituindo o fundador do grupo, Laércio Consentino, diz ver “espaços enormes” para ganho de eficiência em serviços financeiros e avaliação de performance do comércio eletrônico.
Ao mesmo tempo em que se tornam concorrentes diretos, empresas de TI, bancos e empresas de ecommerce também tendem a desenvolver parcerias, ao perceberem que, em casos específicos, é melhor juntar forças.
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A própria Totvs tem feito aproximações nesta direção. No ano passado, fez um acordo com a Rede, braço de adquirência do Itaú Unibanco, e montou uma joint venture com a plataforma digital de comércio eletrônico Vtex.
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