Por que a Alexa é a galinha dos ovos de ouro de Bezos

30 de julho de 2018
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A receita do segundo trimestre da divisão de nuvem da Amazon, que representam 11% das vendas totais da companhia no período, subiu 49%, para US $ 6,1 bilhões, superando o crescimento de outras divisões, incluindo a maior unidade da América do Norte

A Amazon.com relatou um forte salto nos lucros do segundo trimestre na última quinta-feira (26), mais uma vez graças aos seus serviços de computação em nuvem. Os holofotes, no entanto, foram direcionados a assistente de voz da empresa, a Alexa. Na verdade, o nome foi citado exatamente 31 vezes no boletim de divulgação dos resultados.

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“Queremos que os clientes possam usar a Alexa onde quer que estejam”, disse o CEO Jeff Bezos no comunicado. “Atualmente, existem dezenas de milhares de desenvolvedores em mais de 150 países construindo novos dispositivos com o serviço de voz Alexa, e o número deles mais que triplicou no ano passado. Nossos parceiros estão criando uma grande variedade de novos dispositivos e experiências.”

Então, imagine o potencial da Amazon quando a Alexa é associada ao Amazon Web Services (AWS)?

Como os dispositivos Echo com a tecnologia Alexa estão sendo cada vez mais usados ​​no mercado de massa por meio de mais de 13 mil equipamentos domésticos inteligentes ou de veículos, da Ford a Toyota, a Amazon está pronta para mudar e capitalizar a forma como o trabalho corporativo será feito – por meio do Alexa for Business sob AWS, uma iniciativa que a empresa de Seattle anunciou pela primeira vez em novembro.

Isso significa que empresas como a gigante farmacêutica Johnson & Johnson, já cliente da AWS, têm trabalhado com a Amazon – elas até já realizaram uma atividade interna recentemente para explorar maneiras de usar o Alexa para coisas diferentes, incluindo encontrar salas de conferência e marcar reuniões.

“A voz é uma nova fronteira para nós”, disse Keith Blizard, vice-presidente de serviços para usuários finais e nuvem pública da J&J, dona de marcas como Tylenol e Neutrogena, no Voice Summit, em Newark, na última terça-feira (23). “Como você reduz os 10 minutos desperdiçados no início da reunião e o torna mais produtivo?”, pergunta, acrescentando que a Alexa também pode ser usada por cientistas ou médicos que usam as mãos o tempo todo.

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A Amazon, por sua vez, já usa a assistente de voz em mais de 700 de suas salas de conferência, e 70% de suas reuniões são iniciadas por ela, disse Collin Davis, gerente geral da Alexa for Business na Amazon.

Mas por que isso é tão crucial? A crescente adoção de alto-falantes inteligentes pelos consumidores e o papel central que a Alexa exerce para ajudar a Amazon a atrair clientes é apenas um aspecto. A AWS, embora menos atraente, é uma grande fonte de lucro que ajuda a financiar vários projetos e iniciativas da Amazon, como uma entrega cada vez mais rápida aos consumidores. Apenas considere isso: o custo de frete do segundo trimestre da Amazon cresceu 31% e chegou a US$ 6 bilhões, mais que o dobro dos US$ 2,5 bilhões de lucro líquido da gigante.

A receita do segundo trimestre da divisão de nuvem da Amazon, que representam 11% das vendas totais da companhia no período, subiu 49%, para US $ 6,1 bilhões, superando o crescimento de outras divisões, incluindo a maior unidade da América do Norte. O lucro operacional da AWS, de US$ 1,6 bilhão, foi mais da metade do total da empresa no trimestre.

Em outro grande contraste, a margem operacional da AWS, uma medida de lucro que analisa a porcentagem das vendas que ficam depois dos custos operacionais, aumentou em cinco pontos, para quase 27%, em relação ao ano anterior. A unidade da América do Norte – responsável por três quintos das vendas da Amazon – registrou uma taxa muito menor, de 5,7%, enquanto a margem operacional para a divisão internacional ainda deficitária foi negativa.

Só isso já explica por que a Alexa for Business pode se tornar um fator de mudança, alimentando ainda mais o crescimento na AWS, a verdadeira fonte de lucro da Amazon.