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“Penso no maior valor, ou nos maiores resultados para cada dólar investido”, diz ele, em inglês rápido e acentuado. “Esse investimento é maior, por assim dizer, se eu me concentro nas poucas instituições acadêmicas. Eles já selecionaram as melhores pessoas, então, o impacto do meu dinheiro provavelmente se multiplicará. ”
No início de setembro, Blavatnik organizou um evento de gala no Museu Americano de História Natural, em Manhattan, com a Academia de Ciências de Nova York, para comemorar os vencedores deste ano do Prêmio Blavatnik para jovens cientistas. Fundada em 2007, a premiação anual reconhece jovens cientistas de pós-doutorado e professores nos EUA com menos de 42 anos que estão no início de suas carreiras, mas que demonstraram potencial para descobertas notáveis. Atualmente, cada um recebe US$ 250 mil em espécie.
Blavatnik desistiu de sua cidadania soviética e agora é um cidadão norte-americano e inglês, mas seus supostos laços com o Kremlin deixaram alguns abalos, especialmente, àqueles que recebiam sua filantropia. Em novembro de 2015, o jornal britânico “The Guardian” recebeu uma carta ao editor, assinada por professores e dissidentes soviéticos, criticando Oxford por ter o nome de Blavatnik em sua escola. Sua principal indignação era o fato de o bilionário supostamente ter ajudado um ataque patrocinado por Vladimir Putin contra os funcionários da empresa de energia British Petroleum (BP) que trabalhavam na Rússia. Oxford defendeu sua decisão e seu benfeitor, enquanto os advogados de Blavatnik negaram que ele tivesse algum papel na trama.
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Perguntado se essas grandes quantias em doações para universidades norte-americanas e britânicas são táticas para se distanciar da Rússia, um porta-voz da Fundação Blavatnik Family respondeu, por e-mail: “A fundação se concentra em promover pesquisas científicas transformadoras, apoiando instituições com um histórico significativo de estudos e avanços em ciência, negócios e governo, independentemente da localização geográfica. Além disso, o Sr. Blavatnik é cidadão dos EUA e do Reino Unido e graduado pelo sistema universitário norte-americano.”
Um homem dos 3 mundos.
Blavatnik nasceu em Odessa, na Ucrânia, em 1957. “Meus pais eram universitários, e eu vivi a ciência toda a minha vida”, diz. “Isso me permitiu uma criação progressista.”
Com um passaporte norte-americano e conexões russas, Blavatnik estava bem posicionado para investir em empresas estatais que se converteram em propriedade privada no início dos anos 90, quando a União Soviética foi destruída. Ele e Vekselberg, um ex-colega de classe, formaram a filial russa da Renova, Access para adquirir participações em empresas de alumínio e de carvão.
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Por meio de uma série de investimentos impulsionados pelas parcerias com vários oligarcas russos, incluindo Vekselberg e Mikhail Fridman (patrimônio líquido de US$ 13,1 bilhões), Blavatnik obteve seus primeiros milhões durante os caóticos dias pós-soviéticos. Uma aquisição foi a petrolífera TNK, antes de sua fusão com o conglomerado de petróleo e gás britânico BP, em 2003. Naquela época, a TNK-BP era a terceira maior companhia petrolífera da Rússia. Uma década depois, a estatal russa Rosneft comprou a TNK-BP por US$ 55 bilhões. FORBES estima que Blavatnik embolsou US$ 7 bilhões com a venda.
Blavatnik também é dono do Warner Music Group, conglomerado de gravadoras americanas que comprou por US$ 3,3 bilhões, em 2011. Ele tem outros US$ 2 bilhões na Access Technology Ventures, um fundo com portfólio que inclui Alibaba, Facebook, Snapchat, Spotify e Yelp.
“Blavatnik é interessante porque pertence a três mundos: Rússia, Nova York e Londres”, diz Anders Aslund, economista e analista russa para assuntos internacionais, no Think Tank Atlantic Council. “Ele é cidadão dos EUA, tem uma escola em Oxford, o que é uma coisa excelente. Mas ao mesmo tempo é um grande oligarca russo.”
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Ainda assim, as coisas estão ótimas para o bilionário, que foi elogiado pela rainha da Inglaterra, em junho de 2017, por seu trabalho filantrópico no Reino Unido. Blavatnik fala casualmente sobre eventos de importância monumental (“A cerimônia do Prêmio Nobel, em Oslo, se você puder ir, eu recomendo. É muito boa”). E, no início deste ano, em fevereiro, teria comprado a casa mais cara da cidade de Nova York, no Upper East Side, por um valor recorde de US$ 90 milhões. O imóvel é anexo à casa que ele comprou em 2007 por US$ 51 milhões.
Em uma época de relações frias e acusações de suposta interferência eleitoral entre EUA e Rússia, Blavatnik, que disse ao “The Guardian” que não se comunicava com Putin desde 2000, é uma peculiaridade. Tendo construído sua fortuna durante o colapso econômico da União Soviética, ele passou a maior parte deste milênio tirando seus ativos da Rússia, enquanto esculpia seu nome nas maiores e mais brilhantes instituições do mundo ocidental. Quando perguntado se iria considerar a expansão do Prêmio Blavatnik de Jovens Cientistas para a Rússia (que se expandiu para o Reino Unido e Israel no ano passado), Blavatnik contestou: “Eu adoraria, mas não tenho planos”. “Mas você sabe, os melhores cientistas russos, na verdade, muitos deles, trabalham na América, então, é uma maneira de beneficiá-los também.”