- Conteúdos pornográficos e eróticos já são comuns na internet, mas o crescimento de startups de áudio pornô está cada vez mais acelerado;
- E as protagonistas desse mercado multimilionário são as mulheres, com o objetivo de aumentar o autoconhecimento e a comunicação sexual;
- Veja exemplos de startups que bombam nesse mercado e seus objetivos principais.
LEIA TAMBÉM: Plataforma oferece US$ 69 mil por ano para assistir a vídeos eróticos
Áudios eróticos e pornografia em geral têm crescido constantemente na internet há anos. Basta pesquisar as palavras-chave no Google e você encontrará podcasts, canais do YouTube e até segmentos do Reddit que oferecem sons sensuais, às vezes com colaborações da comunidade.
De extensas descrições do Airbnb sobre locais como Tulum até áudios pornográficos de namorados que querem agradar, a nova onda de startups de áudio erótico encontrou seu ponto G. Em 2019, eles arrecadaram coletivamente mais de US$ 8 milhões para construir produtos que são agradáveis para todos os públicos.
Estas são as startups fundadas por mulheres que revolucionam a categoria de áudio erótico e sexual:
Dipsea: histórias eróticas imersivas para millennials
A maior parte da produção pornográfica é feita para agradar homens heterossexuais e apresenta uma visão limitada da sexualidade humana. As mulheres muitas vezes sentem distanciamento ou são menos atraídas pelo pornô, que deixa pouco espaço à imaginação e tem zero empatia — importante para a excitação feminina. De fato, pesquisas mostram que 90% das mulheres usam o “enquadramento mental” (ou criação de cenários) para serem atingidas. No entanto, a maior parte da inovação e do investimento no prazer feminino até agora foi focada no corpo, não no cérebro.
Com as categorias hétero, queer e de grupo, bem como diferentes níveis de “aquecimento”, a Dipsea estará disponível para Android a partir de 15 de agosto. A equipe fundadora busca oferecer opções personalizadas para todos os gostos e construiu sua biblioteca com segurança psicológica.
“Não se trata apenas de ficar excitado, mas também de permitir que as pessoas explorem o que gostam, a comunicação que desejam, se gostam de BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo)… Trata-se de explorar seus limites em um espaço seguro”, diz Gina Gutierrez, co-fundadora e CEO da Dipsea. “Além disso, as preferências mudam com o tempo. Queremos conhecer pessoas em todos os estágios da vida: solteiras, casadas, divorciadas e redescobrindo a sexualidade.”
LEIA MAIS: Google e Facebook monitoram a atividade de usuários em sites pornográficos
Ferly: bem-estar sexual emocional em seu telefone
Billie Quinlan e Anna Hushlak lançaram Ferly em 2019, depois de falar com cerca de 400 mulheres sobre suas preferências, medos e preocupações em torno do bem-estar sexual. A maioria das mulheres afirmou que faltava a elas a linguagem para afirmar o que queriam ou o que ainda não haviam explorado por conta própria, devido à vergonha. Além de terem muitas dúvidas em torno de seus desejos e sobre a normalidade deles.
“Começamos a trabalhar juntos em 2017 com a ideia de melhorar a saúde mental e emocional de mulheres e meninas no mundo desenvolvido”, diz o Dr. Hushlak, CSO da Ferly. “Percebemos que ainda havia muita vergonha relacionada ao sexo e à sexualidade, apesar de serem parte do bem-estar. Começamos a explorar áreas como objetificação, auto-imagem, saúde sexual e prazer.”
Juntos, eles criaram um aplicativo que oferece às mulheres práticas guiadas que combinam corpo e mente, exercícios de diário e reflexão, conteúdos e práticas de afirmação. Ferly aborda o bem-estar sexual como um sistema, em vez de isolar as diferentes partes. “Precisamos entender três elementos interconectados: biologia e corpos, emoções e psicologia e, não menos importante, o ambiente cultural e o mundo social, incluindo mídia, pornografia e mensagens sociais em torno do sexo”, acrescenta Quinlan.
“O resultado que queremos é o autodesenvolvimento, e o sexo é a ferramenta para isso. Encorajamos as pessoas a desenvolver hábitos saudáveis por meio da prática de autocuidado sexual”, afirma. Hushlak, para quem sua missão é criar um robusto estúdio de bem-estar sexual.
A startup com sede em Londres tem usuários em 53 países e acabou de fechar um investimento de US$ 1,5 milhão.
Quinn: audio-porn com colaboração coletiva
Caroline Spiegel fundou a Quinn depois de lutar contra uma disfunção sexual causada por um distúrbio alimentar. Ela viveu momentos frustrantes ao tentar encontrar recursos além da pornografia convencional ou dos vibradores. Spiegel lançou a Quinn no início do ano com a co-fundadora Jaclyn Hanley e diz que está usando o feedback dos usuários para aprimorar a plataforma.
Spiegel estabeleceu algumas regras contra incesto, menores de idade, estupro e bestiologia. Para a CEO, que sente grande responsabilidade, é sua missão de combater o estigma em torno da expressão e da exploração sexual feminina.
VEJA MAIS: Como fazer amigos e influenciar pessoas com podcasts
Emjoy: criando hábitos sexuais saudáveis
Andrea Oliver García, fundadora e CEO da Emjoy, iniciou carreira no mundo do capital de risco, tanto em Londres quanto em Barcelona, onde a empresa está sediada. Apesar de sua extensa experiência em rede e o crescente interesse em femtech(aplicativos e produtos voltados ao público feminino) e sextech (tecnologia do sexo), ela ficou surpresa ao saber que criar seu negócio não seria fácil: preconceito e estigma barram recursos financeiros.
O conteúdo é quase todo em forma de áudio, mas há também vídeos animados para fins educacionais, como a anatomia genital. O aplicativo oferece práticas guiadas por especialistas em psicologia, terapia sexual, educação e mindfulness e aborda tópicos sobre como aumentar a libido, conhecer o corpo, aumentar o prazer e melhorar a comunicação sexual.
O Emjoy está agora disponível para Android e iOS e acaba de anunciar uma rodada de investimentos de US$ 1 milhão liderada pela empresa de capital de risco Nauta Capital para dobrar a equipe e crescer nos mercados dos EUA e do Reino Unido.
O mercado de áudio erótico está ficando quente, e é tudo feito pelo público feminino com o prazer e a segurança das mulheres como meta.
Tenha também a Forbes no Google Notícias