O mineiro de Alfenas, Cesar Carvalho – que se autodescreve como “muito competitivo e um pouco nerd” – está tendo um ano e tanto: ele se mudou para os Estados Unidos em janeiro para acelerar a expansão da empresa, já presente em 14 países. Meses depois, em junho, um aporte de US$ 300 milhões do fundo SoftBank elevou o valor de mercado da startup para além de US$ 1 bilhão. Apesar da mudança recente e dos longos expedientes, que iniciam ao raiar do sol e terminam com reuniões entre uma sessão e outra de treinos funcionais (seguidos de jantares com funcionários), o empreendedor se diz bem adaptado à dinâmica rotina nova-iorquina, graças ao foco na saúde física e mental.
“Enquanto a empresa cresce, penso muito em coisas que me trazem de volta à minha origem simples, que me fazem colocar os pés no chão. Estar perto da família e amigos também é muito importante”, confessa Carvalho. “Procuro alocar a quantidade certa de energia e tempo para esses dois mundos. Não importa onde eu esteja no mundo, volto a tempo para jantar com minha esposa na sexta-feira. Os finais de semana são sagrados, reservados para ela, meus filhos e atividades físicas com eles – raramente trabalho nesses dias.”
A ideia que deu origem ao modelo de negócio da Gympass surgiu de uma necessidade prática de Carvalho durante seus anos de consultoria, onde as idas e vindas entre clientes em todo o Brasil e o escritório tornavam a prática de exercícios quase impossível. “Cheguei a pagar, ao mesmo tempo, três academias diferentes que eu usava muito pouco. Pensei, então, em uma mensalidade que me desse acesso a todas as academias, independentemente de onde eu estivesse”, aponta. “O que descobrimos depois foi que empresas estariam dispostas a investir para fazer isso acontecer, acessando flexibilidade a um valor atrativo, o que faz com que funcionários que nunca fizeram atividade física comecem a fazê-lo.” De acordo com Carvalho, 70% dos usuários Gympass não frequentavam academias antes de aderirem ao serviço. “Nossa missão virou acabar com o sedentarismo no mundo.”
O modelo de negócio original da Gympass, que hoje conta com 2 mil clientes corporativos oferecendo o serviço como um benefício para seus funcionários, consistia em vender acesso a academias para o consumidor final, com passes diários. A mudança para o modelo B2B aconteceu nove meses depois do lançamento, um momento em que a startup não estava atingindo nem mesmo suas metas mais conservadoras. O primeiro cliente corporativo, a PwC, trouxe 500 adesões nos primeiros três dias de parceria – mais do que a base de clientes de varejo acumulada durante toda a vida da empresa até então.
“Aporte de US$ 300 milhões do SoftBank elevou o valor da Gympass para além de US$ 1 bilhão”A RELEVÂNCIA DO BRASIL
A expansão internacional da Gympass, atualmente focada nos Estados Unidos e futuramente na Ásia, não significa que o mercado natal da empresa ficará em segundo plano. Carvalho afirma que o Brasil é um dos mercados mais relevantes para a empresa e se beneficiará do avanço global. “É muito fácil priorizar as iniciativas para atender o Brasil: qualquer conta que você faz em termos de investimento vai justificar o desenvolvimento de tecnologia e o desenvolvimento comercial focados no Brasil ou na América Latina.”
VEJA MAIS: Os novos planos do criador de unicórnios Paulo Veras, cofundador da 99
A Gympass é uma empresa brasileira global, ainda no início de sua cruzada para acabar com o sedentarismo, trazendo mais trabalhadores de escritórios para esteiras mundo afora. Essa missão requer que Carvalho continue sua vida de expatriado por ora, mas não definitivamente. “Ainda não tenho a menor visibilidade de quando voltarei para o Brasil, mas sei o que me fará voltar. Quero estar perto da minha família e dos amigos. Por enquanto tenho o objetivo de fazer essa empresa crescer. Não consigo pensar em outra coisa.”
Reportagem publicada na edição 70, lançada em agosto de 2019
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Tenha também a Forbes no Google Notícias