“Eu não ia reconstruir”, lembra Hicks, um californiano que possui a propriedade desde 1980. “Na minha idade, eu deveria estar viajando e pescando, em vez de passar meu tempo comprometido, estressado e com centenas de decisões a tomar.”
Mais de 24 mil casas na Califórnia foram destruídas por incêndios desde 2017. Alguns proprietários as venderam. Outros optaram por casas prontas construídas em fábricas. Daqueles que decidiram reconstruir do zero, muitos continuam administrando dores de cabeça, desde a remoção de detritos e reclamações de seguros até a contratação de empreiteiros, engenheiros e arquitetos. O retorno relativamente rápido de Hicks teve ajuda da Homebound, uma startup fundada há 18 meses que agora gerencia todo o processo de 150 vítimas de incêndio.
A Homebound cobra uma taxa com base no custo do projeto, mas não diz quanto. (Os empreiteiros gerais costumam cobrar entre 10% e 25% para gerenciar a construção.) A receita do primeiro ano foi estimada em US$ 10 milhões.
“Enquanto observávamos as pessoas tentando navegar no processo e a complexidade de tudo o que elas precisavam fazer para construir uma casa, sabíamos que havia ferramentas de tecnologia realmente simples que eram usadas em outros setores que poderiam tornar o processo mais simples”, diz Pechet, que atua como CEO da Homebound.
As mudanças, pelo menos em teoria, estão muito atrasadas. A McKinsey classificou a construção como uma das indústrias mais complicadas do país, citando a fragmentação e os benefícios financeiros difíceis de medir como barreiras que precisam ser quebradas. Os incêndios não apenas criaram uma demanda sem precedentes, como também eliminaram alguns obstáculos importantes à adoção.
Como as vítimas de incêndio possuem apenas um terreno sem nada construído, têm um forte incentivo para fazer as coisas rapidamente. A maioria também possui seguro, e bons planos pagam até quatro vezes o valor da casa perdida, fornecendo às pessoas dinheiro para gastar e ainda mais motivos para agir rapidamente, uma vez que a maioria das apólices cobre apenas dois anos de condições alternativas de moradia. A Homebound concentrou seus esforços no condado de Sonoma, no norte da Califórnia, e em Malibu, no sul, os quais têm governos locais acelerando as licenças de construção para propriedades afetadas pelo fogo e populações com experiência em tecnologia prontas para trabalhar com empreiteiros habilitado digitalmente.
Nikki, 38 anos, cresceu em Minnesota e aprendeu a usar serra de mesa e furadeira na oficina de seu tio na terceira série. Ela conheceu o desenvolvedor imobiliário Stephen Ross enquanto estudava na Universidade de Michigan e, depois de se formar, trabalhou no departamento de marketing da Pepsi durante o dia e na Related Companies de Ross nas noites e fins de semana. Ela então recebeu um MBA da Harvard Business School e passou oito anos na estrada como consultora da Bain & Company.
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“Pude ver que era possível usar a tecnologia para combinar pessoas que queriam trabalhar com pessoas que precisavam trabalhar”, diz Nikki. Mas, quando os incêndios ocorreram, ela, que também é dona de uma casa em Napa que quase queimou em um incêndio, viu que apresentar pessoas não era suficiente para quem está começando do zero. Meses depois de dar à luz seu terceiro filho, Nikki imaginou que abriria uma empresa em mais ou menos um ano, mas o destino interveio na forma de Abraham, que agora aconselha Nikki como presidente executivo da Homebound.
Abraham, sócio-gerente da empresa de capital de risco Atomic, estava tentando reconstruir sua própria casa de fim de semana perdida em um incêndio. Indignado com os preços cotados por uma escassa oferta de empreiteiros locais, ele esboçou um plano para importar mão de obra mais barata de lugares distantes como o Arizona. Ele trouxe o conceito para seus parceiros na Atomic, que mantém uma lista de 500 ideias de startups e incuba as melhores delas em seu escritório em São Francisco. Sua busca por um CEO levou a Nikki.
“Quando penso na inovação que precisa acontecer neste setor, não é apenas um detalhe; é tudo”, ela diz.
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