O cofundador da WeWork e ex-CEO entrou com uma ação contra o conglomerado fundado por Masayoshi Son, que já foi sua líder de torcida mais poderosa, no Tribunal de Chancelaria de Delaware na noite de ontem (5). A medida adiciona Neumann a uma discussão legal que começou quando um comitê especial do conselho entrou com uma ação semelhante em nome da The We Company no mês passado. A ação de Neumann inclui uma moção para consolidar as duas.
A reclamação é o primeiro vislumbre público das intenções de Neumann desde que ele foi destituído como CEO em setembro, após a falha na oferta pública da empresa. O processo, impensável há apenas seis meses, é a mais recente reviravolta do drama que envolveu a companhia.
A questão está na decisão do SoftBank, de 1º de abril, de abandonar os planos de compra de US$ 3 bilhões em ações da WeWork de investidores minoritários. A oferta fez parte de um pacote de resgate oferecido à WeWork em outubro, após a falha no IPO. O cancelamento impediu que Neumann coletasse até US$ 970 milhões com a venda de ações ao investidor japonês.
O processo alega que o SoftBank tomou medidas para minar o acordo em dezembro de 2019, impedindo o fechamento de um negócio da WeWork na China, o que era um pré-requisito para a oferta pública. “Depois de ganhar o controle da WeWork e do conselho, a SBG e a SBVF renegaram sua promessa de pagar pelos benefícios que já haviam recebido”, diz a denúncia, referindo-se ao SoftBank Group e ao Vision Fund do SoftBank. Como motivo, a reclamação aponta para a condição financeira “deteriorada” do SoftBank.
O diretor jurídico do SoftBank, Rob Townsend, classificou as reivindicações como “sem mérito” e disse: “Sob os termos do nosso contrato, assinado por Adam Neumann, o SoftBank não tinha nenhuma obrigação de concluir a oferta pública na qual o Sr. Neumann –o maior beneficiário– procurava para vender quase US$ 1 bilhão em ações”.
“Você e Miguel não são loucos o suficiente”, disse Son a Neumann no momento de seu primeiro investimento.
Em setembro, o conselho da WeWork removeu Neumann como CEO. Ele supervisionava a empresa, que acumulava enormes perdas e a oferta pública falida expunha questões generalizadas de governança corporativa. Um artigo do “Wall Street Journal” falando do uso de maconha de Neumann e outros atos questionáveis foi a gota d’água.
Com necessidade de capital, o conselho da WeWork votou a favor do resgate do SoftBank, em vez de um pacote de dívida concorrente de US$ 5 bilhões do JPMorgan. O acordo com o SoftBank correspondia ao JPMorgan em dívida corporativa, mas era muito mais favorável a Neumann pessoalmente por causa da oferta pública, uma taxa de consultoria de US$ 180 milhões e uma linha de crédito de US$ 500 milhões para quitar outras dívidas.
Em meados de março, quando o surto de coronavírus ganhou um impulso devastador e deixou muitos locais da WeWork vazios, Son notificou os investidores de que o SoftBank tinha motivos para renegociar a oferta pública, apontando condições não atendidas, incluindo investigações regulatórias em andamento na WeWork e falha na consolidação de seus negócios na China. Minutos após o prazo final de 1º de abril, o SoftBank informou os investidores que não avançaria com a oferta pública.
Em 7 de abril, os antigos conselheiros Bruce Dunlevie, da Benchmark, e Lew Frankfort, ex-CEO da Coach, entraram com uma ação no Tribunal de Chancelaria de Delaware em nome de todos os acionistas minoritários. Eles juntaram um comitê especial, originalmente formado para avaliar as ofertas de resgate concorrentes da SoftBank e JPMorgan.
Esse processo alega que os executivos do SoftBank tomaram medidas para sabotar a compra assim que o contrato original foi assinado. A Benchmark, que possui 8% da WeWork, poderia ter feito mais de US$ 350 milhões na oferta pública, de acordo com um documento revisado pela Forbes. O SoftBank questionou os motivos de Dunlevie e Frankfort e o direito de entrar com uma ação, chamando de “tentativa equivocada agora de reescrever esse contrato e reescrever a história dos últimos seis meses”.
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