Com apenas 19 anos, Alexandra Andresen é a bilionária mais nova do mundo. Herdeira de uma fortuna familiar vinda do tabaco, ela estreia entre os maiores bilionários do mundo em 2016, graças a sua participação na empresa de investimentos Ferd que a FORBES avalia em US$ 1,2 bilhão.
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Tendo acabado de sair do ensino médio, Alexandra parece ter de correr para ser uma proprietária ativa, porém, na verdade ela é uma das mais promissoras amazonas da Noruega e coleciona troféus de competições ao redor da Europa.
Igualmente rica é sua irmã Katharina, um ano mais velha. Após um período em um projeto liderado pela Ferd que tinha como alvo o desemprego juvenil em 2014, Katharina entrou na Amsterdam University College onde estuda ciências sociais.
Cada uma das irmãs detém 42,2% da empresa privada há certo tempo. Apesar de sua riqueza no papel, elas foram capazes de viver com relativa normalidade na Noruega até recentemente. Para indivíduos com mais de 17 anos, as autoridades fiscais da Noruega publicam anualmente os números de retorno de imposto. Então, desde que atingiram idade legal, as irmãs começaram a receber atenção por sua participação. Katharina, em uma entrevista na televisão norueguesa, disse que ela recebeu 500 novas solicitações de amizade no Facebook quando detalhes de sua riqueza foram publicados pela primeira vez em 2014.
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A empresa Ferd, que significa “jornada” em norueguês, tem raízes no ano de 1849, quando Johan Henrik Andresen comprou a fábrica de tabaco J.L. Tiedemanns e começou o que se tornou o fabricante de cigarro líder do mercado na Noruega por mais de 150 anos. A família permaneceu na indústria do tabaco até 2005, quando vendeu sua participação a Skandinavisk Tobakskompagni por quase US$ 500 milhões. Hoje, a Ferd é uma empresa holding com interesses diversos espalhados entre capital privado, imóveis, investimentos em segurança e fundo de cobertura. Hoje, Johan H. Andersen, pai das irmãs e presidente do conselho, membro da 5a geração, detém 15,2% mas ainda tem 70% dos votos e a conta @FerdOwner (“dono da Ferd”, em tradução livre) no Twitter, através da qual ele divulga seus pensamentos para cerca de 55 mil seguidores.
Apesar de ser uma empresa privada sem investidores externos, a Ferd publica semi-anualmente detalhes de seus investimentos em seu site, incluindo seu valor patrimonial de mais de US$ 3 bilhões.
Uma configuração semelhante (a divisão de transferência e votos entre gerações, não a parte do Twitter) produziu outro jovem bilionário na Noruega neste ano. Gustav Magnar Witzoe detém 47% da SalMar ASA, um dos maiores produtores de salmão do mundo, fundada por seu pai que ainda administra a empresa. A participação na SalMar torna esse jovem de 22 anos o terceiro bilionário mais novo do mundo.
Porque os bilionários noruegueses estão passando suas fortunas a seus filhos em uma idade tão nova? Você provavelmente já adivinhou:
“Deve haver várias razões de como a propriedade em um negócio familiar é estruturada – e imposto é quase sempre uma razão importante”, disse Espen Nordbo, sócio do escritório de advocacia de Oslo Haavind com interesse especial em legislação e regulamentação fiscal.
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A Noruega é um dos únicos países que ainda têm taxa de imposto sobre patrimônio, o que requer que indivíduos ricos paguem quase 1% de seu patrimônio líquido anualmente. Como a base para essa taxa é o patrimônio líquido de cada indivíduo separado, começando no ano em que os indivíduos fazem 17 anos, uma família rica pode reduzir sua taxa geral ao distribuir seus ativos entre os membros da família, explicou Nordbo sobre planejamento de propriedade.
Isso pode ser um fator menor do que costumava ser, pois as taxas foram diminuídas recentemente, mas há também outras regulamentações que entram em jogo.
Em janeiro de 2014, o novo governo de centro-direita da Noruega aboliu o imposto sucessório para negócios familiares onerosos. Temores de que isso seja uma janela de oportunidade mais do que uma nova normalidade, pois a taxa pode ser reintroduzida nas próximas eleições, potencialmente apressou as transferências de propriedade em algumas famílias.
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Outro fator, ainda, são as limitações que as leis de herança norueguesas têm sobre testamentos, que protegem que cônjuges e todos os filhos sejam escritos contra a vontade. Se um norueguês rico quiser assegurar-se de que a pessoa certa herde sua fortuna ou empresa, dar os ativos antes de sua morte é a única maneira de decidir livremente quem recebe cada coisa.
Oyvind Bohren, professor de finanças da Norwegian Business School, em Oslo, com interesse especial em negócios familiares, acrescenta que, além das regulamentações, há também um aspecto único da cultura norueguesa que pode ajudar a explicar a abundância de jovens do país à lista de bilionários da FORBES.
“Uma especulação (…) é que a transferência adiantada de riqueza para os filhos reflete a versão moderna do modelo escandinavo. Em particular, a família é cada vez mais considerada um time de sócios iguais, onde idade e gênero não contam mais. Os pais mais frequentemente consideram seus filhos como seus pares, e consideram mais natural que eles participem de modo mais sério no topo.”
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Pares ou não, Alexandra e Katharina ajudam seu pai com o dinheiro e com o título de rei das redes sociais da família, compartilhando o amor de seu pai por uma presença ativa online. A rede social preferida das jovens é o Instagram. Katharina posta retratos de sua estilosa vida de estudante em Amsterdam, e o de Alexandra é uma mistura de cavalos, medalhas, veganismo, encorajamento e apelos para parar a crueldade com os animais.