Os grandes governos já enfrentaram muitas indústrias ao longo dos últimos anos: a de cigarros, refrigerantes, bitcoins. Agora, o próximo alvo é o café. Um juiz de Los Angeles, na Califórnia, decidiu que a bebida deverá ser vendida com um aviso sobre câncer.
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Isso é uma má notícia para a Starbucks, por vários motivos. Um deles é o mais óbvio: a medida vai afastar uma parte dos consumidores da rede, já que a maioria dos seus produtos é feita à base de café expresso. Outra razão é que pode forçar as pessoas a mudarem o estilo de vida associado ao consumo da bebida, enfraquecendo o modelo de negócios da Starbucks. Principalmente se outros países seguirem o exemplo da Califórnia e o café passar a ser associado a produtos que causam câncer.
Por enquanto, os mercados não parecem estar preocupados com essa perspectiva. As ações da Starbucks subiram ligeiramente nos últimos cinco dias de março (de 27 a 31), superando o mercado geral. E a rede continua registrando aumento na receita: no mesmo período, a alta foi de 5,9%, contra 5,3% da concorrente Dunkin’ Brands.
Ainda assim, a decisão da Califórnia chega em um momento em que a empresa enfrenta sérios desafios. Um deles é a saturação do mercado em território norte-americano, já que há uma loja da Starbucks em cada esquina. Outro desafio é a crescente concorrência do McCafé, evidenciando a recente recuperação nas vendas do McDonald’s.
Além disso, há uma competição internacional de startups que conseguiram igualar – ou até ultrapassar – o modelo de “terceiro lugar” da Starbucks – local onde as pessoas consideram estar depois de suas casas e ambientes de trabalho -, como a Mikel Coffee Company, por exemplo, com sede na Grécia, que oferece um portfólio com 130 bebidas e um espaço elegante, com atendentes cuidadosamente recrutados, bem treinados e dedicados – e com planos de expansão para o Oriente Médio e Europa.
Embora os grandes governos não consigam acabar com um hábito forte como o consumo do café, eles podem aumentar os temores ao instalar um rótulo com a palavra “câncer” nas embalagens. E o medo pode diminuir o entusiasmo de cadeias de cafeterias como a Starbucks.