3 titãs que promovem a popularização da criptografia

5 de julho de 2018
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Os verdadeiros campeões da criptografia são movidos pelo impacto que o mundo sentirá com a adoção em massa desse novo protocolo

Não faz muito tempo que o Bitcoin ainda era um dinheiro mágico da internet para nerds. Em 2010, ver alguém pagar uma pizza com 10 mil bitcoins causava reações de espanto e bullying.

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A criptografia evoluiu muito desde então e se tornou um verdadeiro ecossistema de blockchain. Projetos têm inovado em relação ao nível de protocolo, que permite transações imutáveis, transparentes e resistentes à censura e que, ao mesmo tempo, acabam com a necessidade de intermediários.

Essa combinação poderosa de tecnologias deu a idealistas e a apoiadores da liberdade uma nova esperança. A proliferação de ICO (sigla em inglês para “oferta inicial de moeda”) permitiu a alguns donos de empresas definir rapidamente os detalhes de seu levantamento de capital para conseguir dinheiro rápido e a investidores encontrar a próxima aposta. Afinal, as pessoas querem lucrar.

Os verdadeiros campeões da criptografia não entraram nesse universo por ganhos financeiros. Eles são movidos pelo impacto que o mundo sentirá com a adoção em massa desse novo protocolo. As pessoas mencionadas abaixo são alguns dos poucos titãs que lutam todos os dias para ajudar essa indústria a crescer. Eles incorporam a descentralização, e não é incomum que caminhem pelo mundo impulsionando o movimento, seja onde for.

Changpeng Zhao (CZ), da Binance

Reprodução/YouTube

A missão da Binance é espalhar a adoção da criptografia para as massas

A Binance criou um exchange para negociar moedas fiduciárias, o Uganda Exchange, no dia 28 de junho. Muitos podem se perguntar por que a empresa escolheu Uganda, já que a receita seria muito maior em mercados estabelecidos. Mas a missão da Binance é espalhar a adoção da criptografia para as massas. “Uganda é uma economia financeira muito menos desenvolvida. Fazer a criptografia ser adotada em um país onde apenas 11% da população têm conta bancária irá levar anos de trabalho meticuloso. É preciso educar os usuários, construir a economia e, essencialmente, construir tudo do zero”, diz CZ.

Em termos de desenvolvimento econômico, a Binance quer criar empregos para 5 mil pessoas em cinco anos e, a longo prazo, criar 50 mil postos. “Quero ajudar a África a crescer. Quero ajudar a América do Sul a crescer. Quero ajudar a Ásia a crescer. Quero ajudar outros seres humanos, mas só posso fazer a minha pequena parte para ajudar. Acredito fortemente que a criptografia terá um impacto positivo massivo nas vidas as pessoas”, explica CZ.

Escalar a forma em que a Binance investe recursos ao redor do mundo não é uma tarefa fácil. É por isso que eles lançaram o fundo Binance Labs $1B, para investir na construção de infraestrutura de blockchain e ver aplicações com casos de uso real. Eles querem ajudar a indústria a se tornar maior ao ajudar novas empresas do mundo a crescerem. A Binance diz acreditar que essa é a coisa certa a fazer como companhia, mesmo se o cálculo de retorno sobre o investimento não for claro.

Aparentemente, para a Binance, isso ainda não é fazer o suficiente, visto que eles têm também uma fundação de caridade que já doou para alguns projetos na África, com a exigência de que essas instituições sejam 100% transparentes ao registrar tudo em blockchain. Fazer isso aumenta o conhecimento sobre a criptografia e educa as massas. A Binance cobre todas as taxas administrativas. Isso atraiu a atenção de muitos governos, que entraram em contato para trabalhar com a empresa.

Mick Hagen, da Mainframe

Reprodução/LinkedIn

A Mainframe acelera a pesquisa e a adoção de tecnologias descentralizadas para combater a censura e promover a segurança

A Mainframe oferece mensagens resistentes à censura. Eles lutam pela liberdade e pela privacidade para todos, pois pensam que qualquer pessoa deveria ser capaz de dizer o que quiser sem nenhum órgão central para controlar. Recentemente, a empresa viajou pelo mundo para chegar mais perto de sua comunidade, por meio de seus famosos eventos Airdrop.

Eles promoveram, até pouco tempo atrás, um Airdrop global, como preparação para sua distribuição de tokens, que ocorreu ontem (4). Eles percorreram longas distâncias para conduzir a adoção das massas ao movimento descentralizado. O CEO da Mainframe, Mich Hagen, diz: “Encanta-me como as pessoas estão dispostas a viajar o mundo todo para comparecer a nossos eventos. Uma senhora voou da China até Varsóvia. Um grupo dirigiu por 25 horas e nos seguiu por toda a Europa”.

A Mainframe organizou Airdrops físicos para seus tokens. Eles viajaram por todo o mundo (Hong Kong, Varsóvia, Xangai, Zug, Pequim, Paris, Tóquio, Londres, Seul, Amsterdã, Nova York, Berlim) para encontrar sua comunidade. Adeptos e apoiadores apareceram em multidões. Filas se formaram na porta, eles doaram US$ 3 milhões, mas, acima de tudo, foram capazes de mobilizar pessoas fisicamente e fazer com que apoiadores da liberdade e da privacidade se conhecessem. Para a real adoção das massas de um protocolo como esse, isso é o que precisava acontecer.

A missão em que Hagen e do restante do time estão será exaustiva, mas eles não têm medo. A equipe conduziu um evento Airdrop na China, onde o governo é conhecido por censurar mensagens do WeChat. Alguns podem pensar que governos não gostariam de mensagens resistentes à censura, mas um governo no Oriente Médio irá experimentar o protocolo Mainframe.

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Para que isso realmente ganhe escala, a Mainframe não pode estar sozinha. Eles doaram 1.000 ETH (a moeda virtual Ether) à Freedom of the Press Foundation. “O time da Mainframe está animado em apoiar uma organização em cujo trabalho todos nós acreditamos profundamente. Nossa comunidade está comprometida com a proteção da liberdade, da privacidade e da segurança digital, e estamos orgulhosos em apoiar sua missão além da contribuição que foi feita hoje”, declarou Hagen. Isso acelera a pesquisa e a adoção de tecnologias descentralizadas para combater a censura e promover a segurança.

Vitalik Buterin, da Ethereum

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Para Vitalik, a escalabilidade é apenas o primeiro passo para a adoção em massa

Vitalik entende que, em um nível técnico, a escalabilidade é o desafio mais importante que precisa ser resolvido para que as aplicações de blockchain alcancem a adoção em massa. Esse titã da criptografia sabe que o caminho mais rápido para superar esse obstáculo é se associar à comunidade ao redor do mundo. O Ethereum Scalability Research and Development Program, que foi anunciado no final de janeiro, irá oferecer quantias de US$ 50 mil e US$ 1 milhão a grupos ao redor do mundo que trabalhem em duas estratégias para o escalonamento: soluções de sharding (que requerem uma pequena porcentagem de protocolos para ver e processar cada transação) e off-chain (transações que apenas interagem com o blockchain subjacente quando necessário). Vitalik quer apoiar uma estratégia com múltiplas abordagens em relação à escalabilidade da Ethereum.

A escalabilidade é apenas o primeiro passo para a adoção em massa. Ainda é preciso construir a infraestrutura, as ferramentas e as aplicações de código aberto da internet descentralizada. O Ethereum Community Fund, aconselhado por Vitalik, tem uma missão global de apoiar isso ao fornecer valores entre US$ 50 mil e US$ 500 mil. Mais de US$ 100 milhões em moedas fiduciárias e ETH, entre outras, foram levantados para o fundo.

A Ethereum sabe como atender sua comunidade global de desenvolvedores e construtores de ecossistema. Sua popular conferência, a Devcon, ocorrerá neste ano em Praga. O evento, que começou como um pequeno encontro em Berlim em 2014, reuniu 2 mil pessoas em Cancun no ano passado. Os desenvolvedores mais talentosos do mundo todo se reúnem para se conectar, aprender e compartilhar o que estão construindo para tornar o mundo melhor com a tecnologia cripto.

Em um momento em que tantos entram na indústria, é inspirador ver fundadores com grandes ambições fazendo coisas boas. Podemos falar sobre a onda de ICO tanto quanto quisermos, mas sob o nosso nariz estão os verdadeiros campeões da tecnologia cripto conduzindo a adoção em massa: pessoas que constróem a infraestrutura e a tecnologia para beneficiar a humanidade.