Itali Collini, da 500 Startups, alerta para os vieses inconscientes dos investidores de startups

19 de dezembro de 2019
gettyimages-LuisAlvarez

Aspectos como a experiência e composição dos fundadores de uma startup são essenciais para investidores decidirem se o negócio deve receber atenção

“O investimento em startups é de risco muito alto”, foi assim que Itali Collini, diretora de operações da 500 Startups no Brasil, começou sua participação no 2º dia do palco FORBES Mulher, por Fabiana Scaranzi, na São Paulo Tech Week de 2019. Ela falou sobre como é investir em startups, quais as características fundamentais de fundadores e como o mercado de investimentos privilegia empresas criadas por homens.

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A especialista deixou claro que investimento em startups é uma operação que foge do padrão: “Pode te deixar rico, mas é preciso fazer isso com consciência e diversificação”. Segundo Itali, estatísticas mostram que as startups que multiplicam seu capital de maneira extraordinária é de apenas 2%.

Pessoas acostumadas com o mercado de investimentos mais tradicional podem se sentir inseguras pela ausência de histórico de informações. Ou seja, não é possível prever o futuro de uma startup com base em seu passado de operações: “Esse tipo de empresa geralmente está no começo, é de base tecnológica e trabalha com incertezas muito grandes”, afirmou.

Outra diferença fundamental desse tipo de investimento é o tempo para a realização das operações. Itali Collini contou que, em média, o ciclo econômico médio da 500 Startups é de 12 anos, ou seja, só depois de seis anos que é possível avaliar a situação da startup e decidir o que fazer com a participação.

Itali também mostrou a visão do investidor e elencou alguns dos pontos mais importantes para avaliar a chance de sucesso de uma startup. “Usamos critérios qualitativos, como o histórico e composição do time e como é a experiência do fundador dessa empresa”. Para ela, as características dos fundadores são essenciais para estimar o futuro de uma nova empresa. “Essa pessoa tem que ter uma capacidade de execução muito boa e alguma experiência que a qualifique, no setor, em empreendedorismo no geral ou com o problema que está tentando resolver”.

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Além disso, produto e mercado devem ser avaliados. “Eu preciso entender se o mercado é realmente grande, pois isso me dá a possibilidade de alto retorno”. O contrato de investimento e os vieses inconscientes também foram lembrados por Itali.

Segundo ela, um estudo publicado na revista “Harvard Business Review” mostrou que fundadoras costumam passar por mais dificuldades na hora de fazer um pitch, ou seja, vender a ideia de suas startups. A pesquisa indicou que 60% de fundadores homens recebem perguntas de promoção, que questionam sobre planos para o futuro de uma maneira positiva. Por outro lado, 60% das fundadoras de uma startup recebem perguntas de contenção, geralmente relacionadas ao risco.

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Essa diferenciação torna o investimento em startups geridas por mulheres mais difícil, já que a impressão passada pelas perguntas de contenção não é tão esperançosa quanto as de promoção, mais comuns entre homens. Itali encerrou seu discurso lembrando que a situação desigual entre homens e mulheres acontece no mundo inteiro: “É preciso repensar esse vieses que já estão comprovados por pesquisas e trazer mais mulheres para serem vistas por investidores e, também, mais mulheres investidoras para esse mundo que está florescendo aqui no Brasil”.

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