10 CEOs que estão maximizando ganhos e lutando por igualdade racial

25 de junho de 2020
GettyImages/ Bill Pugliano

Esses CEOs de grandes empresas, como Mary Barra, já concentravam esforços para promover a igualdade racial antes dos protestos nos EUA

Se o mundo espera alcançar a igualdade racial, precisa de líderes autênticos, comprometidos e engajados. Líderes de todas as esferas (educação, governo e empresas) que usem suas vozes e plataformas para efetuar mudanças sistêmicas. E, é claro, é preciso que esses líderes alcancem sucesso no mercado e mantenham suas plataformas para causar impacto.

Mais importante, porém, são necessários líderes que demonstrem apoio consistente: que permaneçam engajados muito tempo depois que as manchetes não veiculem tanto o tema. Líderes como os que escolhi abaixo, cada um com um forte histórico de promoção da diversidade, no passado e no presente. Alguns adotaram pessoalmente políticas que apoiam pessoas de cor, outros estão mantendo um legado que começou décadas atrás.

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Embora nenhum dos líderes ou empresas mencionados seja perfeito, eles estão se movendo na direção certa. Em vez de postar mensagens simpáticas nas redes sociais e ir embora, elas estão voltando o olhar para si mesmos e incentivando mudanças fundamentais na maneira como fazemos negócios.

Veja a seguir dez CEOs e empresas que defendem a diversidade e a inclusão há anos e continuam agora:

1. Jide Zeitlin, Tapestry (Coach, Kate Spade)

Como um dos únicos quatro CEOs negros das empresas da Fortune 500, não é surpresa que Jide Zeitlin esteja comprometido com a diversidade. O conselho da Tapestry é composto de 40% de mulheres e 45% de não-brancos. No início deste ano, Zeitlin lançou um programa de treinamento de inclusão. Ele disse ao Yahoo! que o programa ajuda os funcionários da Tapestry a entender que seus colegas têm perspectivas diferentes, que ele chamou de “uma força autêntica”.

Após a morte de George Floyd, Zeitlin postou uma carta carregada de emoção no LinkedIn, na qual ele disse que sua organização estava trabalhando em um plano que convocaria justiça social, jurídica e entidades corporativas para lidar com a desigualdade sistêmica em setores como saúde, oportunidade econômica e segurança pública.

Nas palavras de Zeitlin: “Diversidade por si só não significa muito até você mudar a cultura da sua organização. Até que todo funcionário possa vir e realmente sentir que pode trazer seu verdadeiro eu para o trabalho, você não está revelando o potencial da sua força de trabalho.”

2. Matthew McCarthy, Ben & Jerry’s

A Ben & Jerry’s, famosa marca de sorvetes, está comprometida com a justiça social desde a sua fundação em 1978. A empresa já falou desde questões da justiça climática aos direitos dos refugiados, geralmente doando parte de sua receita para várias causas. Em 2016, anunciou publicamente seu apoio ao Black Lives Matter, muito antes de outras empresas terem a coragem de fazê-lo.

Quando Matthew McCarthy assumiu o comando em 2018, ele prometeu “dobrar” o impacto social da empresa. Dentro de alguns meses, ele lançou um novo sabor que promovia várias organizações, incluindo uma focada na igualdade negra. E logo após a morte de Floyd, a Ben & Jerry’s divulgou uma declaração poderosa que foi além das palavras vagas de outras empresas, nas quais sugeria quatro ações para “desmantelar a supremacia branca” nos EUA.

Nas palavras de McCarthy: “Os negócios devem ser responsabilizados por estabelecer metas muito específicas, especificamente para desmantelar a supremacia branca nas e através de nossas organizações. Você valoriza o que mensura. Você mensura o que valoriza. Se você não colocar metas em torno dessas coisas, elas simplesmente não acontecem”.

3. Marvin Ellison, Lowe’s

Como outro CEO negro de uma empresa da Fortune 500, Marvin Ellison priorizou a diversidade corporativa desde que assumiu seu cargo em 2018. Juntamente com o diretor de diversidade da empresa, ele lançou diversos grupos de recursos de negócios para trabalhadores sub-representados, incluindo aqueles que são negros ou mulheres. Cada grupo tem um patrocinador executivo “para promover uma competência cultural mais ampla e ganhar visibilidade entre a liderança da empresa”.

Em 30 de maio, Ellison compartilhou uma carta no Twitter, dizendo que tinha “uma compreensão pessoal do medo e frustração que muitos de vocês estão sentindo”. Após a declaração, a Lowe’s, que havia anunciado anteriormente US$ 25 milhões em doações para pequenas empresas afetadas pela pandemia, comprometeu a primeira rodada de investimentos para empresas pertencentes a minorias e mulheres.

Nas palavras de Ellison: “Para superar os desafios que todos enfrentamos, devemos usar nossas vozes e exigir que a ignorância e o racismo cheguem ao fim. Este é um momento de nos reunirmos, de nos apoiarmos e, através de parcerias, começarmos a nos curar”.

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4. Mary Barra, General Motors

Em 1971, a GM se tornou a primeira empresa da Fortune 500 a ter um negro como membro do conselho. No ano seguinte, lançou um programa de desenvolvimento de revendedores de minorias. A empresa continuou quebrando barreiras com Mary Barra, a primeira e única CEO mulher de uma montadora. Hoje, a GM oferece uma variedade de grupos de recursos para funcionários (dos quais um em cada três colaboradores participa), faz parceria com organizações de justiça racial e possui um programa de diversidade de fornecedores de longa data.

Nas últimas semanas, Barra mostrou-se fortemente contra o racismo, escrevendo em um e-mail para toda a empresa que “há uma grande diferença entre ver o que está errado e fazer o que é certo”. Nesse memorando, Barra prometeu ações: a GM está doando US$ 10 milhões para organizações que apoiam a inclusão e a justiça racial e está formando um Conselho Consultivo de Inclusão com o objetivo de se tornar “a empresa mais inclusiva do mundo”.

Nas palavras de Barra: “Vamos parar de perguntar ‘por que’ e começar a perguntar ‘o que’. O que vamos fazer? Neste momento, cada um de nós deve decidir o que podemos fazer (individual e coletivamente) para conduzir a mudança, que seja significativa e deliberada.”

5. Ramon Laguarta, PepsiCo

Há muito tempo, a PepsiCo apoia os funcionários negros: criou uma equipe de vendas formada por negros em 1947 e promoveu Harvey Russell, um homem negro, para vice-presidente da empresa em 1962. A Pepsi diz que ele foi “o primeiro executivo negro de uma grande multinacional corporativa norte-americana”.

Ramon Laguarta, o atual CEO, mantém esse legado. Recentemente, ele comprometeu US$ 400 milhões em iniciativas que promovem os negros norte-americanos, incluindo o aumento da população gerencial negra da Pepsi em 30% até 2025, mais do que dobrando seus gastos com fornecedores negros e investindo US$ 20 milhões em comunidades negras. A subsidiária da PepsiCo, Quaker Oats, também anunciou que, após 130 anos, finalmente aposentará a marca Aunt Jemima.

Nas palavras de Laguarta: “Estamos comprometidos com este trabalho porque sabemos que a sociedade americana colocou um fardo desproporcional sobre os negros. Injustiça e desigualdade são problemas para todos nós, e todos devemos fazer nossa parte para derrotá-los”.

6. Roger Ferguson, TIAA-CREF

Em 1987, a empresa de investimentos TIAA-CREF se tornou a primeira empresa da Fortune 500 a contratar um CEO negro: Clifton Wharton Jr. Quando Roger Ferguson, que também é negro, assumiu o cargo em 2018, continuou promovendo a diversidade: nos últimos oito anos , a empresa chegou à lista das 50 principais empresas da DiversityInc. A empresa elogiou os grupos de recursos de negócios da TIAA, a estratégia de diversidade de dados, a série de conversas com foco na inclusão e o programa de diversidade de fornecedores.

Após a morte de Floyd, Ferguson não fez declarações particularmente marcantes, talvez porque seus feitos durante os anos falem por si. Em um memorando para os clientes, ele escreveu que “a TIAA tem uma longa história de oposição ativa ao racismo em todas as suas formas, e nossa determinação está mais forte do que nunca”. Ele também anunciou o lançamento do “Be The Change”, um programa para “elevar nossa força de trabalho e nossas comunidades através do diálogo, educação e engajamento”.

Nas palavras de Ferguson: “Falando por mim como membro do conselho, é realmente importante que a cultura da empresa seja aberta, inclusiva, amplamente diversificada, principalmente se você estiver interagindo com o público em geral. Ter uma população que entenda isso e seja solidária a todas as mudanças na sociedade é realmente importante”.

7. Julie Sweet, Accenture

Em setembro de 2019, a Accenture foi nomeada a empresa número 1 no Índice de Diversidade e Inclusão da Refinitiv pelo segundo ano consecutivo. Desde 2015, a empresa mais que dobrou o número de diretores executivos negros, de 31 para 80, e continua sendo a única empresa americana de serviços profissionais a publicar suas estatísticas de diversidade. A empresa continua avançando na diversidade. Os exemplos incluem a presença de duas conselheiras negras e 22% de seus conselheiros independentes são negros. Além disso, Julie Sweet está publicamente comprometida com a diversidade há anos. Após as mortes de Philando Castile e Alton Sterling em 2016, ela viajou pelo país promovendo uma série de conversas em toda a empresa sobre justiça racial.

Em uma nota recente aos funcionários, Sweet reconheceu que a empresa tem “muito mais a fazer” e disse que em breve anunciaria metas específicas para aumentar sua porcentagem de funcionários e diretores administrativos negros e latinos (metas que ela já tem em relação às mulheres). A empresa também está expandindo seu treinamento obrigatório de preconceito inconsciente com educação adicional contra o racismo.

Nas palavras de Sweet: “Eu não acho que seja algo tão complexo. Você primeiro precisa decidir se a diversidade é uma prioridade do negócio. Se for, você precisa tratá-la como uma prioridade de negócios. Você define metas, tem líderes responsáveis, mede o progresso e tem um plano de ação. Se você fizer essas quatro coisas, fará progressos”.

8. Kenneth Frazier, Merck

Defensor de longa data da diversidade corporativa, uma das frases marcantes de Kenneth Frazier é: “Quando alguém me pergunta qual é o argumento comercial para a diversidade, eu digo: primeiro me diga qual é o argumento comercial para homogeneidade”. Na Merck, Frazier ao que parece “vincula a remuneração de executivos às métricas de diversidade, assina pessoalmente metas de diversidade e se reúne regularmente com grupos de recursos”.

Durante a recente turbulência, Frazier foi um dos líderes empresariais negros mais importantes, dizendo à CNBC que George Floyd “poderia ser eu” e pedindo aos líderes empresariais que fechem a “diferença de oportunidades” existente entre norte-americanos negros e brancos. A Merck, no entanto, ainda não anunciou como vai contribuir para a causa.

Nas palavras de Frazier: “As pessoas divulgam declarações, divulgam banalidades, dizem que isso é terrível. A questão fundamental é: fazemos mais do que nos é pedido?”

9. Marc Benioff, Salesforce

Embora Marc Benioff, fundador e CEO da Salesforce, tenha sido acusado de explorar o Black Lives Matter, acredito que seu histórico geral mostra que ele está comprometido com a justiça social. Benioff nomeou um diretor de igualdade em 2016, gastou US$ 10 milhões para garantir remuneração equitativa em gênero, raça e etnia, e exige que os líderes da empresa preencham pontuações com a frequência com que promovem mulheres e minorias sub-representadas.

Porém, como em muitas empresas de tecnologia, o Salesforce ainda tem um trabalho significativo a ser feito em sua própria equipe: apenas 1,5% de seus líderes e 2,9% de seus funcionários são negros. Assim, em 10 de junho, a empresa anunciou que acrescentaria “recrutamento” ao título de seu diretor de igualdade, com o objetivo de promover “uma lente inclusiva a cada etapa do processo de contratação, reforçando nosso esforço para construir um local de trabalho que reflita as comunidades que servimos.”

Nas palavras de Benioff: “Estamos em um ponto em que os CEOs reconhecem que simplesmente não podem pensar apenas em seus acionistas. Eles precisam levar em conta todas as partes interessadas, sejam as escolas, o meio ambiente ou a igualdade fundamental para todo ser humano”.

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10. Josh Silverman, Etsy

Um ano após Josh Silverman se tornar CEO do marketplace Etsy, a empresa criou sua primeira equipe de diversidade e inclusão. Ele dirigiu um programa de orientação para funcionários negros e latinos e criou rubricas de avaliação para tornar o processo de contratação mais justo. Em um ano, dobrou o número de contratações de pessoas negras e latinas, a maioria dos quais eram engenheiros.

Em 2018, a empresa anunciou seu objetivo de dobrar a porcentagem de funcionários de grupos minoritários em sua força de trabalho até 2023. Como essa linha do tempo demonstra, o compromisso de Silverman com a justiça racial não foi meramente despertado pelas notícias do momento: a Etsy persegue a equidade racial há anos. Nos últimos dias, o site de comércio eletrônico também criou uma página dedicada às lojas comandadas por negros, e prometeu US$ 1 milhão para organizações de justiça racial.

Nas palavras de Silverman: “Não podemos lutar por pequenas empresas, se também não lutarmos pelo empoderamento dos empresários negros. Não podemos contratar e cuidar de nossos funcionários negros, se também não protegermos as vidas negras em todos os lugares”.

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