“Afrodescendentes são 56% da população autodeclarada, representam 67% dos desempregados e maioria carcerária. Quando empreendem, no nano e no microempreendimento, nem 29% consegue empregar outra pessoa em seu próprio negócio e tem crédito três vezes mais negado por instituições financeiras”, diz Nina. Ela completa: “Não falta apenas representatividade, falta inclusão e foi nesse contexto que nasceu o Movimento Black Money”. A iniciativa de Nina, um hub de inovação negro, tem como objetivo transformar, educar e fomentar o empreendedorismo preto. Segundo o estudo A Voz e a Vez – Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo, pessoas negras movimentam em média R$ 1,7 trilhão ao ano no Brasil.
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Nina, que estudou na Universidade de Nova York, diz que o racismo nos Estados Unidos e no Brasil acontece de forma diferente. “Nos EUA eu sentia, mas não tinha uma fala explícita de racismo, até porque nas instituições de lá isso é gravíssimo. No Brasil, os ataques que sofremos o tempo todo nas periferias, por exemplo, são raciais. Eu estou exposta a todo momento em qualquer horário, meu corpo está exposto independentemente de eu usar terno ou estar na Forbes. Não é à toa que espaços de poder têm cor e ela é branca, mas as pessoas se incomodam de falar sobre isso e ainda mais de tratar”, pontua. A executiva que, por muitos anos, trabalhou em ambientes corporativos, relembra ganhava menos, em comparação à remuneração de mulheres e homens brancos e que foi demitida por não ter “aspecto corporativo”.
Como forma de diminuir o racismo, Nina sugere que “as pessoas precisam ter intenção, não basta compartilhar uma hashtag ou perfil de pessoas negras, é preciso ação contínua sobre a questão. Por exemplo, dar preferência para pessoas negras em contratações, uma vez que somos a maior parte da força de trabalho sem ocupação. Isso começar a passar uma ideia para quem está na empresa, mas não é tão ligado a esses pontos”. E finaliza: “pessoas diferentes chegam em públicos diferentes, é aumento de lucratividade e performance”.
Levando em consideração o cenário da pandemia de Covid-19, Nina ressalta que a população preta contaminada tem 32% mais risco de morte e que mais de 60% dos atendimentos feitos pelo SUS são a pessoas negras. “Isso é uma questão racial, mas quando abordada é levada para o aspecto de periferia, de sanitarismo na favela. É preciso levar em conta que as pessoas pretas são a linha de frente, estão nos deliveries, no caixa do supermercado, nos balcões de atendimento de hospitais e farmácias, nas portarias, cargos de segurança e serviços gerais.”
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