A linha conta com 30 cores e cinco classificações de acordo com subtons. Tudo para que o produto se encaixe perfeitamente no perfil dos consumidores, como uma segunda pele. A euforia foi tanta que, apenas nos três primeiros dias, a marca vendeu 200 mil unidades, a R$ 69,90 cada. E segue vendendo, com possibilidade de comercializar 1 milhão de bases até o final do mês. “Produzimos uma quantidade que deveria durar até o fim do ano, mas acredito que não passe do início de novembro. Por isso, estamos acompanhando os próximos lotes”, diz Bruna, proprietária da marca que leva seu nome e seus propósitos de vida.
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A vida de blogueira era um hobbie que Bruna conciliava com a rotina de jornalista de redação mas, de repente, começou a receber propostas de publicidade e press kits de marcas em casa. “Era para ser algo temporário, mas começou a dar muito certo e eu não conseguia mais largar. Comecei a fazer textos menos sisudos, como resenhas, o que aproximou ainda mais o público.” Até que, em 2011, após cerca de três anos do primeiro post, foi chamada pela Tracta para lançar uma linha de batons ao lado de outras 12 blogueiras. “Eu guardava e investia o dinheiro que ganhava com o blog. Quando surgiu o negócio com a Tracta, pedi que, em vez de dinheiro, me pagassem em batons.’”
Com a casa cheia de produtos da cor salmão – a que havia solicitado -, Bruna começou a enviá-los para jornalistas e influenciadores, como um cartão de visitas. Com isso, alcançou o top 1 de vendas e alavancou ainda mais sua imagem como blogueira. “Na época, eu tinha 4 mil acessos por dia e fui para 400 mil. Um ano depois, em 2012, a Tracta me chamou para fazer uma linha completa”, conta. Batizada com o nome do blog, a coleção “Pausa para Feminices” foi o primeiro passo da sua crescente paixão pelo desenvolvimento de produtos de maquiagem.
O laboratório cosmético detentor da Tracta, a Farmaervas, tornou-se uma segunda casa para Bruna, que explorava fortemente a parte química dos produtos. “A linha cresceu e eu comecei a me dedicar muito. Me apaixonei tanto por esse negócio que me afastei um pouco do trabalho de blogueira e comecei a enxergar isso como meu futuro.” Naquele momento, ela já havia abandonado a carreira nas redações e, em 2016, começou a negociar a criação de uma marca própria que levasse o seu nome. “Eles me cedem o laboratório para que eu possa desenvolver fórmulas exclusivas, diferente da participação que eu tinha nas outras coleções. Então acabamos nos tornando uma divisão da Farmaervas.”
Bruna também destaca sua relação de proximidade com seu público. “Eu sou focada em oferecer conteúdo. Escrever é o que eu mais gosto de fazer, então mesmo quando gravo vídeo para o YouTube, é tudo roteirizado. Até os press releases da marca e os textos do cartucho dos produtos sou eu que faço, como se estivesse falando com a pessoa que não leu meu post no blog. Eu gosto de fazer isso, sou jornalista.” Em meio a esse cenário, a empreendedora encarou algumas dificuldades, principalmente quando percebeu que nem todos enxergavam seu trabalho com a mesma positividade.
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O PAPEL DA BT SKIN NO CENÁRIO NACIONAL
A porta de entrada de Bruna nos negócios foi a indústria de batons – das versões salmão feitas com a Tracta até os primeiros produtos de sua marca própria. “Foi aí que eu comecei a perceber os gaps do setor e a demora dos produtos em chegar ao varejo brasileiro. Por isso, foquei em lançar cores e subtons que só existiam no mercado internacional, como os neutros das Kardashians.” Dessa visão de tendências nasceu a BT Skin.
Com cartelas que contemplam, em média, nove ou 10 tons de base, as marcas de beleza presentes em território nacional não atendem de maneira satisfatória o público consumidor brasileiro – extremamente diverso. E Bruna percebeu isso logo. “Esse fato me incomodava, mas quando eu falava sobre ele, as pessoas riam. Minha primeira linha tinha 16 cores e isso, na época, causou burburinho”, relembra. Quando fundou sua própria marca, Bruna tornou-se chefe de si mesma, e as risadas deram lugar a estudos e pesquisas aprofundadas.
Embora tenha levado o mercado nacional de maquiagem a outro nível, Bruna conta que só se deu conta disso quando o lançamento estava próximo. “Por um bom tempo, eu pensei que a linha seria apenas adequada para o momento.” No entanto, a conquista é mais do que justa, visto que a empreendedora mergulhou de cabeça para tornar o projeto possível. “Mais importante do que fazer 30 cores, é colocar todas elas nas lojas. Em determinado momento, eu disse para o meu time: ‘Se não tiver displays nos estabelecimentos físicos, não temos projeto. Não quero lançar se não for palpável para as pessoas’.”
A nova coleção triplicou o espaço da marca na Sephora, protagonizando um dos maiores lançamentos dos últimos tempos, com produtos se esgotando em poucas horas em plena pandemia. “Isso mostra para o mercado que uma tabela diversificada de cores é possível e cria uma cadeia de acontecimentos.” Na semana passada, os produtos passaram a fazer parte das prateleiras de lojas como Renner e Riachuelo, além de farmácias e perfumarias, aumentando o potencial de vendas.
Nessa mesma linha de raciocínio, Bruna diz que vender 1 milhão de bases em poucas semanas é apenas o começo, e revela os próximos passos. “Vou lançar um e-commerce próprio até o final do ano. Eu quero que seja uma experiência para o consumidor, então escrevi os textos de descrição dos produtos com muitos detalhes. Vai ser uma grande enciclopédia da marca.”
Além das vendas online, a empresária quer quebrar outra barreira comercial: as fronteiras. “Temos planos para começar a vender na Flórida, Estados Unidos, mas, para isso, precisamos reestruturar os produtos para que eles agradem tanto os brasileiros que moram fora quanto os consumidores estrangeiros. Água de coco é uma matéria-prima super brasileira que eu uso muito e que lá fora é um luxo, muito valorizada. Então, temos que levar o ‘Made in Brazil’ de um jeito que seja adequado à pele gringa.”
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