Startup que produz frango vegetal recebe US$ 8 milhões

9 de novembro de 2020
Divulgação

Criada por empreendedores veganos, Daring está espalhado seus produtos pelos Estados Unidos

Este mês, a startup vegana Daring planeja lançar seus novos pedaços de frango empanados à base de plantas em todos os 40 locais da rede de restaurantes Just Salad, nos Estados Unidos e no mundo. É um pequeno passo, mas muito significativo, para colocar esses produtos na boca de mais consumidores que desejam a experiência de um frango “sem o frango”.

Com US$ 8 milhões no bolso de uma rodada de investimentos Série A realizada no final de setembro liderada pela empresa de capital de risco Maveron, a Daring está adicionando novos sabores e expandindo seu alcance na indústria da alimentação. Essa movimentação foi atrasada pela pandemia, que chegou justamente quando a empresa estava se lançando no mercado norte-americano, contou o CEO e cofundador Ross Mackay. Ao todo, a empresa já arrecadou até agora cerca de US$ 20 milhões, incluindo os US$ 10 milhões do final do ano passado aportado pelo Rastelli Foods Group.

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O principal propósito da Daring é remover o frango do sistema alimentar, tanto em função das preocupações com o bem-estar do animal quanto do impacto do abate no meio ambiente. E, para fazer isso, os cofundadores veganos Mackay, 28 anos, e Eliott Kessas, 29, precisavam de algo que tivesse um gosto muito bom e sustentável, para começar.

Não é uma tarefa fácil quebrar um mercado de mais de US$ 100 bilhões com um produto à base de plantas. Mas os empreendedores estão seguindo os passos de empresas de base vegetal bem-sucedidas que oferecem uma alternativa aos hambúrgueres tradicionais.

“As empresas Impossible Foods e Beyond Meat fizeram um trabalho fantástico no setor da carne vermelha”, diz MacKay. “Decidimos produzir frango porque sentimos que era um produto que ainda não está bem estabelecido. Acho que os produtos no mercado precisavam de sabor, textura e proteína.” E, pior ainda, eram “altamente processados, com muitos ingredientes e muito sódio”, completou.

Mackay e Kessas são amigos há uma década. Embora ambos tenham histórico empresarial, nenhum deles havia trabalhado no ramo da alimentação. Eles começaram a empresa na Escócia, em 2018, depois de comerem frango vegetal em Paris – que os deixou insatisfeitos e se perguntando se poderiam fazer melhor. Depois de desenvolver seu produto no Reino Unido, fizeram um lançamento discreto por lá no ano passado, antes de mudar sua sede para os EUA, para que pudessem acessar um mercado maior. E a escolha da área de Los Angeles não foi aleatória, uma vez que a cidade também abriga as sedes da Impossible Foods e da Beyond Meat.

A empresa ainda é pequena, mas o novo financiamento já está gerando uma onda de contratações que deve elevar o número de funcionários para 20 até o final deste ano. Mesmo com o adiamento das negociações com a maioria dos restaurantes em potencial quando a pandemia surgiu, a Daring conseguiu trazer uma nova fonte de receita ao fornecer kits de refeição com seu frango vegetal. A empresa também vende seus produtos diretamente aos consumidores por meio do site e em várias redes de supermercados norte-americanos. Mais negócios estão em andamento, de acordo com Mackay.

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Dan Levitan, sócio-gerente e cofundador da Maveron, disse em um comunicado na época do anúncio da Série A que a indústria de alimentos à base de plantas ainda estava em seus estágios iniciais. “A próxima onda de alternativas baseadas em vegetais precisa ser significativamente menos processada e com um perfil de ingredientes mais sustentáveis para conquistar os corações, mentes e estômagos dos consumidores.”

Eu nunca fui uma grande fã de comida vegana, então experimentei as ofertas de Daring com expectativas muito baixas. E fui agradavelmente surpreendida.

Os pedaços congelados cozinha fácil, de forma rápida. Usei os pedaços de frango da Daring com pimentão e cebola, para rechear uma tortilha. Refoguei os pedaços com limão, ervas e cogumelos portobello e acrescentei algumas ervilhas congeladas – e servi com as sobras de arroz. (Aposto que poderia ter enganado alguns comedores de carne, mas, nesses tempos de pandemia, comi sozinha.) Infelizmente, o produto empanado não é isento de glúten, mas as outras variedades sim.

Certamente seria mais barato comer frango de verdade, então esta é definitivamente uma escolha de estilo de vida, ao preço de US$ 29,99 por um pacote de 30 pedaços. Uma porção de Original Daring Pieces tem 90 calorias, 13 gramas de proteína, cinco gramas de fibra e 315 mg de sódio. Todos os produtos contam com concentração de proteína de soja.

O veredicto: no que diz respeito aos produtos à base de plantas, a Daring é uma boa alternativa em relação ao tofu. São produtos saborosos, com a textura e suculência de frango real. Ousados, possuem até o dourado do original. Mas resta saber se os comedores de frango obstinados verão isso como uma alternativa.

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Mackay está apostando no aumento do interesse do consumidor em alimentos mais saudáveis, capazes de mitigar as mudanças climáticas. E acredita que ainda há muito espaço para inovação em alternativas avícolas à base de plantas. Uma vez que a grande maioria do frango é consumida na forma de peito e coxas desossadas e sem pele, é nessa direção que a Daring precisa seguir, especialmente quando se trata de uma grande distribuição, diz ele.

“Estamos inovando e queremos chegar em um produto maior e melhor, com peças mais robustas e um formato mais completo, do tamanho do hambúrguer. Isso é tudo o que eu posso dizer por enquanto”, diz Mackay.

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