Roger Federer fatura US$ 106 milhões e é o atleta mais bem pago do mundo em 2020

29 de maio de 2020
GettyImages/ Gallo Images

Roger Federer construiu uma imagem de si que atrai o interesse de diversas marcas e torneios esportivos

Roger Federer está no topo da lista Forbes dos atletas mais bem pagos de 2020, com US$ 106,3 milhões em ganhos (antes dos impostos). O craque suíço é o primeiro tenista a ocupar o 1o lugar desde que o ranking estreou, em 1990.

O valor ganho por Federer inclui US$ 6,3 milhões em prêmios em dinheiro e US$ 100 milhões em patrocínios e verbas de publicidade, elevando-o do 5º lugar em 2019 e superando seu recorde pessoal da vice-liderança em 2013.

“A marca de Federer é irretocável”, diz David Carter, professor de negócios esportivos da Marshall School of Business da USC. “E é por isso que as empresas que podem se dar ao luxo de ligarem suas imagens a dele o fazem.”

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O portfólio de patrocínios de Federer é incomparável se levarmos em conta os atletas ativos, com 13 marcas, incluindo Barilla, Moet & Chandon e Rimowa, pagando entre US$ 3 milhões e US$ 30 milhões para se associarem ao 20 vezes campeão de Grand Slams. O tenista de 38 anos e o golfista Tiger Woods são os únicos dois atletas ativos a atingirem US$ 100 milhões em um único ano apenas com patrocínios.

O currículo do tenista em quadra é lendário, com os recordes masculinos da maioria dos títulos de Slams e a maior quantidade de semanas em primeiro lugar no ranking mundial (310). A consistência é impressionante. Ele ficou entre os três primeiros por 750 semanas consecutivas (quase 15 anos) e se classificou para 18 das 19 finais de Slams entre 2005 e 2010.

A receita é a mesma do “Manual de Michael Jordan”, o modelo para dominação global narrado no documentário “Arremesso Final”, da ESPN, sobre a lenda do basquete norte-americano: domine um esporte com audiência global por anos, converse com homens e mulheres, fique longe de problemas, adicione uma dose de arrogância e uma pitada de carisma. Isso fez de Michael Jordan o atleta mais rico do planeta e o primeiro atleta bilionário. Mesmo na aposentadoria, ele continua a receber cheques de patrocínio que rivalizam com os de Federer e Woods, graças à sua parte nas vendas de tênis da Nike Jordan Brand.

Os três atletas respiram um ar rarefeito, reservado para os competidores de elite. Jordan ficou em primeiro lugar na lista da Forbes seis vezes durante seus 13 anos de carreira no Chicago Bulls, deixando a coroa para Woods depois de se aposentar do time em 1998. (Michael Schumacher, da Fórmula 1, conquistou o topo por dois anos entre Woods e Jordan.) Em seu auge, Woods acumulou mais de US$ 100 milhões anualmente fora das competições, aparecendo como o atleta mais bem pago da Forbes e conquistando o recorde de aparecer 12 vezes na lista até interromper a sequência com um escândalo de infidelidade que contribuiu para uma seca de uma década sem títulos.

Federer, apesar de ocupar o 1o lugar no final de sua carreira, não mostra sinais de desaceleração. Sua mais recente parceria é com a marca de tênis de corrida suíça On, cuja sede fica perto da nova casa que a estrela do tênis está construindo no Lago de Zurique. O atleta representará a marca, cujas vendas dobram anualmente desde o lançamento, em 2010, e também investiu na empresa em troca de uma participação acionária que uma fonte chamou de “significativa”, uma parceria que pode render ótimos frutos para ele.

Outro sinal de como Federer se dedica fora das quadras: uma vez que as empresas acertam um patrocínio com ele, elas quase nunca o abandonam. Rolex, Credit Suisse, Mercedes-Benz e Wilson estão no “Team Fed” há mais de uma década. A exceção? A Nike, de Jordan.

O tenista surpreendeu o mundo dos calçados esportivos em 2018, quando se separou da grife após 20 anos e se juntou a Uniqlo. A marca, parte da Fast Retailing (empresa multinacional de comércio varejista do Japão), fez uma oferta que ele não podia recusar, prometendo US$ 300 milhões em uma década – jogando ou não – e deixando em aberto uma vaga para um acordo com uma empresa de calçados, como a On, já que a gigante japonesa não fabrica tênis.

A duração e os termos do acordo assustam, uma vez que o atleta estava prestes a completar 37 anos quando o assinou. Nessa idade, quase todos os tenistas já se aposentaram – detalhe que pouco importou para o jogo no qual a varejista está de olho.

“Sentimos que o maior impacto de Roger Federer ainda está por vir”, diz John Jay, diretor de criação global da Uniqlo. “É claro que tudo isso será alimentado por seu status como o maior de todos os tempos, mas a sua capacidade de trazer mudanças positivas ao mundo é o futuro dessa parceria.”

A empresa espera que Federer possa manter o mesmo tipo de apelo que Jordan ainda tem, mesmo muito tempo depois de seu último arremesso . Os clubes de tênis da Europa já estão abarrotados de crianças usando chapéus “RF”, o logotipo que a Nike controlou por dois anos após a divisão, mas que está de volta às mãos de Federer e é a base para futuros acordos de licenciamento.

Este não foi o único movimento hábil de Federer. O atleta assumiu mais controle de sua marca quando deixou a empresa de esportes IMG com o agente de longa data Tony Godsick para lançar sua própria operação, em 2013, batizada de TEAM8. Entre os clientes atuais estão Juan Martin del Potro e Alexander Zverev, a jogadora de 16 anos Coco Gauff e o goleiro do New York Rangers Henrik Lundqvist. A TEAM8 também obteve sucesso com a criação de um novo evento anual, a Laver Cup, torneio de tênis que coloca frente a frente um time da Europa contra o resto do mundo em uma competição comparável à Ryder Cup do golfe.

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Federer tem outras ferramentas de alavancagem no esporte que nem Michael Jordan tem. Ele é uma mercadoria quente para os organizadores de torneios menores que pagam pela presença dos melhores jogadores. Um evento masculino sem um dos três grandes (Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic) é difícil de comercializar. Federer cobra a taxa máxima de mais de US$ 1 milhão por presença. Depois, há os tours de exibição (uma mistura de tênis e show business) em locais que não têm grandes eventos a oferecer. O atleta fez um trajeto de cinco paradas pela América Latina em novembro, que adicionou mais de US$ 15 milhões à sua conta bancária, incluindo uma partida contra Zverev em um estádio de touradas na Cidade do México que atraiu mais de 42 mil fãs, um recorde para uma partida de tênis.

O tenista usou sua plataforma e dinheiro para se concentrar na educação de crianças na África, com sua fundação homônima, que gastou US$ 52 milhões para ajudar 1,5 milhão de crianças. Ele se juntou a Bill Gates em jogos de caridade três vezes: o último “Match for Africa” ​​contou com Gates e Federer contra Nadal e o apresentador do “Daily Show” Trevor Noah na África do Sul, onde nasceu a mãe de Federer. O evento de fevereiro levantou US$ 3,7 milhões.

Federer é o melhor de todos os tempos dentro e fora das quadras.

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