Entre tantos projetos de impacto nos esforços de erradicação da pobreza, combate às mudanças climáticas e redução das desigualdades, o Under 30 da edição 2017 formado em Direito pela USP e Administração e Economia pelo Insper teve seu esforco reconhecido pela enviada especial do secretário-geral da ONU, Jayathma Wickramanayake, que liderou a iniciativa.
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O forte impacto alcançado foi uma surpresa até para Toenjes, que não esperava trilhar essa trajetória em sua carreira. Durante o período de faculdade, ele conta ter sido agraciado com bolsas estudantis, o que abriu portas para que se tornasse um profissional altamente qualificado. No último ano no Insper, pensou que deveria “retribuir à sociedade” com outro impacto social, como em um ciclo de empatia com o próximo. Sendo assim, decidiu participar de um concurso estudantil sobre o assunto. A vitória lhe deu a oportunidade de participar pessoalmente da competição de negócios de impacto social no México.
Foi ali, em um coletivo completamente diferente do que estava acostumado a frequentar, que ouviu um representante da ONG alemã OneDollarGlasses discursar. “Fiquei sabendo que 680 milhões de pessoas no mundo precisavam de óculos, mas não podiam pagar”, relembra Toenjes. “Fiquei com isso na cabeça e fui estudar. Descobri que 42 milhões de brasileiros precisam usar óculos e não sabem. Além disso, há uma relação muito maior do que pensamos entre evasão escolar e problemas de visão.”
De volta ao Brasil, o então estudante decidiu colocar em prática um projeto para democratizar a saúde oftalmológica no Brasil. “Entramos em contato com esse grupo da Alemanha e trouxemos óculos de grau de baixo custo. Mas percebi que não adiantava nada ter óculos e não ter oftalmologistas – cerca de 71% dos municípios no país não possuem médicos com essa especialidade.”
“Naquele momento eu estava focado na captação de dinheiro em lugares como a avenida Faria Lima. Não estava em contato com a ponta do projeto. Na Amazônia, eu conheci a Dona Suzana, com 76 anos, 15 filhos, 56 netos e vários bisnetos. Ela teve o primeiro atendimento oftalmológico da vida dela. Começou a chorar falando que finalmente poderia ler a bíblia novamente”, lembra. Na felicidade singela de Dona Suzana e de tantos outros pacientes, Toenjes assistiu de camarote o impacto que estava causando com seu trabalho. “Voltei da Amazônia e desisti dos programas de trainee. Decidi que eu queria fazer algo maior.”
Em 2016, já com uma equipe de colaboradores dedicados full time, o empreendedor sentiu a necessidade de crescer mais e criou a VerBem, empresa social que visa criar soluções junto a um grupo de investidores para transformar o excludente cenário da saúde visual no Brasil e gerar recursos para a Renovatio. Esse insight nasceu de uma crise advinda do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, no mesmo ano. “A Renovatio é 100% financiada por capital privado, sendo 84% de empresas e 16% de pessoas físicas. Na época do impeachment, nossas doações caíram mais de 70% e percebemos que não podíamos ficar dependentes das doações.”
Como uma forma de não ficar à deriva durante crises econômicas, a VerBem trabalhou com maestria. No entanto, com um funcionamento pautado na aglomeração, já que algumas das ações chegam a atender 2 mil pessoas por dia, a ONG sentiu o impacto da pandemia de Covid-19. “Ia ser nosso maior ano, tínhamos mais de 70 mil consultas marcadas. Então, nesse momento, lançamos diversos movimentos para neutralizar os efeitos da pandemia. Não podíamos ficar parados, esperando.” Através de suas iniciativas, 22 mil testes foram entregues gratuitamente para hospitais públicos e filantrópicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e aos povos indígenas do Xingu.
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