Quais as habilidades essenciais da nova liderança?

15 de junho de 2021
Klaus Vedfelt/Getty Images

Hoje já percebemos a necessidade de as empresas irem além do discurso, mas mirarem também na prática e em ações concretas de ESG

O mundo está se transformando, repensando e reavaliando a sua forma de agir diante de uma nova realidade. A pandemia de Covid-19 acelerou a mudança de comportamento na sociedade – e posso ousar em dizer um viés mais humano e empático sobre o outro. O que estamos vivendo neste novo cenário é a prática de se preocupar e cuidar mais do próximo, valorizar e se importar com o pensamento e a opinião do outro e, principalmente, aprender a ouvir mais.

Nos ambientes corporativos, a transformação é também bastante percebida. Não são poucos os exemplos de como a boa gestão dos aspectos sociais impacta, e muito, o lado econômico. Não à toa temas como diversidade, inclusão social, empatia, educação solidária, protagonismo feminino, entre outros, são pauta crescente em uma gestão mais humanizada e eficiente.

ESG e Gestão do Capital Humano como tendências

Diante deste contexto, podemos notar um momento disruptivo global que promove a transformação da forma de pensar e liderar o seu negócio. Esse momento traz uma reflexão mais empática e que valoriza o capital humano.

No cenário organizacional, a combinação de três fatores (preocupação com a preservação do meio ambiente, questões sociais e a governança das empresas), mede o índice de sustentabilidade e impacto social dos negócios, sob a sigla ESG – de Environmental, Social and Governance. Hoje já percebemos a necessidade de as empresas irem além do discurso, mas mirarem também na prática e em ações concretas de ESG.

Uma das tendências interessantes para 2021 é a Gestão do Capital Humano, de acordo com a pesquisa “2021 Global and Regional Trends in Corporate Governance”, realizada por Russell Reynolds Associates. Com 40 instituições globais, investidores e agentes de governança, o levantamento afirma que esta nova tendência de gestão traz aos Conselhos de Administração a responsabilidade de supervisionar a gestão do capital humano e da cultura corporativa, além da divulgação do que está sendo feito de fato.

Outro estudo aponta que líderes atuais precisam desenvolver e exercer competências novas no tabuleiro corporativo como emoção e intuição, missão e propósito, intelecto e percepção, tecnologia e inovação, e inclusão de stakeholders. A conclusão foi realizada pelo Fórum Econômico Mundial e Accenture, em seu Modelo dos Cinco Elementos de Liderança.

Na prática, a agenda ESG impulsiona o capital humano nos seguintes segmentos:

  • Na esfera social – Por meio do comprometimento com a diversidade em sua estrutura organizacional, com a inclusão de diferentes gêneros, raças e idades no corpo funcional. Isso acarreta oportunidade de emprego e promoção de carreira;
  • Na esfera ambiental – Execução de medidas preventivas e controle a fim de reduzir os impactos causados no meio ambiente. Com isso, pode gerar oportunidade de negócio para prestadores de serviços em temas ambientais ou de segurança do trabalho. Outra forma é realizar o replantio de vegetações, reparação de afluentes de rios ou criar áreas de proteção ambiental;
  • Na esfera da gestão corporativa – Tomada de decisões baseadas no anseio de seus investidores, colaboradores e sociedades do seu entorno. Garantir que as decisões sejam pautadas na ética, no interesse da empresa e do negócio, e não no interesse pessoal de administradores. Desta forma, especialistas em compliance e consultorias em questões ESG podem ter grandes oportunidades e influenciar positivamente nos resultados da sua empresa.

Por todos esses motivos que as grandes empresas estão gradualmente adotando uma agenda ESG em seus negócios. Além de apresentar uma melhoria em seus serviços prestados ou em seus produtos desenvolvidos, há o impacto positivo na vida das pessoas. Por isso, a sigla ESG vem sendo reconhecida como um selo de qualidade para as empresas. Assim, elas conseguem mais investimentos e se valorizam cada vez mais no mercado.

Seja um líder atualizado e pratique as mudanças

Você está preparado para implementar novas práticas de liderança em seu negócio? Seguem abaixo cinco competências necessárias para qualquer líder 4.0:

  • Emoção e intuição: O novo líder tem que ter sensibilidade para temas sociais, empatia e saber endereçar as questões de saúde mental na prática com seus colaboradores. Observe e, mais do que isso, dê o exemplo;
  • Missão e propósito: Tome posse da agenda ESG e estabeleça objetivos inspirando uma visão compartilhada de prosperidade sustentável para a organização e stakeholders. Defina métricas claras para tangibilizar o progresso;
  • Tecnologia e inovação: Crie novo valor organizacional e social inovando responsavelmente com a tecnologia emergente. Quais as inovações incrementais que você pode trazer aos seus produtos, aos seus processos? Incentive a mentalidade focada em melhoria constante;
  • Intelecto e percepção: Seja curioso e aprenda sempre que puder! Aprendizado contínuo e troca de conhecimento são fundamentais;
  • Inclusão de stakeholders: Um líder tem que ter a capacidade de se relacionar dentro e fora de sua empresa, por isso, ter engajamento e empatia é essencial para o sucesso corporativo.

Estar atento às mudanças constantes é fundamental para o sucesso corporativo. Por isso, dê importância aos fatores tangíveis e intangíveis da sua empresa.

Saiba que os negócios que se comprometem com as melhores práticas de gestão acabam tendo uma operação mais sustentável em diferentes aspectos e, como consequência, geram resultados prósperos ao longo do tempo. E, lembre-se: um bom líder é, antes de tudo, um ser humano empático. Você se torna um bom líder quando percebe que não é sobre você!

Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.