Dessa maneira, desde pequenos negócios até grandes corporações têm aderido a mecanismos de compensação de emissão de gases de efeito estufa como forma de manifestar seu compromisso com as causas ambientais. Por exemplo, quem nunca pediu comida por um aplicativo e recebeu uma mensagem de que a entrega será “carbono neutro”? É cada vez mais comum isso acontecer.
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Ainda assim, competições importantes mundo afora têm aderido a projetos de preservação ambiental. A Nascar, por exemplo, investe no plantio de árvores através do “NASCAR Tree Planting Program”, projeto que já plantou mais de meio milhão de árvores nos Estados Unidos. A Fórmula 1, por sua vez, anunciou em 2019 o plano ambicioso de zerar as suas emissões até 2030, através do desenvolvimento de diversas tecnologias. No Brasil, grandes campeonatos aderiram, entre 2020 e 2021, à compensação de carbono de seus eventos.
“Qualquer evento, seja de automobilismo ou de entretenimento, ou ainda se tratando de emissões corporativas, são projetos que geram crédito de carbono, que hoje é a forma mais eficiente, mais utilizada para a compensação de gases de efeito estufa para neutralizar carbono”, explica Mallmann, que é também um dos responsáveis pelo projeto de compensação de carbono da Stock Car, desde de 2021.
O processo para que essa compensação seja realizada, segundo Mallmann, consiste em três etapas básicas. “A identificação das fontes de emissão, no caso da Stock Car a organização, logística e os carros de corrida; o cálculo de emissões, chamado de inventário de emissões de gases de efeito estufa, o somatório total e a compensação”, especifica o CEO, acrescentando também que a compensação pode ser feita tanto pelo plantio de árvores, mecanismo mais caro e complexo, quanto através de créditos de carbono. “E na compensação hoje, o projeto com mais apelo de mercado são os RIDD+, que são os projetos de desmatamento evitados, ou seja, a manutenção, conservação e preservação de florestas em pé”, arremata.
A maior prova de rali das Américas, com aproximadamente cinco mil quilômetros de trajeto, passou a compensar as emissões decorrentes de toda sua infraestrutura. São cinco aeronaves, veículos de apoio, geradores, resíduos gerados pelos participantes, além das emissões dos veículos de competição. “Eles (participantes) recebem um certificado da neutralização do carbono, o que é importante até para os seus parceiros comerciais. Todos os apoiadores e patrocinadores viram isso com bons olhos”, completa.
A neutralização de carbono, em resumo, é um investimento financeiro feito pela organização em créditos de carbono para serem alocados a projetos socioambientais diversos e confiáveis, por intermédio de uma empresa especializada. No caso do Sertões, quem faz este papel é a Moss Carbon.
“Agrega valor para a marca, do ponto de vista comercial principalmente. Porque, acho que nenhuma empresa hoje quer se vincular a qualquer ação, a qualquer evento, que esteja desalinhado com o meio ambiente. Que não tenha isso como premissa”, diz Leonora, que revela ainda que o investimento em compensação de carbono foi de aproximadamente R$ 100 mil na temporada de 2021. Este cálculo varia de acordo com a quilometragem da prova.
Letícia Datena é jornalista de esportes há oito anos, e atua no setor do automobilismo desde 2016. Já foi correspondente internacional dos canais Fox Sports e cobriu alguns dos campeonatos mais importantes do mundo, como o Rally Dakar, Rally dos Sertões, o WRC (World Rally Championship), Fórmula E e hoje é uma das responsáveis pelo departamento de criação de conteúdo da Stock Car.
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