Itaú BBA vê Covid-19 como variável mais importante para Bolsa

16 de março de 2021
Paulo Whitaker/Reuters

Uma continuidade de aumento de mortes por coronavírus pode significar novas restrições

A pandemia de Covid19 é a variável mais importante para analisar como será a performance da Bolsa de Valores brasileira, em razão dos potenciais efeitos no crescimento econômico e do quadro fiscal do país, segundo o estrategista-chefe do banco Itaú BBA, Marcelo Sa.

Uma continuidade de aumento de casos e mortes em decorrência do coronavírus pode significar novas restrições, com potenciais reflexos no PIB (Produto Interno Bruto), além de mais recursos para balancear os efeitos no sistema de saúde e economia, elevando o risco fiscal. “A visão sobre a situação fiscal e o crescimento de PIB é o que vai ditar para aonde as ações vão”, afirma Sa.

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Dados Ministério da Saúde divulgados ontem (15) mostram que o total de mortos da doença no país alcançava até 279.286 pessoas, com o total de infecções em 11.519.609. Enfrentando seu pior momento na pandemia, o Brasil é o país que registra atualmente os maiores números diários de mortes e infecções notificadas no mundo na média dos últimos sete dias, de acordo com contagem da Reuters.

Apesar do sentimento mais negativo para a Bolsa no curto prazo, em meio à piora macroeconômica e à expectativa negativa para a safra de balanços do segundo trimestre no país, por causa da pandemia, Sa espera um ambiente melhor no segundo semestre.

Na semana passada, a equipe de economia do Itaú Unibanco revisou projeção de crescimento do PIB para 3,8% em 2021 (ante 4%) e elevou a de inflação para 4,7% (ante 3,8%). Para a taxa de câmbio, a expectativa é de R$ 5,30 por dólar no final do ano.

Entre os componentes que “jogam a favor” na segunda metade do ano, o estrategista destaca a recuperação na economia global em andamento, principalmente China e Estados Unidos. No cenário norte-americano, ele cita a perspectiva de grande parte da população estar vacinada neste semestre, a aprovação do pacote econômico de US$ 1,9 trilhão e manutenção, por ora, dos juros – quadro que tende a beneficiar commodities. Em relação ao Brasil, Sa ressalta uma certa estabilização do risco fiscal com a aprovação da PEC Emergencial (Proposta de Emenda à Constituição), assim como novos contratos para compra de vacinas contra o coronavírus, que devem chegar nos próximos meses. “Quando aumentar o ritmo de vacinação, vamos começar a ver uma luz no fim do túnel, que é algo que hoje está difícil de verificar”, afirma.

O Itaú BBA prevê o Ibovespa a 135 mil pontos no fina. Hoje (15), o Ibovespa oscilava em torno dos 114 mil pontos.

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BRASÍLIA

No que diz respeito à recente reviravolta na cena eleitoral para 2022, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperando direitos políticos, Sa destaca que ainda há muitas variáveis em aberto. “Uma dúvida que se tem é se a entrada de Lula (na corrida presidencial) inviabiliza um candidato de centro, mas ninguém tem essa resposta ainda.”

Outro questionamento, que reforça o foco no quadro fiscal do país, é se o governo de Jair Bolsonaro buscará a pauta mais liberal ou seguirá um caminho com menor controle fiscal para buscar a reeleição.

ESTRANGEIROS

Quanto às reformas, Sa observa engajamento para aprovar a administrativa. Por outro lado, o especialista se considera “não tão otimista” para a tributária, que julga mais complexa. Ele estima que o que pode passar este ano são microreformas, com a autonomia do BC (Banco Central).

“Seria algo bem importante para investidores estrangeiros ter alguma reforma sendo aprovada”, afirma o estrategista do Itaú BBA, após forte saída de capital externo da bolsa neste ano depois do episódio de interferência de Bolsonaro no comando da Petrobras. “Os estrangeiros estão olhando a questão fiscal e os próximos passos.”

Após saldo positivo de R$ 23,6 bilhões de capital externo no segmento Ibovespa em janeiro, as saídas superaram as entradas em R$ 6,8 bilhões em fevereiro e continuam prevalecendo em março, em 2,1 bilhões de reais.

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IPOs (Oferta pública inicial)

Sa não descarta que novas empresas desistam de planos de IPO, em particular se o cronograma de precificação coincidir com momentos de maior volatilidade ou tensão nos mercados, mas enxerga um fluxo de operações ainda muito forte.

Nem a esperada elevação da Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) para 2021, na visão dele, tende a frear essas operações, assim como não deve reverter a tendência de migração de investidores para a bolsa, uma vez que o juro real continuará muito baixo.

O Itaú espera que o Banco Central eleve a taxa básica de juros Selic, atualmente em 2% ao ano, em 0,5 ponto percentual amanhã (17), acelerando o ritmo ao longo do ano e terminando 2021 em 5,5% ao ano.

“Não acho que inviabiliza esse movimento de bolsa“, afirma Sa. A B3, Bols de Valores do Brasil, encerrou 2020 com 3,26 milhões de investidores ativos, quase o dobro do registrado um ano antes, com 407 empresas listadas, de 391 companhias no final de 2019. (Com Reuters)

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