A startup tem sede em São Francisco e a missão de revolucionar a indústria de cartões de crédito corporativos. Na última terça-feira (11), a empresa levantou US$ 300 milhões em uma rodada de financiamento liderada pelas empresas de investimento Greenoaks Capital e TCV (Technology Crossover Ventures), o que lhe garantiu uma avaliação de mercado de US$ 12,3 bilhões – um salto considerável em relação aos US$ 7,4 bilhões de nove meses atrás.
A Forbes estima que os co-fundadores (e co-CEOs) Henrique Dubugras, 26, e Pedro Franceschi, 25, detêm uma participação de 14% cada um, o que lhes dá cerca de US$ 1,5 bilhão cada. A dupla se recusou a comentar as nossas estimativas, mas Dubugras conversou com a Forbes sobre o caminho de sucesso de sua startup.
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Nos últimos anos, a Brex também lançou novas ofertas de software, como um produto de gerenciamento de despesas e um recurso de pagamento de contas comerciais: “Se você receber uma fatura em seu e-mail, basta encaminhá-la para nós e pronto, ela é paga”, diz Dubugras à Forbes de seu escritório em Los Angeles. Em maio, a empresa lançou um dos primeiros programas corporativos de recompensas envolvendo criptomoedas.
A Brex não é a única empresa que tenta romper o mundo dos pagamentos B2B, grande parte dele ainda centrado em planilhas. Hoje, seus rivais incluem a startup Ramp (fundada em 2019 e avaliada em quase US$ 4 bilhões após uma rodada de financiamento em agosto) e a Bill.com, de capital aberto (avaliada em cerca de US$ 21 bilhões), que comprou a fintech de relatórios de despesas Divvy por US$ 2,5 bilhões no ano passado.
“O mercado é muito grande e acho que há espaço para muita gente”, diz ele. “A maioria dos pagamentos B2B ainda são baseados em papel e cheques.”
A startup, hoje com uma equipe de mil pessoas, existe graças a uma animada troca de mensagens no Twitter em dezembro de 2012 entre Dubugras e Franceschi sobre as nuances de ferramentas de codificação. Na época, eles eram estudantes do ensino médio e moravam em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. O limite de 140 caracteres dos tuítes atrapalhou o debate, então os dois adolescentes migraram para o Skype para seguir com a discussão.
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Em 2013, os amigos lançaram no Brasil a startup Pagar.me, que permitia que comerciantes aceitassem pagamentos online. A empresa tinha 150 funcionários quando foi vendida para a Stone.
Dubugras não revela qual era a participação da dupla na Pagar.me, mas diz que foi o suficiente para bancar a faculdade – ele e Franceschi abandonaram o curso de ciência da computação de Stanford – e guardar algumas economias.
Depois de vender a empresa, a dupla inicialmente queria criar contas bancárias para startups sediadas nos EUA, mas optou por cartões de crédito corporativos como uma rota mais viável. “Que empresa confiaria seu dinheiro a esses brasileiros aleatórios de 22 anos?” brinca Dubugras. “Com cartões corporativos, estávamos lhes dando dinheiro em vez de pedir pelo dinheiro deles.”
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Em 2019, a Brex também lançou um negócio de contas bancárias corporativas que chamava a atenção de seus fundadores desde o início. A empresa não é um banco, por isso mantém parcerias com LendingClub e JPMorgan Chase.
Ao todo, a dupla garantiu mais de US$ 1 bilhão em capital de risco de investidores como Tiger Global Management, Peter Thiel e o fundador da Affirm, Max Levchin. A empresa diz que sua receita mais que dobrou nos últimos 12 meses, embora não compartilhe detalhes ou comente sobre lucratividade.
A startup quer manter o ritmo em 2022. Com US$ 300 milhões em novos financiamentos, a Brex planeja aumentar o número de funcionários em pelo menos 50%, além de manter dinheiro nos cofres caso haja uma desaceleração do mercado.
O negócio era inicialmente voltado para atender outras startups, mas Dubugras diz que hoje as empresas de médio porte respondem por mais de 60% da base de clientes. Neste ano, ele espera atrair também grandes corporações.
“Acho que é fácil para as pessoas pensarem que já somos bem-sucedidos. Nós somos e não somos. Estamos obviamente felizes com o que alcançamos, mas há muito mais por vir”, conclui.