Em 2002, quando Cabral decidiu deixar a varejista para trabalhar no Santander, Vieira tinha a intenção de seguir um plano de carreira na loja de departamentos. Mas tudo mudou quando Cabral puxou o amigo para atuarem juntos na sala de ações do banco. “Eu costumo falar que a Blue3 nasceu naquele momento, quando começamos a trabalhar juntos, atender clientes, fazer reuniões e nos tornamos uma das principais salas de ações do país”, conta Vieira.
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Assim, eles decidiram pedir demissão de forma estratégica, um de cada vez, para começar a estruturar o negócio. Cabral tocou a obra do escritório de 30m², enquanto Viera tentava trazer clientes para o novo projeto.
“Nós saímos com uma mão na frente e outra atrás, mas com muita experiência da sala de ações. Com ela, ganhamos um vale-compras de R$ 10 mil na Submarino, que foi o nosso suporte para a compra de quatro computadores, um bebedouro e uma máquina de café. Foi assim que nasceu a Blue3, em 2009”, explica Vieira.
Desafios
Para chegar ao topo, a empresa superou desafios ao longo do caminho. O primeiro foi conseguir trazer os clientes dos grandes bancos para a companhia e fazer com que eles confiassem seu dinheiro em plataformas modernas.
Também logo no início do processo, os sócios foram pegos de surpresa pela crise de 2008, que os forçou a vender um carro para pagar as contas da companhia e ver muitos de seus clientes perdendo dinheiro.
O terceiro desafio foi conseguir trabalhadores que apoiassem a causa. Cabral e Wagner saíram atrás de gerentes de bancos que topassem mudar o rumo de sua carreira para aprender mais sobre o mercado financeiro. Com a falta de experiência de muitos deles, o processo de treinamento precisou de muito empenho e investimento.
O quarto obstáculo foi a experiência do cliente. A dificuldade, que surgiu com o crescimento da base de consumidores da empresa, se tornou prioridade dos sócios, que buscam a fidelização.
“No final das contas, 1% a mais ou a menos na rentabilidade do cliente não faz tanta diferença, mas ele ter um assessor bacana, com uma empresa que tem credibilidade e que seja fácil de ter contato muda tudo. Então, hoje nós enxergamos a Blue3 muito nesse aspecto de tentar manter o nosso cliente extremamente fidelizado”, conta Cabral.
Perspectiva
A Blue3 ainda é considerada como uma empresa de agentes autônomos, como muitas outras que existem no mercado. Porém, os sócios afirmaram que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), aprovou recentemente a mudança da empresa para instituição financeira, agora podendo ser chamada de corretora. Porém, a decisão ainda terá que ser aprovada pelo Banco Central.
A empresa, que está presente em 14 cidades e tem mais de 700 funcionários (deles, 146 são sócios), pretende abrir mais duas unidades até o final do ano.
“Nós precisamos continuar avançando, ganhando participação no mercado, abrindo outros escritórios… Na minha cabeça, o dinheiro vai sair dos bancos no próximo 5 anos e vai vir para plataformas abertas e eu quero que venha para a Blue3, não quero que vá para outro lugar”, complementa Vieira.
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