Localizado na zona sul da capital carioca, o Quartier Ipanema, complexo comercial com 350 unidades, entre salas e lojas, espalhadas em 12 andares, queria, 34 anos depois de sua construção, tornar-se um greenbuilding – conceito que designa espaços que incorporam critérios relacionados à sustentabilidade social, ambiental e econômica. “Começamos, então, a pesquisar sobre energias alternativas e limpas, como solar e eólica”, conta Arão Pomeraniec, administrador do condomínio.
O processo de concorrência para a implementação de uma nova solução energética foi vencido pela startup brasileira TYR Energia. “Consultamos uma série de empresas e ela foi a que mais se encaixou no que procurávamos, com uma economia financeira substancial, além da possibilidade de negócios no mercado livre e um software que vai nos permitir um maior controle do consumo”, diz Pomeraniec.
A TYR surgiu de uma conversa, há quase três anos, entre três empreendedores com expertise no setor imobiliário e de energia: Bruno Amaral, egresso do setor de imóveis, Alexandre Americano, ex-presidente da Eneva Energia e atual sócio da trading Mercurio Partners, e Pedro Bittencourt, CEO da GreenAnt, desenvolvedora de soluções que digitalizam e disponibilizam informações para o uso eficiente de energia – ambas as empresas são sócias do novo negócio, assim como a Gera Brasil.
“O nosso objetivo era oferecer uma alternativa que olhasse para o consumidor e não para o suprimento em si. Essa é uma forma de conduzir o negócio que já é adotada lá fora há duas décadas”, conta Amaral, CEO e sócio-fundador da empresa, lembrando que, em alguns países do mundo, as pessoas podem comprar energia no supermercado, por meio de um cartão pré-pago, e até fazer pesquisas de preço na internet para comparar valores. “Aqui, as pessoas não têm ideia de como suas contas de luz são compostas. Elas simplesmente pagam a fatura.”
No Brasil, atualmente, a maior parte de grandes conglomerados, como complexos industriais, redes de shopping centers e grupos hospitalares, já opera no Mercado Livre de Energia Elétrica, negociando livremente as condições comerciais – preço, quantidade, período de suprimento e pagamento – com as concessionárias. “Os consumidores menores, no entanto, não têm essa opção, já que, por questões regulatórias, a compra mínima é de 500 kW”, explica o executivo.
TRÊS EM UM
Para endereçar o tema, a TYR criou uma solução que agrega três estratégias. A primeira delas é reunir vários clientes pequenos num único cluster, fazendo deles um grande consumidor, capaz de migrar para o mercado livre. Em seguida, cada um deles recebe um medidor individual, que pode ser consultado por um app no celular que indica o consumo a qualquer momento do dia ou da noite. “Esse tipo de controle empodera o consumidor a partir do momento que ele sabe exatamente quanto e como gasta. Ele passa a entender seu padrão de consumo e a acompanhar a fatura ao longo do mês, como fazemos com o cartão de crédito”, diz Amaral. Segundo ele, só a instalação do medidor já cria uma mudança natural no comportamento dos consumidores capaz de causar uma economia na conta de energia. “Afinal, não controlamos aquilo que não conseguimos monitorar.”
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Por fim, explica o executivo, a TYR garante, por contrato, que a energia fornecida seja renovável (solar, eólica, biomassa e PCH, ou Pequena Central Hidrelétrica). “Essa é uma demanda cada vez maior, mas que, sozinhas, as empresas não conseguem alcançar.” Amaral explica, ainda, que toda a instalação fica a cargo da companhia, sem ônus para o condomínio, incluindo as obras, se necessárias, para a instalação dos medidores e subestações.
Arão Pomeraniec, do Quartier Ipanema, conta que, no primeiro mês, constatou uma economia de 17% na conta de energia – algo em torno de R$ 8 mil. Por enquanto, a solução está sendo usada apenas nas áreas comuns do condomínio – elevadores, corredores, ar condicionado central e garagem –, mas uma segunda fase prevê a expansão para 30 lojas e, logo depois, para todas as salas, alcançando, no final, uma economia total de até 20%.
Amaral diz que notou, nos últimos meses, um aumento expressivo na procura, já que todo mundo está buscando cortar custos. Por enquanto, a TYR só atende clientes comerciais, mas a ideia é contemplar também os residenciais num futuro próximo. A remuneração da empresa vem da negociação em larga escala no mercado livre, ou seja, a diferença entre o valor contratado e o repassado para o consumidor. Mas ele explica que esse custo é fixo, determinado em contrato. “Monitorar os preços de energia no Brasil não é uma tarefa fácil. Eles dependem de uma série de fatores, incluindo o regime de chuvas. É preciso contar com profissionais muito especializados. É essa inteligência que oferecemos.”
A meta da empresa é capturar 0,375 GWméd do mercado, algo equivalente a R$ 162 milhões por mês. “Nacionalmente, a carga energética total é de 63 GWméd, sendo 29% do consumo total vindo de edifícios. Somente no eixo Rio-São Paulo, são aproximadamente 6 mil edifícios comerciais, sendo que a capital paulista tem uma demanda maior justamente por ter mais prédios”, diz o empreendedor, que começou as operações em São Paulo no início deste mês, mas já tem Minas Gerais no radar, assim como assumir a função de broker no mercado livre, com uma usina virtual que vai oferecer ao cliente a possibilidade de ser detentor do ativo e controlar a resposta da demanda ou ser dono do ativo e contar com a TYR para controlar a flexibilidade.
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