A Sensedia, empresa especializada em API management, e a Teros Pricing, consultoria focada em soluções de inteligência de dados, juntaram-se para oferecer ao mercado uma plataforma pronta para cumprir os requisitos do open banking – o sistema de compartilhamento de informações bancárias que será implementado em novembro.
A medida, que segundo o Banco Central foi criada para expandir e baratear o acesso a serviços financeiros, exige que os bancos e qualquer outra entidade interessada em participar desse ecossistema disponibilizem APIs (interface de programação de aplicativos, da sigla em inglês) para a troca de dados entre as instituições financeiras de forma padronizada. Mas não é só isso.
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“A segurança é um ponto sensível e a governança é essencial, já que os riscos são muito altos”, explica Juan Ferrés, CEO da Teros Princing, relatando que existem instituições bancárias na Inglaterra, por exemplo, que estão tecnicamente aptas a operar nesse modelo e optaram por não fazê-lo por não terem condições de gerenciar as ameaças, como, por exemplo, a responsabilidade sobre o paradeiro das informações dos clientes. “Hoje, apenas os bancos com os quais trabalhamos têm as nossas informações financeiras, mas a partir do momento em que elas puderem ser compartilhadas, é preciso ter condições de monitorá-las e rastreá-las”, diz o executivo, lembrando que os riscos passam por questões jurídicas, regulatórias, de compliance e segurança.
A solução conjunta, que será apresentada ao mercado oficialmente amanhã (22), combina as duas coisas: a plataforma tecnológica da Sensedia, que resolve a integração com vistas às questões de segurança e governança das APIS, com o expertise da Teros em segurança jurídica, regulatória e de compliance, por meio da padronização das informações dos acordos bilaterais. “As nossas ferramentas já rodavam de forma independente em muitas companhias”, diz Fábio Rosato, diretor de soluções da Sensedia, que atende a uma centena de empresas do porte de Natura, Cielo, Via Varejo e SulAmérica, que, juntas, são responsáveis pelo processamento de mais de 10 bilhões de operações por mês.
Rosato explica que a empresa começou a trabalhar com a abertura de informações com interfaces padronizadas em 2012, em função da expansão do e-commerce. Em seguida, passou a atender o Banco Topázio, um dos primeiros do país a adotar o modelo de dados abertos. “Em apenas dois meses, a operação de empréstimos deles cresceu 4.000 vezes, gerando R$ 43 milhões em negócios próprios e R$ 500 milhões através de APIs na comparação anual, além de 65 mil novos contratos de câmbio”, conta o executivo, enfatizando uma das principais características do open banking – a geração de novos negócios.
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“As APIs sempre estiveram ‘presas’ ao arcabouço da arquitetura de software das empresas. Com o passar dos anos, o mercado percebeu que elas são fundamentais para a habilitação de novos modelos de negócios. E hoje existem regulações, como é o caso do open banking, que exigem que as empresas invistam em embarcar estratégias de negócios. Com isso, a tecnologia deixa a esfera técnica e entra, definitivamente, para o mundo do business”, completa.
OPEN FINANCE
Os executivos explicam que, como já nasce com capacidade de escala, a solução pode atender a negócios de todos os tamanhos. O modelo é de prestação de serviços, com pagamento mensal que varia em função da quantidade de transações – o que inclui as pequenas e médias empresas. “Começar do zero demandaria algumas dezenas de milhões de reais”, diz Ferrés. “Nós, que já tínhamos muita experiência, levamos um ano para integrar tudo.”
O executivo esclarece, ainda, que a plataforma já prepara qualquer negócio para o open finance, o que significa levar os serviços financeiros para qualquer tipo de negócio – de uma oficina mecânica a uma rede de supermercados. “O consumidor que autorizar o compartilhamento de seus dados pode, por exemplo, receber várias propostas diferentes de crédito na hora que estiver comprando um eletrodoméstico caso o varejista esteja nesse ecossistema”, explica. O mesmo vale para a oferta de garantias estendidas e de serviços de um modo geral. “A partir do momento que o histórico do cliente estiver disponível para compartilhamento, o risco diminuiu para as instituições envolvidas e as condições melhoram para o consumidor. Se esse modelo já estivesse em funcionamento nos últimos meses, certamente o processo de crédito para as pequenas e médias empresas teria sido muito mais fácil durante a pandemia.”
Em resumo, o sistema poderá ser consumido não só por bancos, mas por qualquer instituição regulada (empresas de cartão de crédito, consórcios, financeiras, correspondentes bancários) e não regulada (varejistas, indústria, serviços). “Agora, de um dia para o outro, empresas B2B e B2C terão uma porta de entrada de comunicação com o core de dados. A grande revolução será essa. Eu posso integrar a minha empresa com uma outra empresa de delivery automaticamente a um custo muito baixo. Para mim, essa é a grande revolução, a revolução das APIs”, finaliza Ferrés.
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