“Conversamos por mais ou menos um mês e meio após a crise do Nubank no final de outubro de 2020. Foram conversas longas e importantes com representantes dos departamentos de recursos humanos e de marketing, e também com David Vélez, CEO, e Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank. A intenção inicial não era de contratação imediata e sim de uma troca e lugar de escuta”, conta Monique, referindo-se à participação da executiva num programa de televisão, quando relatou a dificuldade da instituição financeira de contratar profissionais negros.
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A consultora baiana é criadora do Desabafo Social, um laboratório de tecnologias sociais; sócia da Sharp, hub de inteligência cultural que utiliza métricas para soluções de marcas; e fundadora do Inventivos, um ecossistema de aprendizagem. “Essa construção vai acontecer com parceiros e iniciativas já existentes na região, além de funcionar como um canal aberto de escuta para entregarmos o que a cidade precisa e a grandiosidade que ela merece”, afirma Monique, que já tem um mapeamento de pessoas, organizações, startups e diferentes projetos que vão se unir para desenvolver o NuLab, e devem ser anunciados em breve.
“Apesar de já desenvolver projetos e ações na capital baiana há uma década, sentia falta de fazer algo muito maior. E esse convite veio para que eu não tivesse dúvidas de que meu lugar é em Salvador. Não só por uma questão pessoal, mas também para atrair cada vez mais investimentos para a cidade.”
Tanto a chegada da consultora como a implantação do polo de inovação na capital baiana, que pode contribuir para o desenvolvimento social e econômico da região, fazem parte do plano do Nubank para tornar o setor de tecnologia mais inclusivo e combater o racismo estrutural no Brasil. “O Nubank chegará em Salvador para fazer parte de um ecossistema potente e em crescimento da economia criativa. O NuLab será o ponto de encontro entre a comunidade local e a empresa. Estamos falando de um ambiente pensado também para experiência do cliente, tão importante quanto a experiência online”, explica.
A meta da fintech é contratar 2 mil pessoas negras até 2025 para, assim, garantir um ambiente de trabalho com, pelo menos, 30% de funcionários negros, sendo 22% em cargos de gerência. Dentre as 2 mil contratações pretendidas, mais de 500 serão destinadas ao time de engenharia, pelo menos 150 para vagas de analistas de negócios e mais de 250 para posições de gerentes de produto, designers e cientistas de dados.
Os objetivos para o Nordeste do país também são ambiciosos, segundo Monique. “Considerando que Salvador tem a segunda maior taxa de desocupados entre as capitais do Brasil, vamos contratar profissionais da cidade e de outras áreas do Nordeste”, aponta.
Questionada sobre seus objetivos iniciais, Monique afirma que ainda não pode revelar quais serão as suas principais ações ao assumir o cargo, mas garante que “mais novidades serão divulgadas nos próximos meses, não só sobre o NuLab, mas também sobre o fundo de investimento”. “Estamos criando um novo fluxo, uma nova narrativa e um outro projeto de Brasil.”
Uma das lideranças do ecossistema de inovação de Salvador e cofundadora da Vale do Dendê, Ítala Herta, recebeu positivamente o anúncio de Monique para a coordenação do processo de criação do NuLab.
“Estou acompanhando de longe esse retorno dela [para Salvador] e estou muito feliz com as oportunidades que vão se abrir por aqui”, comemora Ítala, que apoiou outras empresas soteropolitanas de base tecnológica, como a AfroSaúde, e atualmente está à frente da Diver.ssa, negócio de impacto social baseado na capital baiana.
Segundo Ítala, o recente anúncio do banco digital é um movimento importante que outras empresas devem tomar nota. “Espero que este seja um momento de sensibilização por parte de outras empresas, de enxergar Salvador como um polo de criatividade e inovação”, aponta a empreendedora.
“Que o Nubank esteja atento a estas incoerências e busque aproveitar os talentos que já estão aqui”, ressalta Ítala. “Que padrões negativos de desigualdade e falso desenvolvimento que até o Vale do Silício reproduziu e descuidou ao longo do crescimento não sejam repetidos. Que seja algo cuidadoso, sempre.”
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