Monique Evelle, sobre trabalho com Nubank: “Estamos criando outro projeto de Brasil”

22 de fevereiro de 2021
Divulgação

Além de consultora para as ações internas e externas de diversidade do Nubank, Monique Evelle também será mentora das startups selecionadas por um fundo semente

O Nubank anunciou hoje (22) que a empreendedora social Monique Evelle, eleita Under 30 pela Forbes em 2017, é a mais nova coordenadora de criação do NuLab, centro de tecnologia e experiência do cliente que o banco digital criou em Salvador (BA). Além de atuar como consultora para as ações internas e externas de diversidade e inclusão do Nubank, Monique também será mentora das startups selecionadas pelo fundo semente a ser criado pela empresa para apoiar negócios fundados ou liderados por pessoas negras.

“Conversamos por mais ou menos um mês e meio após a crise do Nubank no final de outubro de 2020. Foram conversas longas e importantes com representantes dos departamentos de recursos humanos e de marketing, e também com David Vélez, CEO, e Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank. A intenção inicial não era de contratação imediata e sim de uma troca e lugar de escuta”, conta Monique, referindo-se à participação da executiva num programa de televisão, quando relatou a dificuldade da instituição financeira de contratar profissionais negros.

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Durante este processo, a empreendedora social pôde compreender o funcionamento interno do banco, as conquistas dos últimos anos e os objetivos para os próximos anos. “Fez sentido fazer parte da construção de um desafio tão potente e gigantesco que é pensar e criar iniciativas de inovação, como o hub de tecnologia em Salvador e o fundo de investimento para startups lideradas por pessoas negras”, explica.

A consultora baiana é criadora do Desabafo Social, um laboratório de tecnologias sociais; sócia da Sharp, hub de inteligência cultural que utiliza métricas para soluções de marcas; e fundadora do Inventivos, um ecossistema de aprendizagem. “Essa construção vai acontecer com parceiros e iniciativas já existentes na região, além de funcionar como um canal aberto de escuta para entregarmos o que a cidade precisa e a grandiosidade que ela merece”, afirma Monique, que já tem um mapeamento de pessoas, organizações, startups e diferentes projetos que vão se unir para desenvolver o NuLab, e devem ser anunciados em breve.

“Apesar de já desenvolver projetos e ações na capital baiana há uma década, sentia falta de fazer algo muito maior. E esse convite veio para que eu não tivesse dúvidas de que meu lugar é em Salvador. Não só por uma questão pessoal, mas também para atrair cada vez mais investimentos para a cidade.”

Tanto a chegada da consultora como a implantação do polo de inovação na capital baiana, que pode contribuir para o desenvolvimento social e econômico da região, fazem parte do plano do Nubank para tornar o setor de tecnologia mais inclusivo e combater o racismo estrutural no Brasil. “O Nubank chegará em Salvador para fazer parte de um ecossistema potente e em crescimento da economia criativa. O NuLab será o ponto de encontro entre a comunidade local e a empresa. Estamos falando de um ambiente pensado também para experiência do cliente, tão importante quanto a experiência online”, explica.

Em novembro de 2020, o Nubank se propôs a investir em estratégias para inclusão e desenvolvimento de talentos negros que estão sendo colocadas em prática, incluindo uma parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). Desde então, o banco abriu vagas exclusivas para candidatura de pessoas autodeclaradas pretas e pardas, e recebeu mais de 15 mil currículos. O banco digital também avançou em tratativas com potenciais parceiros, como a empresa de serviços de tecnologia Qintess, principal investidora na aceleradora baiana Vale do Dendê, como parte de seus esforços relacionados à pauta racial.

A meta da fintech é contratar 2 mil pessoas negras até 2025 para, assim, garantir um ambiente de trabalho com, pelo menos, 30% de funcionários negros, sendo 22% em cargos de gerência. Dentre as 2 mil contratações pretendidas, mais de 500 serão destinadas ao time de engenharia, pelo menos 150 para vagas de analistas de negócios e mais de 250 para posições de gerentes de produto, designers e cientistas de dados.

Os objetivos para o Nordeste do país também são ambiciosos, segundo Monique. “Considerando que Salvador tem a segunda maior taxa de desocupados entre as capitais do Brasil, vamos contratar profissionais da cidade e de outras áreas do Nordeste”, aponta.

Questionada sobre seus objetivos iniciais, Monique afirma que ainda não pode revelar quais serão as suas principais ações ao assumir o cargo, mas garante que “mais novidades serão divulgadas nos próximos meses, não só sobre o NuLab, mas também sobre o fundo de investimento”. “Estamos criando um novo fluxo, uma nova narrativa e um outro projeto de Brasil.”

TALENTOS LOCAIS

Uma das lideranças do ecossistema de inovação de Salvador e cofundadora da Vale do Dendê, Ítala Herta, recebeu positivamente o anúncio de Monique para a coordenação do processo de criação do NuLab.

“Estou acompanhando de longe esse retorno dela [para Salvador] e estou muito feliz com as oportunidades que vão se abrir por aqui”, comemora Ítala, que apoiou outras empresas soteropolitanas de base tecnológica, como a AfroSaúde, e atualmente está à frente da Diver.ssa, negócio de impacto social baseado na capital baiana.

Segundo Ítala, o recente anúncio do banco digital é um movimento importante que outras empresas devem tomar nota. “Espero que este seja um momento de sensibilização por parte de outras empresas, de enxergar Salvador como um polo de criatividade e inovação”, aponta a empreendedora.

Por outro lado, Ítala aponta que a liderança do Nubank deve buscar evitar certas práticas observadas em grandes empresas baseadas na capital baiana, em que pessoas de outros estados são chamados para assumir cargos mais sêniores com salários maiores, criando um cenário de disparidade salarial e desvalorização da mão de obra local.

“Que o Nubank esteja atento a estas incoerências e busque aproveitar os talentos que já estão aqui”, ressalta Ítala. “Que padrões negativos de desigualdade e falso desenvolvimento que até o Vale do Silício reproduziu e descuidou ao longo do crescimento não sejam repetidos. Que seja algo cuidadoso, sempre.”

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