Em entrevista à Forbes, Santos falou sobre as expectativas futuras em relação à nova fase após os trabalhos que culminaram na operação de compra e os trâmites para garantir o closing. Segundo o empreendedor, a aquisição da RD Station, anteriormente Resultados Digitais, pela gigante brasileira de software reflete os planos para o longo prazo para a startup de automação de marketing, fundada em Florianópolis em 2011 por Santos, Bruno Ghisi, Guilherme Lopes, Pedro Bachiega e o Forbes Under 30 André Siqueira.
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“Porém, quando começamos a pensar em um IPO, pensamos também no futuro da RD e no que a gente quer para os próximos dez anos: se fortalecer, ou se defender? A ideia de ficar sozinho então enfraqueceu perante ter um parceiro como a Totvs, um relacionamento que foi construído, com lideranças pelas quais desenvolvi muito respeito e admiração”, acrescenta Santos.
OPORTUNIDADES À VISTA
Pós-aquisição, a RD continuará como uma operação independente, com um novo conselho em que os antigos investidores foram substituídos por executivos da empresa-mãe, com uma governança similar ao modelo anterior ao acordo. “Tivemos que trabalhar junto ao nosso time para tentar desmistificar a ideia de que uma aquisição necessariamente implica em uma incorporação da empresa adquirida. Não há nenhum tipo de ingerência da administração da RD pela Totvs, continuaremos operando separadamente”, pontua Santos.
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Santos diz que há pouca interposição das bases de clientes da RD e da Totvs, que respectivamente atendem cerca de 30 mil e 50 mil empresas. Neste contexto, quem usa os produtos de automação de marketing e de gestão de clientes da startup muitas vezes tem necessidades de outros sistemas de gestão e serviços financeiros que podem ser atendidas pela gigante de software através de um modelo de assinatura (software-as-a-service, ou SaaS).
“Existem muitas oportunidades para um produto entrar na base do outro. Queremos fazer isso de uma forma orquestrada, que não confunda o mercado”, diz o empreendedor catarinense, acrescentando que o uso intensivo de dados por empresas também amplia o leque de possibilidades que as empresas poderão explorar.
A criação deste mix, no entanto, é um bônus, segundo o fundador. Santos ressalta que o mercado potencial da RD é de mais de 2 milhões de empresas e que a startup ainda está “arranhando a superfície” em termos de crescimento. Para chegar lá, a empresa pretende oferecer uma plataforma completa de soluções de aquisição e relacionamento com o cliente, tanto por produtos próprios, quanto por integrações com outros players de mercado.
Além disso, há o aspecto da expansão internacional, um plano que a RD já vinha avançando, em países como México e Colômbia, mas que foi atrasado por conta da pandemia, já que o processo de entrada da startup em países emergentes é fundamentado em educação e formação de mercado em eventos presenciais. “Fizemos o que era possível online, mas ainda queremos replicar a nossa proposta de valor em outros países emergentes, de ter uma plataforma completa, mas simples e intuitiva, apoiada por uma rede de suporte”, pontua.
EFEITO MULTIPLICADOR
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Santos, que é empreendedor Endeavor e mentor na rede de startups de alto impacto, também quer que seu efeito multiplicador – a contribuição que fundadores Endeavor trazem para o avanço do ecossistema – seja relacionado a “empoderar os heróis que criam empresas que geram emprego e renda”. Ele cita como exemplos desta motivação a decisão, após a pandemia, de lançar uma versão básica do software da RD e baixar o preço da assinatura para que mais empreendedores pudessem ter acesso à ferramenta de marketing digital.
Além disso, o fundador se diz atento a temas nevrálgicos do ecossistema de inovação brasileiro, como a falta de diversidade racial. Na RD, cerca de 20% dos 700 colaboradores são negros, que representaram 30% das contratações na primeira metade de 2021. Atualmente, pessoas negras representam 12% dos cargos de liderança da startup.
Para o executivo, o foco em diversidade é uma questão de performance: “Está mais do que provado que empresas diversas crescem melhor e de forma mais sustentável. Você faz isso porque é o certo a ser feito, mas também é o melhor para o negócio no longo prazo”, pontua.
“Além disso, se a sua empresa não é diversa, as pessoas não vão querer trabalhar nela, e lá na frente, esse movimento será ainda maior. Hoje, no mundo de tecnologia a briga maior não é por cliente, é por talento. E se eu tenho uma empresa que não prioriza a diversidade, será difícil atrair estas pessoas”, finaliza.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação e comentarista com duas décadas de atuação em redações nacionais e internacionais. Colabora para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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