Durante essa primeira experiência profissional, Gomes trabalhou no processo de expansão da empresa e precisou morar no Rio de Janeiro e em São Paulo para ajudar na estruturação dos times nesses locais. “Meu chefe era homofóbico”, afirma. “Trabalhávamos juntos desde Recife e tivemos de dividir apartamento nessas mudanças de cidade.”
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Depois de passar por uma edtech entre 2016 e 2018, o engenheiro de software foi contratado para trabalhar no Nubank, um dos unicórnios brasileiros, com valor de mercado estimado em US$ 25 bilhões. Na fintech, encontrou um outro tipo de ambiente de trabalho. “Fui muito bem recebido e comecei a fazer tudo o que minha mãe mandava eu não fazer, como me autodeclarar gay e fazer tatuagens, entre outras coisas”, conta. “Meu bem-estar e essência eram valorizados e ser gay não era um problema, como parecia no meu primeiro emprego.”
Três anos após sua chegada ao Nubank, o mineiro, que começou como engenheiro de software do time de fraude, logo se tornou gerente sênior. Morando em Berlim, na Alemanha, desde 2019, Gomes diz que seu trabalho é gerenciar pessoas e projetos para facilitar processos. Um dos times do seu guarda-chuva de gestão, por exemplo, é responsável por desenvolver a plataforma de dados do banco digital, que é utilizada por todas as outras áreas para análise de informações e tomadas de decisão.
O desafio de simplificar o emaranhado de dados do Nubank para os demais departamentos da empresa, para ele, é o que alimenta a inovação da fintech. “Inovação é, olhando para o ambiente tecnológico, criar algo novo que facilite a vida e o trabalho das pessoas”, diz Gomes. E é exatamente esse o desejo dele para o futuro próximo: continuar ajudando outros gestores e setores da companhia. “Vejo muito espaço para gerar impacto ainda mais positivo aqui.”
Além de trabalharem para a permanência de colaboradores LGBTQIA+, construindo um ambiente de trabalho confortável e inclusivo, as startups brasileiras, para Gomes, devem focar também nas etapas de seleção e contratação. “Um ponto a se considerar é a representatividade de pessoas da empresa contratante no processo seletivo”, diz Gomes. “[Dessa forma] você percebe que se sente mais confortável ou acolhido.”
O maior sonho de Gomes é que um dia não sejam mais necessárias cotas ou ações afirmativas para contratar ou reter comunidades minorizadas. “Gostaria muito que todas as empresas mundo afora fossem saudáveis e diversas de uma forma natural”, afirma. “Entendo que essa não é uma realidade no Brasil e até mesmo em outros países do mundo.” Enquanto esse momento não chega, Gomes reafirma a importância de a comunidade LGBTQIA+ continuar reivindicando seus espaços e necessidades nas empresas.
Em um nível mais pessoal, o engenheiro de software mineiro quer aproveitar mais a cidade onde vive. Como ele conta, não conseguiu se integrar totalmente à comunidade da capital alemã por conta da pandemia de Covid-19. “Quando decidi vir para Berlim trabalhar, fui motivado pelo sonho de conhecer o mundo”, diz. “Estou aprendendo o idioma e quero conseguir entender tudo o que está ocorrendo a minha volta e absorver mais da cultura local.”
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