A agricultura regenerativa traz múltiplos co-benefícios potenciais, incluindo maior rentabilidade na fazenda, sequestro de carbono pelo solo, restauração de habitat, resiliência a secas e enchentes, maior concentração de nutrientes e a redução de erosão e escoamento de agroquímicos.
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Tecnicamente, isso não é um problema. Ecossistemas integrados de plantas e animais que ficam cada vez melhores na captura de energia solar, enquanto fazem o solo vivo crescer, é o que a vida na Terra vem fazendo há pelo menos 540 milhões de anos. Podemos até dizer que esses sistemas regenerativos são a única coisa que sabemos, com certeza, que podem funcionar em escala planetária. Mas o esforço da produção de alimentos e fibras, por e para humanos, é mais complicada.
Cada vez mais agricultores estão aprendendo sobre esses princípios, mas a conexão com mercados continua um desafio. Mercados agrícolas que diretamente conectam consumidores preocupados com agricultores regenerativos são uma maravilha. O mundo estaria muito melhor se houvesse mais desses produtores. Contudo, existem boas razões do por que pessoas ativas, em um mundo ocupado, compram a maioria de seus alimentos em supermercados. Estas lojas são o ponto final de distribuição para a cadeia mundial e industrial de alimentos que vêm sendo constituída há décadas. Por trás de cada prateleira há um sistema de caminhões, galpões e plantas de processamento que evoluíram para entregar de maneira consistente produtos a preços acessíveis para consumidores em todos os lugares.
Mas, não faz muito tempo que o mesmo era dito sobre usinas de energia à carvão e a rede monolítica que as conectava à tomada em sua parede. Na minha perspectiva, a agricultura regenerativa está agora onde a indústria de energia renovável estava há mais de 25 anos. Naquela época, vagões de carvão cruzavam os Estados Unidos, e a única pessoa com um painel solar no telhado era seu tio maluco, Harry, em Idaho, que só queria viver fora da rede.
Empreendedores pioneiros, como Sun Edison [uma das principais empresas de energia renovável do mundo], começaram construindo projetos de energia solar em maior escala, e então companhias novas na época, como Green Mountain Power, fundada em 1997, começaram a re-diferenciação de commodities presumidas para um grande número de consumidores exigentes. Mesmo não tendo certeza de sucesso no longo prazo, essas pioneiras empresas empreendedoras foram catalisadoras para mudanças em larga escala, que agora as energias renováveis são competitivas em termos de custos com os combustíveis fósseis em muitas partes do mundo, e a próxima geração de inovadores deve levar essa transição adiante.
Agora, com a agricultura regenerativa amplamente comprovada em uma pequena escala, chegou a hora para que empreendedores e investidores com pensamento à frente de seus tempos também apareçam para ajudar o setor a estender o seu alcance. Sem a escalada do setor, os benefícios da agricultura regenerativa continuarão a ser apenas sonhos. Só a escala pode reduzir os custos e aumentar o alcance, ao ponto que os alimentos regenerativos tornem-se a comida do dia-a-dia, conectando mais bocas a mais hectares em um sistema alimentar que de fato crie um impacto positivo como um todo.
A tecnologia pode ajudar, mas não é solução para tudo. Na agricultura regenerativa, o papel da nova tecnologia não é substituir ou lutar com a natureza, mas ajudar a entendê-la. A tecnologia pode nos ajudar absolutamente a fazer coisas, como contar e acompanhar carbono, transformar a pecuária, acompanhar a produção e medir nutrientes. Mas a tecnologia, por si só, não é o bastante.
Novos modelos de negócios também podem ter um papel especialmente importante a desempenhar na definição de preços e transações de benefícios associados (por exemplo, Nori, Grass Roots Carbon), e podem até mesmo definir novas classes de ativos (por exemplo, Intrinsic Exchange Group). Assim como Uber, Amazon e Tesla já foram os nomes peculiares de modelos de negócios novos para o mundo, as complexidades de um novo sistema alimentar “campo ao garfo” apresentam uma grande oportunidade para novas grandes marcas criarem e fornecerem produtos novos baseados em promessas honestas.
Um ponto final para esclarecer o que é “escalar” não significa repetir a tragédia de crescer ou sair do mercado, modelo que definiu a agricultura do século 20. Na natureza, o crescimento não surge necessariamente de um punhado de grandes coisas, geralmente vem da conexão de muitos e pequenos elementos. Afinal, há mais biomassa em formigas do que elefantes neste planeta.
Da mesma forma, grandes empresas também poderão participar, mas devem ser espertas para lembrar que foram os pequenos dinossauros, chamados de “birds”, que se adaptaram e sucederam quando o mundo mudou. Elas também seriam espertas em ficarem de olho em empreendedores ágeis criando cadeias de fornecimento dinâmicas, distribuídas e multi-escaladas, em vez de redes pesadas, centralizadas e monolíticas.
Russ Conser é colaborador da Forbes EUA, engenheiro e empreendedor. Trabalhou por 30 anos em empresas de “Big Oil”, primeiro encontrando e produzindo petróleo e gás em todo o mundo e, posteriormente, liderando investimentos em tecnologias inovadoras de energia.