O café arábica atingiu um preço recorde no mercado brasileiro na segunda-feira (3), na esteira das seguidas máximas históricas registradas na bolsa de referência em Nova York (ICE Futures), com frustrações de safras e produtores relutantes em vender, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Depois de acumular alta de 12,5% em janeiro, o Indicador Cepea/Esalq do arábica do tipo 6 posto na capital paulista marcou 2.565,85 reais por saca de 60 kg, a máxima diária da série histórica iniciada em setembro de 1996 – considerando valores deflacionados pelo IGP-DI.
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Em apenas sete dias, entre 27 de janeiro e 3 de fevereiro, a alta no preço do arábica foi de 7%, enquanto na ICE o produto teve recorde pela nona sessão consecutiva nesta terça-feira.
“O impulso aos preços segue vindo da oferta limitada de cafés para negociação, tendo em vista o alto volume já vendido, dos estoques apertados por conta da menor produção no Brasil e no Vietnã, da demanda internacional firme e também de projeções indicando safra 2025/26 ainda pequena”, afirmou o Cepea nesta terça-feira.
A menor disponibilidade acontece após o Brasil ter exportado um volume recorde em 2024, que marcou também uma colheita abaixo das expectativas iniciais, por conta do tempo seco e quente.
As exportações de café do Brasil em 2024 superaram 50 milhões de sacas de 60 kg pela primeira vez na história em um ano, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
“No curto prazo, não há fator baixista. A oferta justa deve levar vendedores a esperar para negociar o produto remanescente apenas em momentos de extrema necessidade – a maioria dos cafeicultores está capitalizada, mesmo com a menor produção. Tal fato pode acontecer tanto no Brasil quanto nas demais origens”, acrescentou.
Em sua primeira estimativa de safra, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou a produção brasileira de arábica 2025/26 em 34,7 milhões de sacas de 60 kg de café arábica, 12,4% a menos que em 2024/25. A produção total é estimada em 51,8 milhões de sacas (arábica e robusta), 4,4% a menos que a temporada anterior.
Colaboradores consultados pelo Cepea têm relatado certa dificuldade em estimar um número mais preciso sobre a produção de arábica. No geral, as previsões divergem entre os agentes.
Na véspera, a exportadora Comexim estimou a safra do Brasil neste ano em 63,2 milhões de sacas de 60 kg, 1,8% abaixo da safra de 2024, com um forte aumento na safra de robusta compensando parcialmente um recuo de 12% do arábica. As projeções do mercado geralmente espelham números maiores que os da Conab, vistos como subestimados.