Então, como Guichard traduziu esses conceitos em um perfume? “O briefing falava muito sobre um homem que evolui, forte e ao mesmo tempo sensível”, diz o perfumista sobre a orientação que recebeu de Tisci. “Era também sobre um homem correndo pela natureza, em torno dos elementos. Então me perguntei: o que é a Burberry? Fui à loja, porque queria conhecer as pessoas que compram roupas da marca. Claro, também olhei para o trabalho de Riccardo Tisci, por quem eu já era um grande fã. Na verdade, ele resume a própria imagem [da Burberry].”
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Como cada cedro tem seu próprio perfil olfativo baseado em sua origem, foi um desafio elaborar a combinação perfeita. Foram necessárias mais de 100 tentativas para obter a mistura dos três na medida certa. “Existem diferentes elementos que influenciam a qualidade de um ingrediente – o solo, o clima”, explica o perfumista. “Mas também tem o tratamento e a forma como é extraído. Com a madeira da Virgínia, dá para sentir as diferentes características, como mais ou menos secas ou frescas. O que procuro no óleo de cedro dessa região é a verdadeira qualidade amadeirada e vibrante. Queria que a fragrância tivesse um tipo de sensualidade – porque um corpo musculoso é ótimo, mas a sensibilidade também é importante. Você pode ser sensível e forte. O óleo de Atlas traz a suavidade e elementos de conforto. Combina perfeitamente porque dá a percepção de que existe apenas um ingrediente. Já o cedro do Himalaia traz uma intensidade enigmática, muita complexidade. É perfeito com os outros dois porque tem componentes em comum que são de fácil entendimento. Mas é como uma ilusão, porque você tem a sensação de que está sentindo o cheiro de um cedro novo.”
A adição de bergamota da Itália trouxe o equilíbrio perfeito. “O que me interessava muito era trazer algo mais mediterrâneo”, conta Guichard. “Um ingrediente simples e bonito, que é perceptível logo que você cheira a fragrância. Dá para sentir a textura dele.”
Perfumista de oitava geração, Guichard estava pronto para o desafio de criar o Burberry Hero. O nativo da cidade francesa de Grasse é filho de um pai perfumista e de uma mãe escultora. Como criador de muitos perfumes icônicos, incluindo Gucci Guilty Pour Homme, ele é o único perfumista do mundo a possuir, produzir e usar seu próprio campo de rosas, jasmim e verbena. Suas plantações incluem três árvores centenárias de cedro do Atlas, que também inspiraram o Burberry Hero.
“Cresci cercado de matéria-prima porque meus avós cultivavam rosas, jasmim e verbena, e rodeado por artistas e pessoas que tinham uma imagem muito positiva de seu trabalho”, diz ele. “Foi lindo poder me expressar através do perfume. O que mais adoro no meu trabalho é interagir com pessoas de diferentes históricos, origens e partes do mundo. O que é bonito nos perfumes é que todos nós temos um sentimento individual em relação a eles. Não pretendo que todos se sintam da mesma forma que eu quando falo sobre uma fragrância que criei para eles. Cada um tem uma forma única de apreciá-la.”
A paixão e a procura do francês pela singularidade estão infundidas em cada gota do Burberry Hero. “Sempre há uma busca quando você é um perfumista”, afirma ele. “Não é criar algo único para ser diferente, mas é essa ponte entre universalidade e excentricidade. Nós realmente queremos que as pessoas apreciem o que temos com o Hero”, finaliza.
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