A informação sobre o atraso consta de ofício enviado pela Fiocruz ao Ministério Público Federal (MPF) no âmbito de apuração dos procuradores sobre o andamento dos trabalhos para a vacinação no país contra a Covid-19, informaram a Fiocruz e o MPF.
O princípio ativo, no entanto, ainda não foi liberado para exportação pelo governo chinês, em meio a uma soma de questões burocráticas e necessidade da China de suprir seu próprio mercado com vacinas, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.
Além disso, as relações entre Brasil e China passam por um mau momento durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, que criticou diversas vezes a vacina chinesa CoronaVac –atualmente a única disponível no Brasil– e também irritou a China por sua intenção de bloquear a chinesa Huawei de participar no fornecimento de equipamentos 5G no Brasil.
No ofício ao MPF, a Fiocruz informa que a chegada do IFA está prevista para 23 de janeiro e que estima que as primeiras doses serão disponibilizadas ao Ministério da Saúde no início de março.
Em nota, a fundação disse que, apesar do atraso, segue com o compromisso de entregar 50 milhões de doses até abril, de um total de 210,4 milhões este ano.
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De acordo com a Fiocruz, serão necessárias de três a quatro semanas para a entrega do primeiro lote de vacinas após a chegada do IFA: uma semana para a produção e as demais para controle de qualidade e documentação.
A Fiocruz já havia adiado a apresentação do pedido final de registro da vacina junto à Anvisa, que estava previsto para 15 de janeiro. A fundação disse que espera agendar reunião nesta semana com a agência para fazer o pedido de registro definitivo.
Diante dos atrasos, a Fiocruz e o Ministério da Saúde tentam viabilizar a importação de 2 milhões de doses prontas da vacina da AstraZeneca produzidas pelo Instituto Serum, da Índia, mas também têm enfrentando atrasos.
O avião que deveria ter decolado na semana passada para buscar os imunizantes no país asiático ainda não decolou, uma vez que a Índia tem priorizado a vacinação de sua própria população. Ontem (19), a Índia anunciou que começará a exportar a vacina hoje (20), mas os primeiros lotes irão para países vizinhos.
A vacina produzida na Índia recebeu autorização para uso emergencial da Anvisa no domingo (17), assim como a CoronaVac, da chinesa Sinovac, que já começou a ser aplicada no país.
POUCAS DOSES
O Brasil depende da produção de vacinas da Fiocruz para conseguir vacinar em massa a população.
Apenas para vacinar os três grupos prioritários –trabalhadores de saúde, idosos, indígenas e pessoas com morbidades– são necessárias 104,2 milhões de doses de vacina, para um total de 49,6 milhões de pessoas, de acordo com o plano de vacinação do governo federal.
Atualmente o Brasil dispõe de 10,8 milhões de doses da vacina da Sinovac.
A previsão da Fiocruz é produzir 100,4 milhões de doses com os insumos importados no primeiro semestre, e outros 110 milhões na segunda metade do ano já com insumo próprio, mediante acordo de transferência de tecnologia.
Segundo a AstraZeneca, o compromisso da empresa era entregar insumos para 15 milhões de doses entre janeiro e fevereiro, em um total de 100 milhões no primeiro semestre. A empresa acrescentou, em nota, que “continua trabalhando para liberar os lotes planejados de IFA para a vacina o mais rápido possível”.
Sem a vacina da Fiocruz, o Brasil iniciou a imunização esta semana com a vacina da chinesa Sinovac, que é parceira do Instituto Butantan.
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Os insumos do Butantan, no entanto, se esgotaram e o instituto agora também depende da exportação pela China. O presidente do Butantan, Dimas Covas, cobrou ontem de Bolsonaro que atue para agilizar a liberação do produto pelo governo chinês. (Com Reuters)
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