A companhia indiana de aluguel de carros, Myles, está provando que, quando se trata de carros, a próxima geração do país pensa diferente de seus pais. A indústria automotiva indiana é uma das maiores do mundo. Com mais de 40 milhões de veículos nas ruas atualmente, ela representa quase 7% do PIB do país.
“O mercado indiano de aluguel de carros é completamente diferente de qualquer outro lugar”, diz a fundadora e CEO da Myles, Sakshi Vij, que fundou sua companhia no final de 2013 motivada pelo número crescente de congestionamentos nas cidades indianas.
LEIA MAIS: Mídia chinesa desmascara ônibus que dribla congestionamento
O objetivo dela é começar uma revolução no jeito que os indianos dirigem. Enquanto as companhias de aluguel de carros do país fornecem veículos com motoristas, a Myles oferece apenas o carro e os clientes têm a oportunidade de dirigi-los.
É muito comum ter motorista na Índia, para evitar o desperdício de tempo em cidades com pouca infraestrutura de estacionamento e o tempo gasto no volante no tráfego congestionado.
LEIA MAIS: 4 tesouros para aproveitar a Ásia
“Se quisermos construir cidades mais inteligentes no futuro, o conceito de propriedade privada de carros precisará ser substituído por uma noção de propriedade compartilhada”, diz Vij. “Essa é exatamente a mudança que a Myles quer provocar.”
Vij é uma rara empresária no meio dos inúmeros homens no setor do transporte. Sua companhia é fruto da empresa de aluguel de carros de seus pais, Carzonrent, fundada pelo seu pai, Rajiv Vij, em 2001. Porém, ela está seguindo um caminho diferente. Ela é parte da indústria do transporte há nove anos, e representou a empresa de aluguel de carros, Hertz, na sua chegada à Índia.
LEIA MAIS: Cidade indiana aposta em táxis do futuro para driblar trânsito
Ela diz que a procura por alternativas para a posse de carros é alta na Índia, e que sua plataforma tem provado isso. Sua versão de teste do conceito no final de 2013 viu o número de carros que devia servir para o mês inteiro ser vendido aos locatários em três dias.
Um relatório da Capgemini indicou que, em países emergentes como a Índia, há uma parcela de 59% de respostas positivas aos meios alternativos em relação à aquisição do carro próprio, enquanto em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa, a média é de 25 a 30%.
LEIA MAIS: Estreia de filme de astro indiano faz empresas declararem feriado
Myles trabalha com carros fornecidos em colaborações com operadores de frotas de táxi, vendedores de carros e fabricantes. Com 1.000 carros à disposição dos clientes, o serviço está presente em 21 cidades da Índia, e oferece benefícios raros no país, como sistema de GPS e assistência remota nas estradas.
De 15 a 20% dos clientes da Myles são turistas estrangeiros ou visitantes, diz Vij. Porém, eles não são os únicos. Os concorrentes incluem as startups Zoomcar e JustRide, cujas sedes são, respectivamente, em Bangalore e Mumbai. Além da estrangeira Avis.
LEIA MAIS: Sobreviventes de abuso sexual na Índia usam Snapchat para contar casos
“Com o crescimento no interesse do consumidor no aluguel de carros sem motorista, nós esperamos, sim, que empresas estrangeiras entrem no mercado,” diz Vij. “O benefício de ser uma empresa indiana é que sabemos o que o povo do nosso país quer.” Ela também espera transformar a empresa em uma companhia internacional em três ou quatro anos.
“Nosso objetivo é ser um ecossistema alternativo para a aquisição de carros. As médias globais sugerem que todo carro adicionado a uma rede de compartilhamento de carros pode substituir de 20 a 25 veículos pessoais.”
LEIA MAIS: 10 países que mais doam para a ONU
“Acho que acabamos de arranhar a superfície – a indústria do transporte na Índia continua desorganizada e lotada”, afirma. “A necessidade de um transporte tanto pessoal quanto público vem crescendo. A tecnologia está desenvolvendo um papel crítico nessa situação e é um foco para que nós consigamos fazer esse crescimento continuar em um bom ritmo”, diz.