Com o objetivo de minimizar os efeitos de falsos rumores nos debates políticos e sociais, o Facebook vai iniciar na Alemanha o teste de uma ferramenta que filtra notícias falsas. Isso vai ocorrer ao mesmo tempo das eleições federais do país, que vão ocorrer nos próximos meses.
O desenvolvimento dessa nova ferramenta pode ter sido motivado pelo medo da proposta de lei na Alemanha que pretendia cobrar uma quantia de €500.000 (aproximadamente US$ 523.320) da companhia por cada notícia falsa publicada que não fosse removida dentro de 24 horas.
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Com o novo sistema, os usuários da rede na Alemanha poderão nas próximas semanas relatar uma história como falsa, de acordo com o jornal inglês “Financial Times”. O caso será levado para a Correctiv, organização independente de Berlim, que vai checar esses fatos. Se eles julgarem a história como não confiável, ela será sinalizada.
No entanto, as pessoas não serão impedidas de compartilhar a notícia na rede social, mas elas vão receber um aviso. O artigo também terá uma visibilidade menor e não será priorizado pelo algoritmo do feed de notícias.
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Em dezembro, o Facebook introduziu uma ferramenta similar nos Estados Unidos, tendo organizações de notícias como a ABC News e a AP como parceiras, além de grupos de checagem de fatos como o Politifact, o Snopes e o FactCheck para verificar histórias controversas.
A iniciativa foi lançada após inúmeras reclamações de que a dissipação de histórias falsas afetou a eleição presidencial norte-americana, gerando a vitória do candidato republicano Donald Trump.
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Na Alemanha, os políticos estão preocupados que as histórias falsas sobre migrantes e refugiados possam aumentar a popularidade e o número de partidos populistas, gerando ódio contra os estrangeiros.
Em janeiro do ano passado, por exemplo, uma história sobre uma jovem alemã chamada Lisa, que foi estuprada por um grupo de migrantes, se tornou viral. Entretanto, após um período, a adolescente admitiu que inventou as alegações.
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Recentemente a situação se tornou ainda pior. O governo da Alemanha alertou na semana passada “uma difusão sem precedentes de notícias falsas online”. Em uma entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, Steffen Seibert, porta-voz do governo, afirmou que as autoridades estavam lidando com um fenômeno de dimensões “nunca vistas antes” na Alemanha.
Há também o grande medo de que a Rússia possa tentar influenciar e orientar o processo democrático no país através de operações de ciberguerra e propaganda cibernética. A situação ficou ainda pior quando, no início deste mês, um relatório desclassificado pela inteligência dos Estados Unidos afirmou que o presidente Putin ordenou uma campanha de influência em 2016 destinada à eleição presidencial dos EUA.