Na esteira dos mais recentes escândalos do Facebook, o CEO da rede social, Mark Zuckerberg, enfrenta agora relatos de que teria parabenizado por telefone, em 2016, Donald Trump, após a extensa e significativa colaboração de marketing entre o Facebook e campanha do atual presidente dos EUA.
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Ontem (19), o site BuzzFeed.News publicou um artigo com uma série de novos detalhes sobre o trabalho do Facebook relacionado à eleição de Trump, bem como outros pontos recentes e um pouco mais conhecidos do caso.
Entre outras coisas, a reportagem afirma que antigos funcionários do Facebook e colaboradores da campanha Trump descreveram uma relação de trabalho rica e produtiva entre os dois grupos antes da eleição presidencial de 2016, que até hoje continua a ter um grande impacto dentro da empresa.
Segundo o artigo, a natureza fértil e revolucionária da colaboração do Facebook com a campanha de Trump também é evidente em um documento interno da empresa, que supostamente tem utilizado insights de sua experiência na corrida eleitoral desde então.
Os repórteres Ryan Mac e Charlie Warzel escrevem: “Além de entrevistas com funcionários da campanha de Trump e com antigos membros da equipe do Facebook, o BuzzFeed obteve apresentações e memorandos da empresa que mostram que a rede social viu a campanha do atual presidente dos EUA como inovadora e de rápida resposta, um valioso teste de marketing”.
A campanha de Trump conseguiu, por exemplo, influenciar intenções de voto por meio de publicidade no Facebook, com uma abordagem de testes rápidos, segundo uma nota da equipe de marketing da rede social de 2017 sobre o modelo de marketing “Test, Learn, Adapt”, que estudou a estratégia de propaganda do candidato para impulsionar doações e participação dos eleitores.
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Segundo a reportagem, a empresa aplicou as lições que aprendeu com a campanha de Trump em seu atual investimento multimilionário, “Here Now”, para acalmar as preocupações de privacidade dos usuários e o excesso de desinformação que atravessa a plataforma e incluem o marketing na própria plataforma do Facebook.
O Facebook teria dito ao BuzzFeed que ofereceu o mesmo nível de apoio a ambas as campanhas presidenciais, o que ecoou o depoimento de Zuckerberg ao Congressos dos EUA em abril, mas que a equipe de Hillary Clinton optou por não participar.
Katie Harbath, diretora de política global do Facebook e de divulgação governamental, também falou ao site, por meio de um comunicado: “Enquanto oferecemos insights sobre como nossos produtos funcionam e fornecem suporte técnico, as campanhas tomam suas próprias decisões sobre como usar nossas ferramentas”.
O relatório apoia a ideia (verossímil) de que a campanha de Hillary em 2016 não tentou otimizar o marketing de rede social com nenhum esforço significativo.
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Mas talvez o detalhe mais instigante da reportagem seja sobre como, no final de 2016, Zuckerberg teria feito “uma ligação secreta, antes do anúncio do resultado das eleições, na qual parabenizou a equipe de Trump pela vitória e pela campanha de sucesso, que gastou milhões de dólares em publicidade com o Facebook”.
Ontem, Zuckerberg voltou a ser criticado por comentar durante uma entrevista que usuários que negam o holocausto também deveriam ter um lugar em sua plataforma. Como a National Public Radio observou, as distinções do Facebook em torno do que é e o que não é adequado para a plataforma muitas vezes se resumem às intenções das postagens, se elas pretendiam causar algum tipo de dano, por exemplo, ou não. A questão é que alguns usuários do Facebook causam danos de qualquer forma.
O Facebook foi procurado pela equipe de FORBES.com para comentar esta reportagem, mas não se pronunciou até a publicação.