O terremoto da inovação em cinco áreas

9 de fevereiro de 2020
Sompong Rattanakunchon/Getty Images

A área do trabalho será uma que sofrerá um terremoto na próxima década

Usando placas tectônicas como metáfora, o sócio da KPMG, Oliver Cunningham, prevê um abalo sísmico no tema inovação na próxima década: “Será difícil separar o agro do que acontece na cidade, por exemplo. O paradigma fundamental movimentando as áreas será o mesmo.”

O epicentro desse terremoto estará no aumento exponencial da capacidade de processamento de dados, na escalabilidade da computação em nuvem e no modelo pós-industrial de negócios colaborativos.

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A tecnologia trará as ferramentas, mas a verdadeira transformação será cultural, diz o especialista: “Teremos que dar um salto de fé, entendendo que precisaremos de um novo modelo mental”. Cunningham crê que, em 2030, estaremos mais aptos a correr riscos como requisito para inovar. “Quem inova com mais facilidade hoje já viu a ameaça bater à porta. Em dez anos, teremos uma quantidade maior de pessoas que enxergam mais longe.”

Veja, na galeria de fotos abaixo, como a inovação influenciará cinco áreas:

1. Alimentação A produção de cereais, carne e leite não acompanhará a demanda da população mundial (8,3 bilhões em 2030), segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A América Latina precisará de 120 milhões de hectares de plantações a mais para a produção de alimentos, que em grande parte virá de áreas florestais, além de mais água. Ciência de dados reduzirá a necessidade de ocupação de terras e o impacto ambiental, segundo Mariana Vasconcelos, da Agrosmart – que usa inteligência artificial para controlar colheita, irrigação e plantio e prever doenças na lavoura. “Não adiantará só produzir mais. Teremos que fazer isso de forma sustentável”, diz ela. Recursos naturais limitados vão provocar a reinvenção de alimentos com novos materiais, segundo a Accenture. A RethinkX aponta que a agricultura celular, onde a comida é projetada em nível molecular, distribuída em bancos de dados e acessada por designers de alimentos em qualquer lugar, substituirá sistemas convencionais de agricultura em menos de uma década. more
2. Mobilidade Quando veículos totalmente autônomos chegarem às ruas, eles não serão mais carros. A visão do empreendedor cultural Simon Caspersen traduz o desafio do setor automobilístico. Segundo a consultoria McKinsey, um em cada dez carros vendidos em 2030 será compartilhado e 15% serão totalmente autônomos. Nesse cenário, o setor buscará ressignificar o automóvel como uma plataforma aberta de desenvolvimento, tal como aconteceu com os smartphones, diz Breno Kamei, diretor de portfólio, pesquisa e inteligência competitiva na FCA América Latina da Fiat Chrysler Automobiles. “Mais que mobilidade, o carro conectado ampliará possibilidades para simplificar tarefas cotidianas e será o ponto de partida para grandes transformações na jornada do consumidor.”more
3. Habitação O lar, doce lar deve ser transformado na próxima década por forças como crescimento populacional, demanda por habitação acessível e mudanças comportamentais e tecnológicas. Robôs e impressão 3D serão itens comuns em canteiros de obras e em produção de mobiliário, como resposta à baixa produtividade e escassez de mão de obra humana. Equipamentos de smart home estarão massificados, com itens como interruptores substituídos por voz. Em 2030, dois terços de nós viveremos em grandes centros urbanos e 43% dos domicílios globais terão uma ou duas pessoas, aumentando demanda por espaços menores e mais funcionais pelos que comprarem um imóvel, segundo o Boston Consulting Group (BCG). O compartilhamento de espaços terá se consolidado, bem como assinaturas de habitação-como-serviço, com a inclusão de produtos e facilidades.more
4. Trabalho Relações de trabalho sofrerão o impacto simultâneo da urbanização, flexibilidade e modelos descentralizados de produção. O trabalho terá sido desagregado em tarefas especializadas entregues por plataformas e não haverá um lugar fixo de trabalho, segundo o Centro Europeu de Estratégia Política. A automação trará declínio econômico para a maioria da população, e humanos poderão desempenhar tarefas que antes eram voluntárias. A fundação Nesta prevê a valorização do perfil sociotécnico, que alia a habilidade de trabalhar com conexões e feedback constante a competências cognitivas avançadas, em áreas como psicologia e filosofia. “Treinamento multidisciplinar, contínuo e determinado pelo próprio indivíduo, e não pelo empregador, será a regra”, diz o antropólogo e designer instrucional Tim Lucas, da Hyper Island.more
5. Saúde A análise intensiva de dados sobre como cuidamos de nossa saúde significará que, em pouco mais de uma década, hospitais se assemelharão a “pit stops da Nascar, onde pacientes serão consertados e colocados de volta na pista”, segundo Melanie Walker, conselheira sênior do Banco Mundial. Prevenção e intervenção em estágios iniciais de doenças com base em dados serão a ordem nos setores público e privado, para reduzir o custo de serviços e atender a demandas por tratamento personalizado. Big techs como Google, Amazon e Facebook se beneficiarão disso, com sistemas e produtos de monitoramento de saúde vestíveis, segundo a PwC. A PA Consulting prevê que robôs para companhia e assistência de uma população mais idosa e solitária serão comuns.more

Reportagem publicada na edição 72, lançada em outubro de 2019

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