Como a Escudo Rojo, braço da Baron Philippe de Rothschild, faz vinhos “à francesa” no Chile

8 de dezembro de 2020
Getty Images

Uva cabernet sauvignon é foco da Escudo Rojo, no Chile

“Às vezes, no Chile, cultiva-se a homogeneidade. Nós cultivamos a diferença.” É o que diz Emmanuel Riffaud, enólogo da Escudo Rojo a respeito da produção “à francesa” da vinícola chilena. A bodega, fundada em 1999, faz parte da icônica maison de Bordeaux Baron Philippe de Rothschild. O nome Escudo Rojo é uma homenagem aos Rothschild, já que, em alemão, a expressão “rote schild” significa exatamente “escudo vermelho”.

Segundo ele, o grande trunfo da Escudo Rojo –situada no Vale do Maipo, região central chilena conhecida pela produção de cabernet sauvignon, assim como Bordeaux–, é a visão “bordelaise” sobre seus vinhos. “Mais do que francês, é Rothschild”, comenta sobre o jeito de produzir as bebidas.

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A palavra-chave para quem quer entender o que a vinícola oferece é “micro”. Rifaud ressalta que preza pelos microterroirs, parcelas pequenas de até dois metros quadrados, destacadas dentro de cada lote. “Conseguimos encontrar condições diferentes de solo em espaços muito pequenos”, fala, destacando que, assim como na França, a produção da Escudo Rojo é “limitada”. Nos 60 hectares, planta-se principalmente cabernet sauvignon, e há rótulos cuja produção não passa de mil caixas por ano.

Para fazer vinhos como o Escudo Rojo Origine Cabernet Sauvignon (R$ 258, no e-commerce da World Wine, responsável pela importação da marca no Brasil), ele lança mão do que chama de estilo de vinificação “à francesa”. “Degustamos todos os lotes, todos os dias. Fazemos colheitas com maturação diferente para extrair mais fruta ou mais tanino”, explica. “Trabalhamos com microassemblages.” Ou seja, pequenas misturas de vinho de vários lotes, mesmo para fazer um varietal.

A empresa, que decidiu fazer do mercado brasileiro novamente um foco no ano passado, está fortalecendo suas ações no país e tentando se aproximar do consumidor local. Além do lançamento de rótulos como Origine e Gran Reserva, deve chegar ao país ainda neste ano uma novidade da Escudo Rojo. O Baronesa P –vinho de corte de edição limitada com predominância de cabernet sauvignon, que homenageia a baronesa Philippine de Rothschild, morta em 2014– alcançou 97 pontos no ranking James Sucking e deverá ser vendido por cerca de R$ 550.

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Exclusivo: Obra de Tarsila do Amaral vira rótulo de vinho nacional

A holding de bebidas Ohca, a vinícola Lídio Carraro e Tarsila do Amaral acabam de se unir para o lançamento do Vinho 22 Tarsila, uma linha inspirada na obra da artista modernista. Os rótulos fazem alusão a obras da pintora assim como à Semana de 22 (que nomeia a própria marca). “Abaporu” ilustra o branco, “Antropofagia” o rosé e “A Lua” o tinto. A linha é considerada premium, e os vinhos terão preço médio de R$ 100 –valor alto para o ticket do brasileiro, mas baixo quando se leva em consideração as quantias gastas por grandes apreciadores de vinho em rótulos aclamados.

A missão da marca, no entanto, é exatamente descomplicar, com preço acessível e comercialização digital, tônicas da nova era. “Algumas pesquisas nos ajudaram a entender melhor os pontos mal atendidos na categoria, especialmente para o público jovem. Grande parte desses consumidores se sente excluído dos códigos dos vinhos, que são majoritariamente datados e elitistas. Descrições com nomes franceses, terroir, rituais de oxigenação na taça e afins impedem a criação de um vínculo com as marcas – o que torna somente o preço a base de decisão de compra’’, explica Guilherme Melo, cofundador da Ohca.

Para Tarsila do Amaral, sobrinha-neta da artista que teve participação ativa na parceria, a união das marcas é uma ótima alternativa para levar as obras da pintora para além do segmento intelectual. “Muitos acreditam que só se consome vinho quem entende bem de vinho. Isso acontece com a arte também. Tenho dificuldades de ampliar a visibilidade das obras, especialmente perante o público jovem. Enxergo nessa parceria uma oportunidade de quebrar essa barreira e aumentar a conexão das novas gerações com as obras da minha tia’’, pontua.

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Don Melchor 2018 tem 100 pontos no James Suckling

A excepcional safra 2018 do vinho ícone da Concha y Toro chegou ao Brasil no último mês. “A perseverança na busca pela melhor expressão e qualidade nos permitiu obter em 2018 o que chamamos de uma safra perfeita”, diz Enrique Tirado, enólogo responsável por Don Melchor há mais de 20 anos. “Os vinhos são muito expressivos, com a maturidade precisa, resgatando toda a expressão da fruta do Cabernet Sauvignon e do Cabernet Franc. Vinhos concentrados, porém com taninos muito macios e elegantes. Vinhos que mostram diferentes camadas de aromas e sabores e que, quando reunidas na mistura final de Don Melchor 2018, conseguem produzir essa emoção única que pode apenas ser percebida em grandes vinhos e em grandes safras.”

A safra 2018 do vinho produzido no Puente Alto, no Chile, rendeu a Don Melchor a primeira pontuação máxima no ranking James Suckling da sua história. A marca não informou preço sugerido do vinho no Brasil, mas o valor do rótulo normalmente gira em torno de R$ 800.

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Eno Cultura promove workshop gratuito de vinhos chilenos

Acontece na quinta (10), às 19h, o workshop “Chilean Wine Live Fest – Produtores Emergentes”. A aula online e gratuita é promovida pela escola paulistana Eno Cultura. O encontro acontecerá simultaneamente em várias cidades. Os participantes terão em mãos oito amostras de vinhos de quatro produtores chilenos: Erasmo, OWM, BOWINES e La Recova. As inscrições são limitadas e os envios de amostras restritos a moradores da cidade de São Paulo. Reservas pelo e-mail: shirley@legnani.com.br

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